Na sua comunicação, a Carris Metropolitana vai optar pelo termo “autocarro” em vez de “camionete”. Mas há mais palavras neste novo dicionário da nova marca de transporte público rodoviário da Área Metropolitana de Lisboa.

A linguagem é um sistema complexo que nos permite enquanto humanos entendermo-nos uns com os outros. Não é um sistema estático, antes pelo contrário. Recorrentemente, há novas palavras ou expressões derivadas do uso popular que fazemos dos códigos gramaticais e verbais que nos ensinaram – faz parte das dinâmicas culturais. Mas, no final do dia, cada palavra, mesmo que sinónimo de outra, tem um significado diferente e pode representar um determinado objecto ou situação de uma determinada maneira. E isso importa.
Ao longo dos anos, o termo camionete (ou camioneta) tornou-se habitual em Portugal, em particular fora dos grandes centros urbanos. O portal Ciberdúvidas da Língua Portuguesa escreve que a palavra é utilizada para “designar meios de transporte colectivos” à semelhança das designações autocarro ou carreira; mas enquanto autocarro serve geralmente para designar o transporte público dentro de uma vila ou grande cidade, camionete/a ou mesmo carreira evoca um ambiente mais de subúrbio ou de ruralidade.
Vemos que autocarro contrasta com camioneta, na medida em que este é um meio de transporte interurbano, e aquele, um meio de transporte urbano. Quer isto dizer que dentro das cidades se usa autocarro, e que nas ligações entre elas, sejam as distâncias curtas ou grandes, camioneta. O termo carreira designa também os veículos que fazem a ligação entre localidades; é, portanto, um sinónimo de camioneta, com uma conotação por vezes mais popular («vou apanhar a carreira»).
– portal Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
No plano de comunicação da Carris Metropolitana, que foi parcialmente revelado aos jornalistas na passada segunda-feira, a TML, responsável pela gestão da nova marca, assegura uma preocupação com a linguagem que se pretende que seja utilizada daqui para a frente, procurando simplificar a diversidade e liberdade de comunicação que cada empresa que operava na AML tinha, e ao mesmo tempo criar uma comunicação clara com as pessoas.
A utilização da palavra “autocarro” em vez de “camionete”, por exemplo, é uma das linhas de comunicação da nova Carris Metropolitana, mas há mais: por exemplo, usar o termo “linha” em vez de “carreira” para designar cada serviço; ou dizer “percurso” em vez de “itinerário” para indicar os trajectos.
O dicionário da Carris Metropolitana
- Linha em vez de Carreira – as Linhas correspondem ao serviço que liga duas localidades. Uma origem e um destino.
- Autocarro em vez de Camionete – os Autocarros são os veículos que efetuam o transporte dos Passageiros, levando-os aos seus destinos.
- Paragem em vez de Estação – as Paragens são os locais pré-determinados onde os Passageiros fazem o embarque e desembarque.
- Abrigo em vez de Cobertura – os Abrigos são as estruturas que proporcionam uma experiência mais confortável nas paragens. Nem todas as paragens têm abrigos. Algumas só têm o postalete.
- Postalete em vez de Poste – os Postaletes são os identificadores das linhas em cada paragem. São compostos por um tubo metálico e uma bandeira que indica quais as linhas que param no local.
- Percursos em vez de Itinerário – Os Percursos correspondem à deslocação geográfica do autocarro, no serviço que liga origem e destino.
- Área em vez de Lote – as Áreas são as 4 zonas geográficas da Área Metropolitana de Lisboa (AML) que agregam diferentes municípios. A exploração dos autocarros nos municípios da AML (com excepção de Lisboa, Cascais e Barreiro) será efetuada por Operadores distintos, sob a marca Carris Metropolitana.
- Passageiro em vez de Utente ou Utilizador – os Passageiros são todas as pessoas que usam os autocarros da Carris Metropolitana. É para melhorar as suas experiências de mobilidade que a Carris Metropolitana existe.
A Carris Metropolitana vai passar a ser, já neste Verão, a única marca de transporte público rodoviário em toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML) – com excepção de Lisboa, Cascais e Barreiro onde se manterão a Carris, a MobiCascais e a TCB, respectivamente. De resto, Vimeca, Rodoviária de Lisboa, TST, Sulfertagus, Scotturb… todos estes nomes vão desaparecer da vida de milhares de passageiros, que passarão a contactar somente com a marca Carris Metropolitana. Isso significará uma forma de comunicação única, que será igual em Mafra como em Almada, será igual no centro urbano de Oeiras como na aldeia mais remota do Montijo – será igual em toda a AML, apesar da sua enorme heterogeneidade e diversidade.