Os estafetas urbanos em Lisboa, muitos imigrantes, enfrentam barreiras linguísticas e condições de trabalho precárias. Apesar da flexibilidade das plataformas de entrega, os rendimentos são baixos e os direitos laborais limitados, gerando frustração. Movimentos como o “Estafetas Em Luta” surgem para reivindicar melhorias e maior transparência das plataformas.
Chegaram à cidade de Lisboa há sete anos e rapidamente se alastraram aos restantes concelhos da área metropolitana. As plataformas de entrega de comida ao domicílio trouxeram o conforto e a simplicidade de encomendar comida através de uma aplicação que agrega os restaurantes da região e os aproxima através de uma rede de estafetas em prontidão 24 horas por dia.
Juntos formam uma força de trabalho global que é hoje formada por mais de 40 milhões de pessoas, alguns milhares dos quais estabelecidos na área metropolitana de Lisboa. Embora muitas vezes invisíveis enquanto atravessam as ciclovias da cidade, de mochila às costas, os seus ajuntamentos não passam despercebidos à porta dos restaurantes, nas horas das refeições, nem nos bancos das praças e jardins fora delas.
Entraram na profissão em busca da liberdade de serem o seu próprio patrão, da flexibilidade de definir os seus horários e da rapidez do pagamento. Pelo menos, são estas as promessas de aplicações como a Glovo, a Bolt Food ou a Uber Eats, que apresentam a atividade como uma forma de ganhar dinheiro extra enquanto se usufrui da cidade. Mas a realidade parece ser outra para quem a vive diariamente. Fomos tentar conhecê-la.
Começámos este retrato na rua, no centro de Lisboa, onde procurámos encontrar alguns rostos deste trabalho coordenado digitalmente pelas plataformas. Foi entre abordagens falhadas pela barreira linguística, pelo recato de quem interpelávamos ou pela interrupção da interação pelo som da notificação a dar conta de uma nova entrega, que conhecemos Samiul Choudhury e Jagruti Shah.