A prometida auditoria está a ser realizada pela consultora dinamarquesa Copenhagenize, que esteve recentemente em Lisboa a percorrer “mais de 300 km em três dias”. Até 30 de Junho, os ciclistas e outros utilizadores das ciclovias da cidade podem participar num inquérito online.

A prometida auditoria à rede ciclável de Lisboa está a avançar. No final de Março, a Câmara de Lisboa contratou a consultora dinamarquesa Copenhagenize Design Co., especializada no desenho e planeamento ciclável, para a ajudar a avaliar a segurança das ciclovias da cidade. Membros da Copenhagenize estiveram recentemente em Lisboa para experimentar no terreno a infra-estrutura. Agora, e até 30 de Junho, a Copenhagenize e a autarquia lisboeta querem saber a opinião dos utilizadores locais.
Até 30 de Junho, ciclistas e outros utilizadores da rede ciclável de Lisboa podem participar num inquérito online, partilhando informações gerais sobre os seus hábitos de deslocação, feedback sobre a segurança e design da rede, detalhes sobre os locais onde mais pedalas e ainda algumas informações sociodemográficas. O inquérito é anónimo.

De acordo com a Câmara de Lisboa, o preenchimento do questionário deverá durar cerca de seis minutos; este instrumento tem como objectivo “avaliar a rede ciclável existente, no que respeita à segurança, necessidades, preocupações e preferências dos seus utilizadores, com vista a melhorar a infraestrutura local”.
Segundo a Câmara de Lisboa, “a existência de uma rede, constituída por troços muito diferentes entre si, com inconsistências, contribuindo para uma utilização por vezes pouco segura e desconfortável para os utilizadores de velocípedes, determinou a necessidade de uma auditoria técnica, de forma a assegurar que esta infraestrutura apresente as melhores condições de segurança possíveis”.
Auditoria custa 68,75 mil euros
O contrato com a Copenhagenize, no valor de 68,75 mil euros, foi assinado a 30 de Março e publicado no início de Maio no portal Base. A consultora dinamarquesa foi seleccionada entre seis outras empresas, que foram consultadas pela autarquia (procedimento de consulta prévia): outras quatro consultoras dinamarquesas – a Gehl Architects, a Loendersloot International, a Mobycon e a Beccan Davila Puentes – e uma italiana – a Decisio.
Três membros da Copenhagenize estiveram em Lisboa recentemente a percorrer “mais de 300 km em três dias”, com o objectivo de “analisar a infraestrutura ciclável de toda a cidade”. A equipa partilhou um vídeo no Twitter. Carlos Moedas, Presidente da Câmara de Lisboa, repartilhou o vídeo, com a seguinte mensagem: “Obrigado @copenhagenizers por nos ajudarem num projeto tão importante. Queremos fazer melhor e garantir que todos estejam seguros em nossas ciclovias.”
Thank you @copenhagenizers for helping us on such important project. We want to do better and be sure that everyone is safe in our bike lanes. https://t.co/ptTu3daHSU
— Carlos Moedas (@Moedas) May 25, 2023
A Copenhagenize refere que o tipo de análises que agora está a realizar em Lisboa “pode orientar os municípios e as regiões no desenvolvimento da sua rede ciclável, desenhando intersecções, identificando ligações em falta e conectando os principais destinos. Também podemos avaliar a política de mobilidade ciclável de um município num sentido mais amplo, analisando todo o seu ecossistema de bicicletas de acordo com os 13 critérios que desenvolvemos para o Índice Copenhagenize de Cidades Amigas das Bicicletas”.
De acordo com a Câmara de Lisboa, a auditoria tem cinco fases. Na fase actual dos trabalhos (fase um), dedicada à observação e análise da rede existente, pretende-se consultar os utilizadores sobre segurança, necessidades, preocupações e preferências. Na fase dois dos trabalhos está prevista a análise multi-critérios da rede existente, para priorização de intervenções. Na fase três serão efetuadas a apresentação de soluções e a priorização das intervenções, com base em factores de conforto e segurança da rede, e na fase quatro será elaborado um relatório final. No final do processo, fase cinco, a decorrer no fim de Outubro, prevê-se a realização de um workshop para capacitação e transferência de conhecimentos, com palestras, circuitos de bicicleta, observação e actividades, que envolverá técnicos do município e de empresas municipais.
Recorde-se que, em Novembro de 2022, a EMEL adjudicou ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) uma auditoria específica à ciclovia e rodovia da Almirante Reis – um trabalho integrado no projecto integrado que está a ser desenvolvido sobre este eixo.
Não é a primeira vez da Copenhagenize
A Câmara de Lisboa já tinha contratado a Copenhagenize em 2019. Na altura, a consultora dinamarquesa já tinha realizado uma análise para o município lisboeta sobre as linhas de desenho dos ciclistas, tendo estudado três intersecções – uma no Campo Grande, outra na Avenida da República/Duque d’Ávila e outra em Picoas. No entanto, o relatório sobre esse trabalho nunca chegou a ser publicado e as recomendações da Copenhagenize não foram seguidas, não tendo existido qualquer alteração nos referidos cruzamentos.