A Câmara de Lisboa contratou a STCP Serviços, empresa pertencente à STCP e gerida maioritariamente pela Câmara do Porto, para delinear o futuro terminal rodoviário de Sete Rios. A autarquia lisboeta diz que a a STCP Serviços tem “experiência e capacidade demonstrada” em projectos similares como o Terminal Intermodal de Campanhã.
A Câmara de Lisboa contratou a STCP Serviços, empresa que é detida pela STCP e pela Câmara do Porto e que é responsável pelos terminais rodoviários portuenses, para preparar o futuro interface rodoviário de Sete Rios, que dará resposta essencialmente aos serviços de longo curso.
De acordo com a autarquia de Carlos Moedas, o recurso à STCP Serviços “resulta da sua experiência e capacidade demonstrada para responder, no contexto nacional, a projectos similares”, como é o caso do Terminal Intermodal de Campanhã, “a que acresce a sua familiaridade com os operadores de expressos e a sua responsabilidade na gestão dos terminais da cidade do Porto”.
Inaugurado em 2021, o Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) revolucionou a principal porta da cidade Invicta no que toca a transporte público de longo curso, trazendo os autocarros expresso/longo curso para junto dos comboios. Além de Campanhã, a STCP Serviços é responsável pelos terminais rodoviários das Camélias, do Bom Sucesso e da Asprela, na cidade Invicta.
A STCP Serviços é detida a 100% pela STCP, a empresa que opera os autocarros e eléctricos que circulam na cidade do Porto, estabelecendo algumas ligações intermunicipais com os municípios vizinhos de Vila Nova de Gaia, Gondomar, Matosinhos, Valongo e Maia. Por isso mesmo, a STCP é uma empresa intermunicipal, detida por estes cinco municípios, sendo que a Câmara do Porto é o maior accionista. Assim, a autarquia portuense, liderada por Rui Moreira, é também a principal dona da STCP Serviços, empresa na qual delegou uma série de competências na área da exploração de equipamentos e infraestruturas de mobilidade, bem como de gestão de soluções de transporte complementares.
A STCP Serviços, além de gerir os terminais, é responsável por um conjunto de competências no âmbito da mobilidade no município do Porto, nomeadamente a gestão de parques de estacionamento automóvel, de algumas ligações pedonais mecanizadas, como o Funicular de Miragaia, e de um serviço de transporte público flexível/a pedido. Além disto, a STCP Serviços realiza estudos e trabalhos de consultoria, não só para a autarquia portuense, como para externos.
Em Lisboa, a STCP Serviços está a ajudar a autarquia a definir o programa preliminar do novo interface de Sete Rios, um investimento há muito previsto. Actualmente, os autocarros de longo curso na capital portuguesa estão dispersos entre Sete Rios e a Gare do Oriente. Em Sete Rios, esses serviços ocupam as instalações antigas do Metro de Lisboa, cedidas de forma provisória, sendo que o provisório dura há duas décadas. Paralelamente, funciona em Sete Rios também um terminal rodoviário destinado aos autocarros suburbanos da Carris Metropolitana.
Contudo, no âmbito de uma Unidade de Execução1, que não chegou a ser aprovada, é esperado que Sete Rios venha a ganhar uma nova faceta com novos edifícios de habitação e serviços em altura, bem assim como a construção de um novo terminal rodoviário com 36 cais de embarque e desembarque e uns 69 lugares de estacionamento para veículos pesados de passageiros. Essa Unidade de Execução previa não só um novo espaço para os autocarros de longo curso, como um terminal destinado aos autocarros suburbanos, sendo que o plano previa concentrar em Sete Rios as linhas da Carris Metropolitana actualmente dispersas entre este local e o Areeiro.
No entanto, e sem Unidade de Execução aprovada para redefinir toda a área de Sete Rios, pelo menos a parte de um novo terminal (ou terminais) parece estar a avançar. De acordo com a Câmara de Lisboa, a STCP Serviços foi chamada para fazer a “identificação e recolha dos elementos técnicos (escritos ou desenhados) de suporte à elaboração dos programas preliminares” do futuro interface, a “síntese e reflexão em programa preliminar da documentação técnica e orientações de enquadramento fornecidas pelo Município”, o “apoio à seleção do modelo de desenvolvimento, gestão e implementação do projecto” do terminal rodoviário, e ainda a “preparação dos elementos do concurso, incluindo os termos de referência, programa preliminar e os critérios de selecção”.
O LPP contactou a STCP Serviços que remeteu todos os esclarecimentos para a Câmara de Lisboa. Esta, por sua vez, não adiantou mais detalhes. Note-se que, em 2022, a EMEL desenvolveu um amplo estudo sobre as interfaces de transporte de Lisboa, estando a publicar um conjunto de guias práticos que podem orientar agora as escolhas de investimento e preparar futuras implementações, nomeadamente a reconversão dos cinco principais terminais rodoviários de Lisboa (Sete Rios, Oriente, Campo Grande, Pontinha e Colégio Militar) em interfaces multimodais.
Independentemente da Unidade de Execução, um novo terminal rodoviário para Sete Rios chegou a estar planeado no âmbito do programa municipal Uma Praça Em Cada Bairro e seria subterrâneo, debaixo do viaduto do Eixo Norte-Sul. Esse terminal seria para autocarros suburbanos (da Carris Metropolitana), sendo que os autocarros urbanos (da Carris) teriam paragens à superfície e os de longo curso um espaço renovado na zona das antigas instalações do Metro. No entanto, só uma parte do projecto do Uma Praça Em Cada Bairro avançou, nomeadamente a parte junto ao Jardim Zoológico, estando essa obra em fase de conclusão. A nova praça terá uma ciclovia, uma estação GIRA, novas áreas verdes e permeáveis, uma zona de repuxos e um espaço multiusos, e obrigou à reorganização da circulação rodoviária e das paragens da Carris.
- Uma Unidade de Execução consiste na fixação em planta cadastral dos limites físicos da área a sujeitar a intervenção urbanística e com identificação de todos os prédios abrangidos, de forma a assegurar um desenvolvimento urbano harmonioso e a justa repartição de benefícios e encargos pelos proprietários envolvidos, devendo incluir as áreas a afetar a espaços públicos ou equipamentos previstos nos planos e pode integrar peças gráficas e escritas que explicitem a solução urbanística concreta. As unidades de execução garantem uma visão de conjunto, sem necessidade de recorrer a planos de urbanização e de pormenor em grande parte da cidade. A sua delimitação pode ocorrer em qualquer parte do território municipal e é precedida de discussão pública na falta de plano de urbanização ou de pormenor aplicável. ↩︎