Oito árvores de grande porte vão ser abatidas por estarem doentes, podendo “causar graves danos em bens e pessoas”. Serão substituídas por outras.

O Jardim António Nobre, espaço mais conhecido como miradouro de São Pedro de Alcântara, vai perder oito das suas grandes árvores que até aqui davam sombra no Verão, exibindo durante o Inverno os seus troncos despidos. Exemplares serão substituídos.
As oito árvores de grandes dimensões, pertencentes à espécie Celtis australis, vão ser abatidas porque “apresentam elevado nível de decrepitude e copa esparsa” e “constituem, por isso, em caso de rotura, um perigo para a segurança de pessoas e bens”, segundo informa a Câmara Municipal de Lisboa.


Na avaliação técnica realizada, a fundamentação é mais extensiva – lê-se que os elementos arbóreos apresentam “sinais da presença” de um fungo chamado Inonotus rickii, que, apesar de progredir lentamente no interior das árvores, causa a diminuição do tamanho das folhas, o amarelecimento da copa e a queda de ramos, provocando o declínio e a morte das árvores infectadas. “Tendo em conta a localização dos elementos arbóreos, considera-se que em caso de rotura parcial ou total, as mesmas poderão causar graves danos em bens e pessoas, pelo que se sugere o seu abate”, concluiu a autarquia.
A Câmara informa que “as árvores retiradas serão substituídas por outras de espécie adequada ao local” e que está ainda prevista a plantação de mais 16 árvores em espaços verdes da freguesia da Misericórdia, onde se situa o miradouro, ou em freguesias adjacentes.
A intervenção no arvoredo do Jardim António Nobre está a decorrer entre os dias 14 de Fevereiro e 14 de Março, conforme informação disponibilizada no site da autarquia. A Câmara de Lisboa passou, de há uns meses para cá, a informar sobre intervenções em arvoredo nesta página, tornando o processo muito mais transparente. De notar que também existe informação fisicamente no local sobre este abate previsto.

O abate de árvores é geralmente um tema sensível. Em Agosto do ano passado, a Biblioteca Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) viu-se forçada a abater as árvores que embelezavam a fachada principal do seu edifício, substituindo-as posteriormente por exemplares das mesmas espécies. Nessa história, a transparência no processo foi importante – antecipando uma eventual contestação, a BNP publicou atempadamente todos os detalhes do processo.
No caso do abate previsto para o miradouro de São Pedro de Alcântara, também foi disponibilizada informação. Ainda assim, no local já pode ser vista uma faixa de protesto, na qual se pode ler em letras vermelhas e pretas: “Matar estas árvores é um crime ambiental”.


Importa referir que a zona histórica de Lisboa é das que menos cobertura arbórea apresenta. Por exemplo, no Bairro Alto, mesmo ao lado do miradouro, contam-se pouco mais que uma dezena de árvores, segundo dados da CML. Uma proposta de requalificação do Bairro Alto, no entanto, prevê a plantação de mais árvores nas suas ruas.