Menos oferta no Metro de Lisboa até haver mais trabalhadores. O que está em cima da mesa, afinal?

À 10º greve parcial do Metro de Lisboa, o Ministro Duarte Cordeiro, que tutela a empresa, prometeu medidas operacionais e de contratação de trabalhadores que resolvam as questões levantadas pelos sindicatos. A expectativa é que as greves convocadas para Junho possam vir a ser desconvocadas.

O Ministro Duarte Cordeio na visita às obras de expansão do Metro falou aos jornalistas sobre as paralisações parciais que já aconteceram desde o início do ano (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

Maquinistas e outros trabalhadores da divisão operacional do Metro de Lisboa concretizaram, na sexta-feira passada, a 10ª greve parcial desde o início do ano. Em consequência dessa paralisação, o Metro voltou a abrir apenas às 9h30, num dia em que os quatro sindicatos representativos dos trabalhadores reuniram com o Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e com o Conselho de Administração do Metro de Lisboa.

À saída do encontro, e em declarações aos jornalistas, Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), referiu que naquela “reunião de trabalho” se procurou “ver alguns compromissos por parte da tutela, mas para os quais ainda não há uma resposta definitiva”. Do lado da administração da empresa, ficou prometida a apresentação de “uma proposta de um horário que venha reduzir a oferta e aliviar o peso que está sobre os trabalhadores operacionais”, mas que para a FECTRANS “é insuficiente”. “Ficou de se ver também algumas respostas que ficaram pendentes e que seriam dadas durante a próxima semana”, acrescentou a representante dos sindicatos, citada pela agência Lusa.

Administração do Metro promete reduzir oferta enquanto não houver mais trabalhadores

Enquanto federação, a FECTRANS representa diversos sindicatos. Na reunião, estiveram presentes os seguintes: STTM – Sindicato dos Trabalhadores da Tracção do Metropolitano de Lisboa; SINDEM – Sindicato Independente de Todos os Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa; e STMetro – Sindicato dos Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa.

Para Anabela Carvalheira, a redução da oferta do serviço prometida pela administração do Metro de Lisboa será tomada pela empresa enquanto não existir um aumento do número de operacionais, que, segundo a sindicalista, é a origem dos “principais problemas que existem” na empresa. “Saímos confortáveis porque, pela primeira vez, o presidente do Conselho de Administração assumiu, em frente ao senhor Ministro, que sem ovos não se fazem omeletes e que sem trabalhadores nós não podemos ter o metro a funcionar”, disse, citada pela Lusa.

Há greves marcadas para Junho

Os sindicatos representativos dos trabalhadores do Metro de Lisboa já tinham apresentado um pré-aviso de greve para Junho ao trabalho suplementar e aos eventos especiais, o que coloca em risco o prolongamento habitual do horário do serviço nos Santos Populares ou no Rock In Rio. Na noite de Santo António, de 12 para 13 de Junho, tornou-se habitual o funcionamento das Linhas Verde e Azul durante toda a noite. Também para o festival Rock In Rio o Metro de Lisboa tem apresentado nos últimos anos uma oferta nocturna, até às 3 ou 4 da manhã.

A manterem-se as greves, não haverá Metro depois da 1 da manhã – o horário habitual. No entanto, apenas está entregue um pré-aviso de greve, pelo que a acção de protesto poderá não acontecer. Tudo depende agora dos trabalhadores e dos sindicatos. “Falaremos com os trabalhadores e decidiremos entre nós”, apontou Anabela Carvalheira.

Ministro atento para resolver problemas e desconvocar as greves

Numa visita às obras de expansão do Metro de Lisboa no sábado de manhã, o Ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, afirmou que “há consciência de que é necessário tomar medidas, algumas de natureza operacional, que melhorem as condições de trabalho” e outras medidas de reforço dos trabalhadores do Metro de Lisboa.

O Ministro, que tutela o Metro de Lisboa, garantiu existir “necessidade de reforçar trabalhadores, nomeadamente maquinistas”, e que essa carência se reflete em “cerca de 30 trabalhadores que venham a ser no futuro maquinistas, porque no início [quando entram na empresa] não entram para essa função”. Por esse motivo, Duarte Cordeio disse estarem a estudar “concursos internos que possam ser feitos no imediato dentro do Metro de Lisboa” e que permitam “a necessária progressão interna para a carreira de maquinista”.

“Estamos a trabalhar e esperemos em muito breve prazo dar resposta” e “conseguir desconvocar aquilo que são as greves ao período suplementar”, permitindo também “minimizar os impactos na vida das pessoas e continuar aquilo que desejamos, que é recuperar os passageiros para os níveis do período antes de pandemia e corresponder à expectativa gerada pela obra de expansão do Metro”. O Ministro do Ambiente da Acção Climática não tem dúvida de que “precisamos de garantir esse reforço para garantir a oferta que hoje temos mas também para aumentar a oferta que resulta da expansão do Metro, quer da Linha Circular, quer da Linha Vermelha, quer daquilo que venha a ser o metro ligeiro de Loures e Odivelas”.

“É um trabalho que vamos continuar a fazer durante esta semana e acreditamos que, com um pouco de equilíbrio de parte a parte, pode chegar a bom porto.” Os trabalhadores do Metro de Lisboa realizaram já 10 paralisações parciais desde o início do ano e esta foi a primeira vez que o Ministro responsável comentou a situação e prometeu resoluções concretas.

Em relação às medidas de natureza operacional, Duarte Cordeiro referiu o ajuste dos horários dos comboios para melhor correspondera a oferta ao actual número de operacionais. “Temos a expectativa que isso também permita desbloquear a greve ao trabalho suplementar. Vamos ver a avaliação que também é feita pelos trabalhadores.”

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