Câmara de Oeiras fala numa “infraestrutura obsoleta” e insiste na “necessidade urgente de uma reabilitação profunda do local”.

As chuvadas de Dezembro passado obrigaram ao encerramento da estação de Algés por duas vezes, devido às inundações que se verificaram. Tal situação provocou a danificação dos equipamentos electrónicos, como os validadores (entretanto substituídos) e as portas de acesso (entretanto desactivadas). Durante vários dias após as referidas inundações, a estação não pôde ser utilizada e esteve encerrada, com os comboios da CP, da Linha de Cascais, a não realizarem paragem naquele local. Nove meses depois, sensivelmente, a estação de Algés voltou a meter água, mas desta vez sem inundar totalmente.
O alerta foi dado às 18 horas de domingo, 3 de Setembro, um dia caracterizado por uma forte precipitação na área metropolitana de Lisboa que coincidiu com um período de maré alta. Estes dois factores provocaram 20 centímetros de água acumulada e o encerramento da estação por duas horas devido à falta de condições de segurança, conforme reportou a RTP.

Apesar de a linha férrea e de os cais de embarque da estação de Algés serem à superfície, o acesso aos mesmos é feito por uma passagem pedonal subterrânea (onde também se encontra algum comércio de apoio). É esse túnel que, estando em leito de cheia – junto à frente marítima e no curso da ribeira de Algés –, inunda sempre que há uma grande chuvada alinhada com períodos de marés alta. Foi o que acontece em Dezembro e o que voltou a acontecer no passado domingo; e é o que já tem acontecido no passado.
O risco de a estação de Algés inundar nestes dias tinha sido previsto. A Infraestruturas de Portugal (IP), empresa pública, sob alçada do Governo central, que gere toda a infraestrutura ferroviária nacional, tinha afixado os horários previstos de maré alta para os dias entre 30 de Agosto, quarta-feira, e 5 de Setembro, terça-feira. “Face às marés altas, é provável que venham a verificar-se inundações ligeiras nesta passagem inferior”, podia ler-se em vários avisos em papel colocados pelo túnel da estação. “Estamos a tentar minimizar a situação.”
Do lado da IP existiu uma parca acção preventiva no sentido de salvaguardar novos alagamentos, com a colocação dos referidos avisos. Já a Protecção Civil de Oeiras colocou tábuas de madeira na parte baixa da estação, no túnel, para permitir aos passageiros a circulação sem se molharem perante eventuais alagamentos. Entretanto, do lado da IP, continua a não existir ambição para resolver estruturalmente o problema.

Note-se que Algés é uma das principais estações ferroviárias da área metropolitana de Lisboa. Entre o município de Oeiras e de Lisboa, liga com um terminal rodoviário, onde chegam ou de onde partem linhas para os municípios de Amadora e de Sintra, e serve directamente uma população de 50 a 60 mil pessoas. A Câmara de Oeiras, que gere o território onde a estação de Algés se insere, ambiciona uma grande interface intermodal naquela zona mas, para isso, está dependente da IP e do Governo. Antes do Verão, Isaltino Morais, Presidente da Câmara, já tinha defendido uma solução para Algés; a autarquia voltou agora, perante a nova inundação no domingo, a falar na “necessidade urgente de uma reabilitação profunda do local”.
Num comunicado publicado nas redes sociais, a Câmara de Oeiras indica que a estação de Algés é uma “infra-estrutura obsoleta” e que apresenta “falta de capacidade para o escoamento da água acumulada”. “O Município de Oeiras tem vindo a alertar sucessivamente os responsáveis pela gestão da estação – Infraestruturas de Portugal e Ministério das Infraestruturas – para a necessidade urgente de uma reabilitação profunda do local”, indica. “As obras que estão de momento a ser realizadas são meros paliativos que não apresentam solução. O Município de Oeiras, através dos seus serviços de Proteção Civil, continuará a prestar o apoio necessário para garantir a segurança da população e evitar danos materiais.”