Um jardim por cima do comboio, ciclovias, mais árvores na Alameda e uma ideia para a Almirante Reis

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O atelier de arquitectura paisagista LociStudio também participou no concurso internacional de ideias Urban Garden Award. Saiu com o terceiro prémio, propondo mais árvores entre o Aeroporto e o Tejo, nomeadamente na Alameda.

Imagem cortesia de LociStudio/DR

Os concursos de ideias são momentos onde é possível sonhar alto. Não há orçamentos que precisam de ser cumpridos, nem outras condicionantes a restringir a liberdade criativa. Em teoria, tudo é possível – desde que se cumpra, claro, as exigências da competição. O atelier LociStudio também participou no Urban Garden Award, um concurso internacional de ideias que, na sua primeira edição, colocou arquitectos paisagistas a pensarem num corredor verde, contínuo, entre o Aeroporto e a estação fluvial Sul e Sueste.

Tal como o atelier de arquitectura paisagista Terra, que ficou em primeiro lugar nesta competição, o LociStudio também reimaginou o eixo das avenidas Almirante Gago Coutinho e Almirante Reis, com algumas diferenças substanciais. Ao longo de todo o eixo, propõe mais árvores, em especial na Alameda Dom Afonso Henriques. Desenhou um jardim para a Praça da Figueira e outro para a estação Sul e Sueste, idealizou uma cobertura verde na linha de comboio na zona do Areeiro e apresentou uma proposta para a Almirante Reis que mantém duas vias em cada sentido, como Carlos Moedas tem defendido.

Proposta para Avenida Almirante Gago Coutinho (imagem cortesia de LociStudio/DR)

A proposta do LociStudio, atelier português liderado pelas arquitectas Amália Souto de Miranda, Ana Rita Gonçalves e Gabrielas Magalhães, acaba por ser mais ajustada ao contexto actual da cidade e menos ambiciosa na redução do tráfego automóvel que a do colectivo Terra. O estúdio ficou em terceiro lugar na competição Urban Garden Award – o segundo lugar ficou para uma equipa de arquitectos de Los Angeles, nos EUA, composta por Astrid Haryati, Theresia Purnomo, Susanti Indrarasaja, Paul Sidharta e Ajie Tresnoharry.

No desenho apresentado pelo LociStudio, há uma ciclovia contínua entre o Aeroporto e o Tejo, que passa pela Rotunda do Relógio em formato bidireccional e segue pela Avenida Almirante Gago Coutinho em duas unidireccionais, que seriam, no entanto, partilhadas com transporte público, táxis e motas. Nesta avenida, foi pensada uma ponte ciclopedonal a ligar a Mata de Alvalade ao antigo campo de golfe da Bela Vista (que os vereadores do PCP querem devolver à cidade integrando-o no Parque da Bela Vista). Mais adiante, por cima da linha de comboio, as arquitectas sugerem um jardim que conecte os bairros separados pela ferrovia e lhes proporcione mais um espaço de lazer, ligando ao mesmo tempo a Gago Coutinho e o seu Parque Urbano do Vale da Montanha a Monsanto.

Proposta de corredor verde na linha de comboio (imagem cortesia de LociStudio/DR)

Na Praça do Areeiro, imaginam um jardim no centro da rotunda. Aqui, as ciclovias unidireccionais seguem nessa mesma topologia pela Almirante Reis, onde é proposto a eliminação do corredor central para permitir duas vias de trânsito em cada sentido e duas ciclovias unidireccionais em cada lado, separadas do tráfego automóvel por árvores intercaladas entre áreas de estacionamento rápido e cargas/descargas. Os passeios seriam largos com cinco ou mais metros de largura onde o perfil da avenida o permitisse.

Perfil proposto para a Almirante Reis (imagem cortesia de LociStudio/DR)

Na Alameda Dom Afonso Henriques, o LociStudio sugere arborizar o espaço, mantendo o seu eixo forte e reforçando a simetria. A Alameda perderia alguma da sua monumentalidade do Estado Novo e passaria a ter mais sombra, uma melhor gestão das águas, a atrair mais biodiversidade e áreas para todas as idades e tipo de actividades – uma Alameda mais alinhada com os tempos actuais, mais ecológica e mais social. De acordo com o LociStudio, esta proposta para a Alameda juntamente com a arborização ao longo de todo o eixo Gago Coutinho/Almirante Reis foram os aspectos mais valorizados pelo júri do concurso.

A proposta do LociStudio inclui ainda uma reformulação do Martim Moniz e da Praça da Figueira; a ciclovia passaria por estas duas zonas, que seriam transformadas em jardins urbanos, e terminaria na estação fluvial Sul e Sueste pela Rua da Prata. Ao contrário do Terra, o LociStudio não integrou uma rede de eléctrico de superfície nos seus planos.

Jardim proposto na Praça da Figueira (imagem cortesia de LociStudio/DR)
Jardim proposto praça da estação fluvial Sul e Sueste (imagem cortesia de LociStudio/DR)

O LociStudio explica que se inspirou no Plano Verde de Lisboa elaborado por Ribeiro Telles, que para além da valorização dos sistemas naturais e proposta de corredores verdes refere, por exemplo, a utilização de silos automóveis, com fachadas verdes. Podes conhecer a proposta em maior detalhe nos pósteres que se seguem ou no site do atelier.

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