Meia dezena de presidentes e um jardim: na inauguração da renovada Praça do Império

O Jardim da Praça do Império foi requalificado e re-inaugurado com pompa e circunstância. Os brasões ficaram, agora em calçada.

A Praça do Império, em Belém, foi requalificada (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

Os tapumes que rodeavam a Praça do Império, em Belém, começaram a ser retirados no início de Fevereiro e foram substituídos por grades, fitas e pela olhar atento de dois elementos da Polícia Municipal. O Jardim da Praça do Império foi requalificado – uma obra controversa por causa dos brasões. A inauguração deu-se neste dia 14 de Fevereiro.

Durante a manhã, fizeram-se os últimos preparativos. O dispositivo policial foi reforçado, reservou-se uma zona adjacente ao jardim para o estacionamento de viaturas oficiais e realizaram-se vistorias de última hora para garantir que tudo estava como deveria estar: impecável. Pelo meio dia, chegaram as comitivas políticas. O Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, fez-se acompanhar do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e também do Presidente da Junta de Freguesia de Belém, Fernando Ribeiro Rosa. Três presidentes, e suas equipas, para inaugurar um jardim em Lisboa. A eles, juntaram-se alguns vereadores da Câmara de Lisboa, directores municipais e ainda outros Presidentes de Junta, da mesma cor política que a de Marcelo.

Recuperar o conceito original deste jardim histórico, da autoria do arquiteto Cottinelli Telmo, foi o principal desígnio da intervenção. Nela foram retomadas caraterísticas do desenho de 1940: manteve-se a exacta geometria baseada no quadrado original, foi reposta a acessibilidade ao tanque central e aos brasões esculpidos na Fonte Monumental, e replantaram-se, à cota do tanque, os quatro conjuntos de árvores baixas.

O Jardim da Praça do Império (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

A requalificação do Jardim da Praça do Império foi iniciada em 2021 e mantém os polémicos brasões que representam as 30 capitais de distrito de Portugal e das antigas províncias ultramarinas, e os escudos da Ordem de Avis e da Ordem de Cristo. A ideia inicial da Câmara de Lisboa era de retirar esses elementos, mas uma petição popular ajudou a pressionar a autarquia a voltar atrás na decisão. Assim, os brasões que estavam desenhados em arbustos no Jardim foram inscritos no caderno de encargos da obra e integrados no projecto de arquitectura paisagista do gabinete ACB, que propôs a colocação dos brasões no piso de calçada.

Originalmente, o Jardim da Praça do Império foi um projecto da autoria do arquitecto e cineasta português Cottinelli Telmo e data de 1940, ano em que a zona agora conhecida como Belém recebeu a Exposição do Mundo Português. Os brasões, agora preservados em calçada – mais fácil de manter que os anteriores arbustos –, só foram acrescentados ao Jardim em 1960/61.

A obra agora concluída contemplou ainda um aumento da área verde permeável, com a ampliação do Jardim para sul – de onde foi retirada uma estrada – e a plantação de novas árvores, o que se vai traduzir num acréscimo das áreas ensombradas logo que essas árvores cresçam. A adaptação do jardim às alterações climáticas passou igualmente por aspetos como a optimização do sistema de rega, a introdução de pavimentos permeáveis-drenantes e a melhoria da eficiência hídrica e energética da Fonte Monumental, aponta a Câmara de Lisboa.

Esta intervenção, desenvolvida pela Câmara de Lisboa, procurou ainda intensificar a relação com o Mosteiro dos Jerónimos. Para tal, foi criado no Jardim da Praça do Império um “jardim de plantas”, com espécies vegetais representadas em escultura na pedra daquele monumento. Também a relação com o Padrão dos Descobrimentos ficou melhorada, com a eliminação da estrada que existia entre o Jardim e aquele monumento.

Num futuro próximo, a autarquia pretende que a rega do Jardim da Praça do Império passe a ser realizada com água reutilizada, através da extensão da rede Água+ proveniente da chamada Fábrica de Água de Alcântara. Está também prevista a requalificação da rede de iluminação exterior, com a substituição das actuais luminárias por tecnologia LED e a instalação de um sistema de gestão remota.

De resto, a Praça do Império está idêntica ao que era antes. Está renovada e pronta para receber de novo os visitantes. Na manhã da inauguração, muitas pessoas ocuparam este espaço, misturando-se com as comitivas políticas – crianças e jovens aproveitaram o intervalo das aulas e de visitas de estudo para tirar selfies com o Presidente da República; vários turistas ignoraram o que estava as cerimónias e usufruíram deste espaço que esteve dois anos vedado.

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