Em vez de reagir ao congestionamento, os semáforos de Lisboa vão passar a prever situações de congestionamento através de inteligência artificial.

O SIM.Lx, o novo sistema de semáforos inteligentes que a EMEL começou delinear em 2020, já está a ganhar forma no terreno, conforme noticiou o jornal Expresso. Nos cruzamentos integrados no SIM.Lx, haverá uma melhor gestão do congestionamento, será dada prioridade a veículos de emergência e vai ser facilitada a circulação de transportes públicos.
A EMEL explicou ao Expresso que o SIM.Lx já tem os centros de dados a funcionar e que 70% dos 547 cruzamentos semaforizados da cidade já se encontram modernizados e, por isso, prontos para o SIM.Lx. Esses cruzamentos estão agora a ser integrados no novo sistema “num processo que será faseado e gradual” e passarão a ser coordenados de forma mais inteligente. “É nossa expectativa que em Janeiro possam já ser sentidas melhorias na regulação semafórica em algumas zonas” da cidade, referiu a EMEL ao mesmo jornal. Na semana passada, cruzamentos na Baixa e nas avenidas João Crisóstomo, João XXI e Duque de Loulé começaram a ser programados com o SIM.Lx
A EMEL, empresa pública da Câmara de Lisboa que durante muito tempo esteve associada a estacionamento, tem vindo a tornar-se o principal regulador de mobilidade na cidade, diversificando a sua actividade com a operação da GIRA, a expansão da rede ciclável, o desenvolvimento de obras de espaço público ou a gestão da rede semafórica.
Os semáforos de Lisboa têm vindo a ser modernizados desde 2019, tendo os primeiros sido os da Avenida Almirante Reis, com a instalação de novos sensores. Estes pequenos aparelhos já podem ser observados numa série de cruzamentos da cidade: em 70% das actuais 547 intersecções semaforizadas da cidade, para sermos mais precisos.
Os restantes 30% cruzamentos deverão ser modernizados até Março/Abril de 2022 e “correspondem à zona da cidade que ainda está centralizada no anterior sistema (Gertrude), que será desactivado até final do primeiro quadrimestre de 2022”, revelou a EMEL ao Expresso. O Gertrude é um sistema francês da década de 1970 que chegou a Lisboa na década seguinte para descongestionar uma cidade que começava a ficar caótica. Apesar de ter sido alterado ao longo do tempo, a EMEL disse em 2020 que não acompanhou “a evolução natural da mobilidade urbana, e que está claramente desajustado às necessidades de hoje em dia”.
Alguns dos cruzamentos que estão por modernizar são os que ainda têm o Gertrude a funcionar, situando-se sobretudo no Eixo Central e envolventes, na Avenida da Liberdade e na Baixa. Revela a EMEL ao Expresso que são nesses locais que se centra a maioria das falhas identificadas na rede semafórica, que “na sua generalidade, são resolvidas no espaço de horas”. A principal diferença do SIM.Lx em relação ao Gertrude é que, em vez de reagir ao congestionamento, vai prevê-lo através de inteligência artificial. O Expresso explica que o SIM.Lx baseará as suas capacidades preditivas num modelo de tráfego da cidade de Lisboa construído de raiz pela EMEL em 2019 e que poderá ser reajustado de três em três meses com a ajuda dos dados obtidos nos sensores instalados nos semáforos, de forma a que esse modelo esteja o mais próximo da realidade actual da cidade possível.
O SIM.Lx poderá, assim, antecipar cenários de congestionamento, mas também ajudar o trânsito da cidade a fluir melhor, dando prioridade a veículos de emergência que precisem de passar e aos transportes públicos nos seus corredores BUS, e tendo em conta situações como sinistros ou ruas fechadas que podem vir a criar pontos críticos de congestionamento.