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Feira Popular: empreiteiro quer mais dinheiro para concluir Parque Urbano

A Vereadora Filipa Roseta disse que o abandono da obra por parte do empreiteiro “é um embrulho que estamos a tentar desembrulhar”. Odivelas à espera de Lisboa para definir futuro da Pontinha.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Antes de “se decidir se há Feira [Popular] ou não há Feira”, é preciso fechar o “outro capítulo” do futuro Parque Urbano de Carnide. “Quando cá chegámos, a obra tinha sido abandonada”, explicou a Vereadora Filipa Roseta, em reunião pública de Câmara esta quarta-feira. “É um embrulho que estamos a tentar desembrulhar.”

“Temos neste momento a obra parada porque o empreiteiro abandonou a obra e diz que quer negociar para ter um valor mais alto, porque o valor da obra é mais alto do que aquele que esta no contrato”, acrescentou Filipa Roseta. “Estamos a tentar resolver. Estamos a falar com o empreiteiro para ver se conseguimos fechar isto de alguma maneira de forma a que não seja completamente ruinoso para a Câmara.”

A instalação da nova Feira Popular, com um novo conceito, estava prevista para um terreno de 20 hectares na freguesia de Carnide, onde seria criado também um amplo Parque Urbano. A Feira estaria dentro desse Parque, e através da concessão do espaço da Feira a autarquia pretenderia suportar os custos de manutenção do parque. O empreendimento foi anunciado originalmente em 2015, tendo-se a sua concretização (primeiro seria feito o Parque e depois a Feira) atrasado desde então. Só agora o Parque está próximo da conclusão – apesar do abandono da obra; da Feira Popular nunca chegou a haver projecto fechado ou concurso lançado, apenas uma Avaliação de Impacte Ambiental. Contámos toda esta história aqui.

A construção do Parque Urbano onde se situaria a futura Feira Popular esteve a cargo da empresa Vibeiras S.A., num contrato superior a quatro milhões de euros, assinado a 27 de Junho de 2018 e com um prazo de execução de aproximadamente dois anos.

Odivelas à espera

Mas o projecto não implicava só a Feira Popular e um Parque Urbano nos limítrofes do concelho de Lisboa; pretendia também dar toda uma nova cara e centralidade à zona da Pontinha, mexendo com projectos do lado de Odivelas. Entre os dois concelhos, estava prevista a criação de dois grandes parques de estacionamento com 2 200 lugares, função dissuasora e ligação ao Metro da Pontinha por uma ponte pedonal. No início de 2021, foi lançada uma consulta prévia para “elaboração dos projectos de engenharia” do parque de estacionamento norte e respectivo passadiço norte; no final ano anterior, tinha sido lançado um ajuste directo para “aquisição de serviços para adaptação do projecto” do parque e passadiço sul. Ambas as obras serão responsabilidade da EMEL.

Reorganização prevista para a zona da Pontinha (cortesia de CML)

Entretanto, o único equipamento que se concretizou dessa nova face da Pontinha é o novo Mercado da Pontinha, que está concluído que vem substituir o anterior equipamento que fora desactivado. Irá contemplar 18 pontos de venda, distribuídos por bancas de produtos alimentares – carne, peixe, hortícolas – produtos têxteis e outros, num espaço de cerca de 340 metros quadrados, que terá também uma cafetaria. A cobertura do Mercado estará preparada para receber a instalação de um campo de jogos multifunções.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

O espaço está pronto; no exterior foi prolongada a ciclovia que Lisboa tinha deixado à porta do concelho com mais alguns metros, e criados 18 lugares de estacionamento exteriores. Ao lado do Mercado, deverá nascer um novo parque urbano, complementar ao da Feira Popular, numa área que já é densamente arborizada mas que está vedada ao público.

O tema da Feira Popular de Lisboa e suas implicações no concelho de Odivelas regressou à Assembleia Municipal de Odivelas no passado dia 19 de Julho. Questionado pelo Bloco de Esquerda, o Vice-Presidente da autarquia, Edgar Valles, disse não ter ainda uma resposta para o futuro dos investimentos que estavam previstos, mas adiantou, em temáticas relacionadas, que existirá uma expansão do estacionamento na zona do Metro do Senhor Roubado e que “não está nos planos deste executivo” introduzir estacionamento tarifado no concelho “nos tempos próximos”.

A 1 de Junho de 2016, a Câmara Municipal de Odivelas partilhava no Facebook “boas notícias” para o concelho: “com a implantação da Feira, haverá requalificação urbana na entrada da Pontinha, reconfiguração da rede viária e aumento dos lugares de estacionamento, dada a construção de um parque para 1 500 viaturas”. Um ano depois, em 2017, o entusiasmo repetia-se: “a nova Feira irá trazer à Pontinha mais e melhores benefícios para moradores e comerciantes locais. Do projecto consta também uma considerável componente ambiental que requalificará a área da Pontinha com novos espaços de lazer e recreio, libertando a Vila de alguns dos actuais constrangimentos, criando um novo Parque Urbano e mais lugares de estacionamento”.

Na memória descritiva sobre a Feira Popular destacava-se o seguinte: “A área da concessão localiza-se na freguesia de Carnide, limítrofe no contexto do concelho de Lisboa, mas central na relação com os municípios vizinhos da Amadora e Odivelas. Esta dinâmica é promovida pelas profundas alterações na rede viária metropolitana, na rede de transportes públicos – nas quais se destaca o prolongamento da Linha Azul do Metro [que entretanto já se concretizou] – e nas redes de mobilidade suave – com destaque para as múltiplas intervenções na rede ciclável que serve o Terminal da Pontinha.”