O passe Navegante ganhou uma nova funcionalidade. Depois de dar acesso a todos os transportes públicos da área metropolitana e, para quem é residente em Lisboa, também às bicicletas GIRA, o cartão amarelo já permite estacionar o carro em três parques de estacionamento da capital.

Estão disponíveis, a partir desta quarta-feira, 3 de Julho, os primeiros três Parques Navegante da cidade de Lisboa: são parques de estacionamento onde é possível estacionar o carro com o passe Navegante e, depois, seguir viagem em transportes públicos ou nas bicicletas GIRA. Os Parques Navegante foram inicialmente apresentados como parques dissuasores, mas agora a Câmara rejeita essa abordagem, falando em parques com diferentes funções.
Colégio Militar, Ameixoeira e Avenida de Pádua são os primeiros três Parques Navegante onde os detentores de passes Navegante poderão estacionar gratuitamente no local, seguindo depois viagem em transportes públicos ou nas bicicletas da rede GIRA. Lisboa passa assim a dispor de três Parques Navegante, com um total de mil lugares disponíveis, numa operação que será alargada ainda no decurso deste ano a outros locais, como à Azinhaga da Cidade, no Lumiar.

Como funcionam
Para utilizar os Parques Navegante, é necessário um registo prévio. Os interessados devem dirigir-se ao posto de atendimento do parque onde desejam estacionar para registar o seu cartão Navegante no sistema informático, sendo necessário que o cartão tenha um passe carregado. Qualquer modalidade de passe Navegante, mesmo que gratuita, é aceito. Esse processo deve ser repetido para cada Parque Navegante que a pessoa pretenda usar. A adesão precisa ser renovada mensalmente: para isso, é preciso ir ao posto de atendimento para validar o carregamento mensal do passe.
A utilização do passe Navegante nos parques do Colégio Militar, Ameixoeira e Avenida de Pádua pode ser feita durante todos os dias da semana entre as 7h30 e as 21 horas; fora desse período, o valor cobrado é o que consta do tarifário de estacionamento para utentes de rotação. Os parques estão acessíveis a todos os portadores do Navegante até atingir o número de lugares de estacionamento reservados: 415 lugares no Colégio Militar, 280 na Ameixoeira e 248 na Avenida de Pádua. Em redor de cada um dos parques, é possível encontrar serviços de autocarros e metro, e também GIRA.
Colégio Militar | Ameixoeira | Avenida de Pádua | |
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Autocarros | Carris: 70B, 703, 729, 750, 764, 765, 767, 778, 799 Carris Metropolitana: 1706, 1707, 1708, 1709, 1717, 1719, 1720, 1721 | Carris: 40B e 703 | Carris: 26B, 29B, 750, 781, 782, 794 e 210 |
Metro | Colégio Militar/Luz (Linha Azul) | Ameixoeira (Linha Amarela) | Cabo Ruivo (Linha Vermelha) |
Comboio | Benfica (20 min a pé, 10 min de bicicleta) | – | Oriente (12 min a pé, 4 min de bicicleta) |
GIRA | 510 – Largo da Revista Militar/Avenida do Colégio Militar | Estação prevista em breve | 133 – Rua Cidade de Benguela/Avenida Cidade de Luanda |
Localização | Google Maps | Google Maps | Google Maps |
“Nós temos, apesar de tudo, em Lisboa uma oferta razoável de parque de estacionamento, mas muitas vezes ela não é interiorizada pelas pessoas, não é ainda uma opção consciente, muitas vezes, por conta do custo que isso pode representar”, explicou ao LPP o Vice-Presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia. “Portanto, esta é uma uma política pública para encorajar a utilização dos parques e para encorajar a ideia de deixar o carro para trás, porque os transportes públicos são a melhor solução de mobilidade na cidade de Lisboa.” Anacoreta Correia adiantou que os parques da Ameixoeira e da Avenida de Pádua, nos Olivais, “têm taxas de utilização muito baixas”, pelo que a integração com o Navegante poderá ajudar a alterar essa situação.

Dois tipos de Parques Navegante
Em 2025, a Câmara de Lisboa e a EMEL esperam inaugurar um quarto Parque Navegante na Pontinha, que ainda vai ser construído junto à interface de transportes da Pontinha e que terá 387 lugares. Quando estiver pronto, serão quatro os Parques Navegante destinados sobretudo a não residentes da cidade, com uma função dissuasora do uso do carro dentro de Lisboa.
Mas a autarquia quer ter um segundo modelo de Parques Navegante, destinados exclusivamente a residentes da cidade. Os primeiros dois vão entrar em funcionamento em Setembro junto à estação de Metro de Telheiras; são dois parques EMEL já existentes – Telheiras Poente, com 155 lugares, e Telheiras Nascente, com 106 lugares – que vão ser exclusivos para residentes do Lumiar e de Santa Clara, duas freguesias periféricas de Lisboa. “Vamos fazer esse filtro através da morada associada ao passe Navegante, como já fazemos com a GIRA. Na GIRA também temos acessibilidade garantida a quem é residente em Lisboa e titular do passe Navegante”, clarificou o Vice-Presidente ao LPP.

“Pensamos que mesmo para residentes em Lisboa é importante incutirmos a ideia de que é muito mais prático e acessível movimentarem-se na cidade de Lisboa de transporte público No fundo, o que estamos a fazer é a encorajar a ideia de deixar o carro para trás através de um parque. Parece uma ideia contraditória, mas às vezes aquelas ideias que funcionam melhor são aquelas que fazem essas ligações contraditórias”, acrescentou Filipe Anacoreta Correia.
A EMEL está neste momento a construir um novo parque de estacionamento na Azinhaga da Cidade, no Lumiar, que vai ser integrado como Parque Navegante neste modelo de exclusividade a residentes. Trata-se de um parque com 165 lugares e que vai ser construído juntamente com a requalificação do espaço público em redor, uma requalificação inicialmente previsto no plano de construção da via estruturante de Santa Clara, a cargo da SRU. Assim, além do parque de estacionamento, serão plantadas 32 árvores e construído um troço de ciclovia com ligação à rede existente. A intervenção abrange 29,3 mil m2 e é uma obra com duração prevista de 10 meses.

Durante a inauguração dos primeiros três Parques Navegante, nesta quarta-feira, 3 de Julho, no Colégio Militar, o Presidente da Câmara de Lisboa apresentou esta ideia como uma concretização da meta de neutralidade carbónica até 2030. “Nós queremos uma cidade que seja neutral em carbono em 2030. Esse é o objetivo, é a mensagem europeia. Mas como é que nós traduzimos a Europa para as pessoas? Aqui está bom exemplo dessa tradução da Europa para as pessoas, porque se nós estivermos na rua, a maior parte das pessoas não percebem o que é que quer dizer isso de ser neutral em carbono”, comentou Carlos Moedas. “Aquilo que nós estamos aqui a fazer hoje é dizer que quem tem passe Navegante, pode muito simplesmente chegar aqui todos os meses, validar o seu passe Navegante e deixar o carro sem pagar.”
O autarca apelidou a ideia dos Parques Navegante como uma “ideia inovadora” em que “estamos a inovar, mas também a olhar para as experiências que são feitas lá fora”, e apelou a mais trabalho conjunto da Área Metropolitana em torno deste projecto. “É preciso que toda a Área Metropolitana, seja a Norte ou a Sul do Tejo, esteja connosco neste esforço.”
