Linha de alta velocidade será construída por fases. A primeira parte, entre o Porto e Soure, poderá ficar concluída em 2026-2028 e já permitirá uma viagem entre Lisboa e Porto em menos de duas horas. 1h17 de viagem só em 2028-2030. Leiria irá ficar a menos de 40 minutos de Lisboa, e Coimbra a menos…
Uma linha ferroviária de alta velocidade a ligar Lisboa e Porto vai ser, em 2030, a espinha dorsal de uma rede de caminhos-de-ferro que irá encurtar o país. Várias cidades – não apenas as que serão servidas directamente pela alta velocidade – ficarão mais próximas da capital e vice-versa, o que poderá ter vastos benefícios económicos e sociais.
Numa apresentação nesta terça-feira, 15 de Março, o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, fez uma espécie de ponto de situação nos investimentos que estão a ser feitos ou previstos na rede ferroviária nacional, entre dois grandes planos: de um lado, o Plano Ferrovia 2020, que está em conclusão apesar dos atrasos, e, do outro, o Programa Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030). O PNI2030 detalha o que irá ser desenvolvimento ao nível da infraestrutura ferroviária na presente década e um dos projectos calendarizados é o da linha de alta velocidade entre as duas maiores cidades.
O anúncio desta linha já tinha sido feito anteriormente mas agora foram divulgados alguns detalhes. Por exemplo, que a linha será construída em três fases. Só depois de 2030 é que uma viagem de comboio entre Lisboa e Porto irá durar 1h15, sem contabilizar paragens. Mas com a 1ª fase da alta velocidade entre Campanhã (Porto) e Soure, prevista para 2026/28, já será possível viajar entre Lisboa e Porto em 1h57, sem paragens. Nessa 1ª fase, ficarão ligadas à alta velocidade as cidades do Porto, Gaia (ainda em avaliação), Aveiro e Coimbra. A 2ª fase encurtará a viagem, que actualmente dura 2h48 (com três paragens em Coimbra, Aveiro e Gaia), para 1h17, sem paragens. A 2ª fase envolve o prolongamento da alta velocidade entre Soure e o Carregado com uma nova estação em Leiria. A 3ª fase está prevista para depois de 2030 e permitirá reduzir em dois minutos o tempo de viagem, sem paragens, envolvendo o prolongamento da linha entre o Carregado e a estação do Oriente (Lisboa).
Com a 2ª fase da alta velocidade concluída, Leiria ficará a 39 minutos de Lisboa, Coimbra a 51 minutos e Aveiro a 1h06. Mas já com a 1ª fase – ou seja, no pior dos cenários em 2028 –, será possível colocar Coimbra a 19 minutos de Aveiro e a 29 minutos do Porto. Foi precisamente com Coimbra que Carlos Fernandes, da IP, apresentou um exemplo das vantagens da futura linha de alta velocidade não só para as cidades que serão directamente servidas pela mesma, mas também por outros destinos integrados na rede ferroviária tradicional. É que a alta velocidade a servir de espinha dorsal da rede, poderá encurtar as distâncias do país inteiro. Por exemplo, Coimbra passará a ficar a 1h29 de Guimarães em vez das actuais 2h19, a 1h54 de Vigo em vez das actuais 4h02 ou a 2h30 de Évora em vez das actuais 3h35.
A linha de alta velocidade não irá substituir a actual Linha do Norte, que continuará a existir e que poderá ser reforçada com mais serviços regionais e de mercadorias quando os comboios de longo curso passarem para o novo circuito. A futura linha terá uma velocidade mínima de circulação de 160 km/h (ou seja, quase 5x mais que a actual Linha do Norte) e uma velocidade máxima de 300 km/h. Por ela passarão os serviços de alta velocidade, como o Alfa Pendular (que pode ser adaptado para uma velocidade máxima de 250 km/h), e os actuais longo curso, nomeadamente o Intercidades (que consegue circular a um máximo de 200 km/h). A CP estará a preparar a aquisição de novos comboios de alta velocidade.
“O PNI2030 complementa os projetos desenvolvidos no Plano Ferrovia 2020 e dá um salto disruptivo no serviço ferroviário, capaz de transformar profundamente o território”, referiu o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, durante a sessão que decorreu no LNEC. No PNI2030 está ainda a modernização integral da Linha do Vouga, processo que já está em andamento e que inclui a reabertura do troço central hoje encerrado por más condições da infraestrutura; a electrificação da Linha do Alentejo entre Casa Branca e Beja; um estudo para reabrir a Linha do Alentejo entre Beja e a Funcheira, para voltar a aproximar a capital alentejana do Algarve (e vice-versa), uma nova linha entre Sines e Grândola, uma ligação entre Aveiro e Mangualde para voltar a introduzir Viseu na rede ferroviária, estudos para levar o comboio até aos aeroportos do Porto e de Lisboa, um estudo para avaliar a reabertura da Linha de Leixões ao tráfego de passageiros, e um estudo também para equacionar a reactivação do troço entre o Pocinho e Barca d’Alva. Em cima da mesa e calendarizado para 2023-2027, está a ligação da Linha de Cascais à Linha de Cintura, um projecto que deverá custar 200 milhões de euros.
Podes consultar a apresentação completa aqui em baixo: