
A maioria das pessoas está satisfeita com a actuação da Câmara Municipal de Lisboa no que toca às ciclovias. 60% dos inquiridos atribuem uma classificação de “muito bem” ou “bem”, e apenas 31% avaliam essa actuação negativamente, segundo a sondagem ISCTE/ICS feita para a SIC/Expresso. A mesma sondagem coloca ainda Fernando Medina, candidato e actual Presidente da CML, à frente do seu principal adversário, Carlos Moedas, ainda que com uma distância mais curta em relação à primeira sondagem realizada em Abril.

Entre 2017 e 2020, a utilização da bicicleta na cidade de Lisboa terá aumentado 138%, de acordo com as contagens realizadas pelo Instituto Superior Técnico para a Câmara Municipal de Lisboa. Já a infraestrutura aumentou de cerca de 90 km para 125 km no final de 2020 e cerca de 150 km à data deste artigo. Em 2017, o ano das últimas eleições autárquicas, ainda não havia um sistema público de bicicletas partilhadas em Lisboa, a GIRA.
Moedas coloca ciclovias na campanha
O tema das ciclovias tem vindo a marcar o debate no espaço público, não só online mas também offline, e vai ser um dos assuntos fortes das próximas eleições autárquicas, marcadas para depois do Verão. Moedas colocou este mês um cartaz na Avenida Almirante Reis com a mensagem: “Ciclovias mal planeadas aumentam os engarrafamentos e os acidentes. Ainda quer votar Medina?”. Moedas tem sido um opositor à ciclovia da Avenida Almirante Reis.

Numa entrevista ao Público, em Abril, depois da primeira sondagem, o candidato que encabeça a coligação de direita Novos Tempos pelo PSD e CDS disse que “se eu for presidente, não há ciclovia na Almirante Reis. Ela está a criar mais poluição, temos as ambulâncias e autocarros que não conseguem parar. Ali não conseguimos fazer, mas temos ruas paralelas, podemos fazer ciclovias noutras ruas, podemos repensar o modelo”. Moedas acrescentou: “Mas isto não quer dizer que eu não queira mais ciclovias em Lisboa, quero é pensá-las de outra maneira. Temos de ter um silo automóvel em cada freguesia, isto parece-me óbvio.”
No seu programa autárquico, lançado neste mês de Julho, Carlos Moedas concretiza as declarações dadas ao jornal Público e propõe:
“Redesenhar a rede ciclável de Lisboa com enfoque na segurança, no conforto e na funcionalidade para os ciclistas e os peões, eliminando ciclovias com problemas, como seja a da Almirante Reis e desenhando-se alternativas viáveis.”
– Programa Novos Tempos
Por seu lado, o Mais Lisboa, a coligação encabeçada por Fernando Medina e que junta à esquerda o PS, Livre e as associações cívicas Cidadãos Por Lisboa e Lisboa É Muita Gente, ainda não apresentou o seu programa eleitoral, mas no acordo que permitiu a coligação entre o PS e Livre é mencionada a vontade de promover a segurança rodoviária e o uso da bicicleta:
“Dar prioridade à segurança rodoviária com o objetivo de eliminar as mortes dentro da cidade (…), priorizando a circulação dos peões, utilizadores de mobilidade suave e transportes públicos, (…) e garantindo nas vias de hierarquia superior a segregação das vias utilizadas por veículos automóveis, bicicletas e peões.”
– Um Novo Pacto Verde para Lisboa, acordo de Coligação PS e Livre
Paralelamente, Medina tem garantido que a política de transformação do espaço público – que inclui a aposta numa rede ciclável como alternativa de mobilidade – é para manter no próximo mandato. Numa entrevista recente à RTP, Medina referiu que “termos uma rede ciclável segura, segregada, como na Marechal Gomes da Costa, é uma condição essencial para termos mais pessoas a andar de bicicleta” e “aumentar o numero de pessoas que usa a bicicleta é bom para todos, incluindo para aqueles que têm todos os dias de andar de carro, porque são pessoas que deixam de andar de carro e passam a usar a bicicleta – se não todos os dias, alguns dias. É bom para o congestionamento, é bom para o estacionamento”. Medina acrescentou que há “uma obrigação moral” de diminuir as mortes associadas à poluição e de agir perante as alterações climáticas, “com transporte colectivo, com ciclovias e com um sistema de mobilidade em que as pessoas tenham mais opção para escolher”.
A sondagem ISCTE/ICS feita para a SIC/Expresso teve como amostra 803 entrevistas, directas e pessoais na residência dos inquiridos. A amostra foi construída de forma aleatória e as respostas foram recolhidas entre entre os dias 3 e 18 de Julho. Podes consultar o relatório da sondagem em baixo, juntamente com o questionário realizado.
A sondagem dá uma vitória a Fernando Medina com a mesmíssima percentagem obtida em 2017: 42%. Moedas aproxima-se de Medina com 31% das intenções de voto dos inquiridos – resultado que corresponde praticamente à soma dos votos obtidos pelos candidatos do CDS e do PSD nas últimas eleições, como escreve o jornal Expresso. Em Abril, a primeira sondagem eleitoral sobre Lisboa, realizada pela Intercampus para o semanário Novo, dava 46,6% a Medina e 25,7% a Moedas. Esses dados terão levado Moedas a mudar de estratégia.
