Avança a 1ª fase da Via Estruturante de Santa Clara

A Via Estruturante de Santa Clara começou a ser construída nas Galinheiras, uma das zonas mais periféricas, esquecidas e desfavorecidas de Lisboa. Será um novo eixo de mobilidade, onde caberão todos os modos, incluindo o ciclável.

Imagem ilustrativa do resultado da obra em curso (imagem via Euphoric Patterns/SRU)

Estabelecer um espaço público de qualidade em Santa Clara, uma freguesia esquecida de Lisboa, e começar a construir neste território uma Via Estruturante, para circulação automóvel, mas também de transportes públicos e bicicletas, é o principal objectivo da obra que está em curso no bairro das Galinheiras, com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A empreitada incide, em grande parte, na requalificação da Avenida Glicínia Quartin, prolongando-se para norte, abrangendo também as ruas António Vilar, Carlos Rocha e Maluda, bem como os acessos à Feira das Galinheiras. Estes arruamentos vão integrar a futura Via Estruturante de Santa Clara, um eixo urbano que se prolongará ao longo da freguesia, passando pela Ameixoeira e pela Azinhaga da Cidade, até se encontrar com a freguesia do Lumiar junto à grande praça ajardinada debaixo do IP7. A ideia é fazer cidade nesta zona de Lisboa – periférica, esquecida e desfavorecida –, e que tem sido deixada para trás nas políticas de urbanismo e integração.

“Através da implementação de um espaço público contínuo e qualificado, pretende-se introduzir na comunidade uma dinâmica positiva de transformação territorial que contrarie as atuais tendências de fragmentação física e social”, pode ler-se na memória descritiva do projecto, que podes descarregar no final do artigo. “Assim, espera-se potenciar a reversão do processo de exclusão social, degradação do edificado e do espaço público e de periferização daquela área, estabelecendo-se a continuidade com as áreas urbanas mais qualificadas situadas sobre o seu entorno e o Eixo Central da Alta de Lisboa, através do qual se confere centralidade a um território até agora periférico. É desta visão que emerge a proposta de materialização desta nova via urbana (…).

A Via Estruturante de Santa Clara é um projecto que se insere na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Santa Clara, aprovada em 2018, e cuja 1ª fase está agora a ser concretizada agora com fundos do PRR, no âmbito do Plano Metropolitano de Apoio às Comunidades Desfavorecidas da AML. Ao longo de todo o eixo que está a ser intervencionado, será introduzido um percurso ciclável, quer na forma de vias 30+bici, quer de ciclovias segregadas. No caso da Avenida Glicínia Quartin, será colocada uma ciclovia semelhante à da Avenida Almirante Reis, isto é, no centro da via através de uma redução da largura disponível para a circulação automóvel. Ao longo da avenida, serão instaladas paragens de autocarros para que possa existir uma melhor oferta de transporte público nesta zona, bem como criadas vários novos e seguros atravessamentos pedonais. No fundo, a Via Estruturante de Santa Clara será um eixo rodoviário aberto a todos os modos de mobilidade.

Toda a área da intervenção será uma Zona 30, onde haverá passadeiras e intersecções sobrelevadas, onde os raios de curvatura serão reduzidos e onde não haverá vias demasiado largas. Os passeios serão refeitos com pavimentos confortáveis e acessíveis, alguns serão alargados; vão colocados pilaretes para bloquear estacionamento abusivo e serão suprimidas barreiras arquitetónicas no espaço público; haverá uma reorganização geral do estacionamento automóvel e criadas bolsas para estacionamento de bicicletas; vai haver um reforço significativo da arborização (está prevista a plantação de 130 novas árvores que acrescem às 70 existentes – na verdade, existem 88 árvores mas 18 serão alvo de abate por razões fito sanitárias) e dos espaços verdes ao longo da intervenção; haverá um reforço da oferta mobiliário urbano como bancos e papeleiras, e uma melhoria do sistema de iluminação pública; serão criados de novos espaços de estadia e de recreio para a população poder aproveitar o ar livre; e vão ser implementadas duas rotundas.

“Criar mais segurança, melhor mobilidade e maior conforto, em particular dos utentes mais vulneráveis do espaço público, é um objectivo desta intervenção, particularmente através da reorganização e (re)desenho do espaço público local, em busca de um território cada vez mais acolhedor e inclusivo, amigo da população que nele reside, trabalha, estuda, mas também da população que diariamente o visita”, pode ler-se na descrição do projecto. “Assim, pretende-se materializar neste território um conjunto de diretrizes que têm por objetivo promover um ‘melhor’ uso do espaço público, valorizando a sua apropriação por parte do peão, em particular por parte das crianças, procurando deste modo conferir a este ambiente urbano, uma maior dignidade decorrente do reforço e valorização da sua imagem e identidade urbana.”

A obra em curso também vai melhorar o espaço público em torno da feira das Galineiras, com a criação de novos acessos rampeados, uma reorganização do estacionamento automóvel para uma oferta não inferior a 100 lugares, e ainda a plantação de 30 novas árvores para reduzir o efeito de ilha de calor nos dias mais quentes, resultando da extensa área pavimentada com betão betuminoso. De referir ainda que o projecto tem em consideração o acesso das crianças à EB1 das Galinheiras, não só com a criação de percursos pedonais acessíveis, mas também com a extensão até à entrada da escola da rede ciclável que passará a existir no bairro depois desta intervenção.

A 1ª fase da Via Estruturante de Santa Clara é uma empreitada a cargo da SRU, a empresa municipal de obras, que está a ser executada pela construtora Protecnil. O prazo execução é de 16 meses, o que significa que deverá ficar concluída em 2025. O custo é de 3,26 milhões de euros.

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