O Metro já pára em Arroios. As imagens da estação renovada e ampliada

A estação de Arroios, na Linha Verde do Metro de Lisboa reabriu esta terça-feira totalmente remodelada, agora com capacidade para receber comboios de seis carruagens e dotada de elevadores que lhe conferem acessibilidade plena.

Fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas

7h45. O Ministro do Ambiente chega à renovada estação de Arroios. Sai por uma porta, dois agentes da PSP por outra para não aparecerem nas câmaras da comunicação social, que estavam estrategicamente colocadas para apanharem o ministro — os repórteres de imagem tinham recebido um sinal prévio de onde iria parar o metro e de que porta sairia o governante que detém, dentro da pasta do seu ministério, a gestão do Metro de Lisboa.

João Pedro Matos Fernandes veio inaugurar a renovada e ampliada estação de Metro de Arroios. Ao lado do Presidente do Conselho de Administração do Metro de Lisboa, Vitor Domingues dos Santos, fez como que conversa de circunstância sobre o que tinha mudado e o que estava diferente, apontando para aqui e ali para, gestos que ficam sempre bem nas câmaras. Mal dava para perceber o que dizia, a máscara não ajudava. Matos Fernandes percorreu um do lados do cais, depois o outro, subiu a um dos átrios da estação e depois ao outro. Foi lá fora um bocadinho para poder tirar a máscara e respirar um bocado. Estava a chuviscar e por isso não saiu muito da estação. A visita terminou com uma sessão e declaração aos jornalistas. O Ministro terá seguido depois para a estação de Baixa-Chiado.

A estação de Arroios, na Linha Verde do Metro de Lisboa reabriu esta terça-feira totalmente remodelada, agora com capacidade para receber comboios de seis carruagens e dotada de elevadores que lhe conferem acessibilidade plena. Com um investimento de 6,67 milhões de euros, a empreitada agora finalizada com dois anos de atraso incluiu, também, a remodelação dos átrios, abrangendo a reorganização dos espaços de apoio à exploração.

Com a reabertura da estação de Arroios, o Metro de Lisboa passa a ter 41 estações (das 56 existentes) dotadas de acessibilidade plena, isto é, dispõem de acesso entre a superfície e o cais de embarque para pessoas com mobilidade reduzida, o que corresponde a 73,2% da totalidade das estações da rede. O Metro está neste momento a investir na introdução de elevadores nas estações de Cidade Universitária e Entre Campos, ambas na Linha Amarela.

O prolongamento do cais foi feito de cada um dos lados da estação, em vez de apenas numa das partes, como aconteceu com o alargamento de outras estações (por exemplo, a do Areeiro). A solução encontrada permite receber comboios de seis carruagens mas, em cada ponta da estação, a plataforma é estreita e pode obrigar a alguma ginástica por parte de alguns passageiros, por exemplo, pessoas com mobilidade condicionada ou que estejam a transportar grandes volumes como uma mala ou uma bicicleta. Nessas secções, a sinalização junto ao término da plataforma foi reforçada e existe um letreiro onde se pode ler “Cais estreito. Por favor, facilite a passagem”.

Nova arte a descobrir em Arroios

Localizada na Praça do Chile, a estação de Arroios, com os seus quatro acessos, é uma das principais estações numa das freguesias com mais população na cidade de Lisboa. Os passageiros, em particular os moradores da zona de Arroios, já não terão de se deslocar até às estações Alameda ou Anjos para aceder ao metro. O comércio e os serviços locais vão, igualmente, beneficiar com esta reabertura que irá revitalizar o movimento da zona.

A estação de Arroios entrou em exploração em Junho de 1972, com a abertura do troço Anjos/ Alvalade. Contou, nessa altura, com projecto arquitectónico de Diniz Gomes e intervenção plástica de Maria Keil, que escolheu um módulo simples formado por linhas paralelas amarelas e brancas ou amarelas e azuis e compôs figuras geométricas retangulares que se destacam quer pelas cores, quer pela orientação vertical ou horizontal das linhas. A presente remodelação da estação Arroios, agora com o projecto de arquitectura de Paulo Brito da Silva, incluiu a reposição dos painéis de azulejos de Maria Keil nas paredes laterais dos átrios, reinterpretando-os nas zonas onde aumenta a área de parede revestidas, já que essas paredes passaram a ter dois pisos (cais e átrio).

Fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas

A estação tem agora duas zonas distintas unidas por um pavimento em granito preto amaciado com peças de remate na mesma pedra. Podemos verificar as zonas em que se mantém a estação antiga, como os 70 metros de cais sob galeria abobadada ou os corredores de ligação entre os cais e os acessos com paredes revestidas com azulejos em barro vidrado a brancos diferentes, formando um padrão aleatório simultaneamente hexagonal e pentagonal. Já os dois átrios, nos topos dos cais onde se efetuam os prolongamentos, foram profundamente alterados onde se incluíram os painéis de Maria Keil como revestimento das paredes limites laterais.

A nível do cais, foi igualmente integrado um painel de azulejos de Nikias Skapinakis (pintor português de ascendência grega), denominado “Cortina Mirabolante”, tríptico de cerâmica com cerca de 15 metros de comprimento, composto por três painéis de cores quentes e fortes. Este painel, agora tornado público, é uma obra invulgar produzida através de uma técnica inovadora em que o azulejo é recortado nas suas mais diversas formas e tamanhos, e posteriormente colado, como se de um puzzle se tratasse.

Dois anos de atraso

Recorde-se que a obra de remodelação e ampliação da estação de Arroios da Linha Verde do Metro de Lisboa teve início em Julho de 2017, com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2019. Por motivos de incumprimentos contratuais da empresa então contratada e tendo em conta, igualmente, o interesse público subjacente à execução dessa empreitada, o Metro de Lisboa viu-se obrigado, em Janeiro de 2019, a rescindir o contrato respectivo, tendo o novo concurso sido relançado em Fevereiro de 2019.

Após a conclusão da fase de concurso, o procedimento foi remetido, em Novembro de 2019, para visto prévio do Tribunal de Contas, cuja Declaração de Conformidade foi proferida a 27 de Dezembro de 2019 e enviada ao Metro de Lisboa no dia 30 desse mesmo mês. Em Janeiro de 2020, é assinado o auto de consignação com o actual empreiteiro, que corresponde à entrega formal da obra, que tinha como prazo de conclusão o presente mês de Setembro.

A estação de Metro de Arroios abriu oficialmente nesta terça-feira, apesar de o metro ter voltado a parar às 20 horas do dia anterior naquela estação (inicialmente, a abertura esteve prevista para as 18 horas mas terá existido atrasos de última hora). No exterior da estação, os tapumes das obras desapareceram e os comerciantes da Praça do Chile passaram a ter uma praça livre de obstáculos. Os passeios e ligações foram repostos, à espera de uma requalificação de fundo daquela praça, prevista no programa municipal Uma Praça Em Cada Bairro e que poderá ser executada posteriormente no âmbito da requalificação de fundo da Avenida Almirante Reis, igualmente prevista.

Fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas
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