
A inversão de sentidos de trânsito automóvel na zona central e mais conhecida da Alameda dos Oceanos, entre as rotundas dos Vice-Reis e República Argentina, tem servido de bloqueio ao chamado tráfego de atravessamento, conservando níveis baixos de ruído e de poluição que permitem um agradável usufruto do espaço público por peões e ciclistas. No entanto, no passado dia 20 de Novembro, a Junta de Freguesia do Parque das Nações anunciou e concretizou a anulação dessas medidas de acalmia de tráfego. Uma petição de cidadãos pede agora que volte a ser tudo como era dantes.
“Na Alameda dos Oceanos, o trajeto entre a rotunda dos Vice-Reis até à rotunda República Argentina passou a ser circulável em toda a sua extensão e de forma continuada”, escreveu a Junta de Freguesia no Facebook, revelando que a medida resulta de uma proposta feita pela própria à Câmara em Julho e que “permitirá uma melhor ligação dos residentes entre as zonas norte e sul da freguesia”. “Nesta via mantém-se a limitação de velocidade de circulação a 20 km por hora e está interdita a veículos ou conjunto de veículos com comprimento superior a 10 metros”, acrescenta.
Entretanto, uma petição online pede que a Alameda dos Oceanos volte a ser para as pessoas, lembrando palavras de António Mega Ferreira, escritor, jornalista e antigo antigo presidente da Parque Expo, numa entrevista – com a Expo 98 a valorização do espaço público “passou a ser um conceito urbano. As populações meteram na cabeça que o espaço público (um jardim, uma rua, uma ciclovia) é tão importante como a casa onde vivem”.
Os promotores da petição consideram a reabertura da Alameda dos Oceanos ao tráfego de atravessamento “uma regressão inconsequente e degradante”, incompatível com a preservação do antigo recinto da Expo 98 como “espaço de excelência para as pessoas”. “O tráfego automóvel excessivo estraga a vida dos bairros porque restringe a liberdade dos vulneráveis de circularem livremente nas nossas ruas e causa poluição e ruído sobre todos”, escrevem, lembrando que o século XX ficou marcado pela emergência do uso do automóvel e pela degradação do espaço público.
Segundo a petição, a medida aplicada pela Junta de Freguesia “degrada o espaço do troço central da Alameda dos Oceanos, recinto da Expo 98, através de um ruído e poluição permanentes e conflitos com peões. Os anos em que esta Alameda voltou a deixar de ter tráfego de atravessamento foram anos de recuperação da sua vitalidade e uso pelas pessoas, facto que agora voltará a regredir pela presença constante do tráfego.” Além disso, “atrai ainda mais tráfego de atravessamento para os troços norte e sul da Alameda dos Oceanos, que entre muitas outras coisas inclui caminhos estruturantes para as escolas aqui existentes. É exigível para a boa vivência do bairro por residentes e trabalhadores, por crianças e reformados, por visitantes e pessoas de mobilidade reduzida, que o atravessamento automóvel se faça exclusivamente nas vias desenhadas para esse efeito, ou seja, a Av. Infante D. Henrique e a Av. D. João II.”