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Parque da Bela Vista deixa de ter lago alimentado com água potável

A Câmara de Lisboa decidiu acabar com o pequeno lago que no Verão era alimentado artificialmente para garantir biodiversidade no Parque da Bela Vista. 16 anos depois, o lago cumpriu a sua função e vai existir só quando chover.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

A Câmara de Lisboa começou a reabilitar, em meados de Março, a bacia de retenção de água existente na zona sul do Parque da Bela Vista. O objectivo é transformá-la num ecossistema natural, que cumpra a sua função de reter as águas da chuva durante o Inverno e que não seja alimentado artificialmente durante a época quente como acontecia até aqui.

As bacias de retenção são, numa cidade como Lisboa, importantes para o equilíbrio urbano e para a resposta às alterações climáticas, uma vez que permitem maximizar a captura de água que cai da chuva e a sua infiltração no solo, evitando-se cheias urbanas. No Parque da Bela Vista, a bacia de retenção que há 16 anos foi instalada ali, no sector sul do parque, permitiu ainda receber as águas pluviais que não se infiltravam nos solos e que acabariam por escorrer superficialmente, podendo causar ravinamentos e erosão nos taludes do parque.

Mas, se na época da chuva, essa bacia tinha essa função, no tempo quente virava um charco temporário – uma zona húmida para fomentar o aumento da biodiversidade durante a época seca e que, como a água recolhida no Inverno, era alimentada artificialmente com água potável. De acordo com a Câmara de Lisboa, o charco permitiu a instalação e serviu de abrigo a diferentes espécies de plantas e de anfíbios, numa altura em que uma grande parte da área do Parque da Bela Vista se encontrava desprovida de vegetação e de solos de qualidade, pois o espaço tinha sido alvo de sucessivos aterros de terras e de entulhos. Agora, 16 anos após o início do projecto, o Parque da Bela Vista apresenta-se muito mais interessante do ponto de vista da biodiversidade e a autarquia decidiu desactivar o charco artificial.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Aquela área continuará a funcionar como bacia de retenção de água durante o período chuvoso, mas não será alimentada artificialmente com água potável para que o pequeno largo se mantivesse activo no Verão. Para tal, será removida parte da tela que tinha sido colocada por baixo da bacia e que aumentava a impermeabilização do lago. “A função de retenção das águas da chuva foi garantida, tendo-se observado em vários invernos a cota máxima do lago, e o descarregador a funcionar, com a libertação controlada de água”, explica a autarquia em comunicado. “No entanto, a água recebida durante a época das chuvas não é, de todo, suficiente para garantir um lago permanente (mesmo com a impermeabilização) o que obriga a uma reposição com água potável nos períodos quentes.”

Assim, a actual bacia passará a comportar-se como um charco temporário, que irá naturalmente secar no Verão, após a evaporação da água e o seu consumo pelas plantas. Em detalhe, a intervenção iniciada em Março na bacia consiste na:

  • limpeza generalizada de toda a área actualmente impermeabilizada, removendo infestantes e parte da vegetação existente, que se tornou dominante, de modo a permitir a introdução de mais espécies, garantindo maior equilíbrio entre elas e aumentando a biodiversidade;
  • remoção dos lixos e parte dos sedimentos acumulados no fundo, permitindo uma maior concentração de água livre e mantendo o solo necessário ao desenvolvimento da vegetação;
  • eliminação parcial da tela, especialmente nas áreas marginais, promovendo o estabelecimento de vegetação com interesse para a biodiversidade e para um ecossistema equilibrado.
  • manutenção de uma pequena área impermeabilizada a fim de garantir a acumulação de água nos períodos de transição para a época quente, de forma a assegurar um recurso para a biodiversidade.

Os resultados desta intervenção serão monitorizados durante um ano.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas