Carris Metropolitana: tudo o que já sabemos sobre a revolução nos autocarros da região de Lisboa

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Cerca de 820 linhas, de 2000 percursos e de 12 mil paragens. Mais de 90 linhas nocturnas e mais oferta ao fim-de-semana. Estes são apenas alguns números da Carris Metropolitana, que chega entre Junho e Julho.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

A partir do Verão, os autocarros da Área Metropolitana de Lisboa (AML) vão ter todos a mesma cor e a mesma marca Carris Metropolitana, estarão ligados pelo mesmo sistema de bilhética – o Navegante, e irão circular dentro de uma rede única e integrada. A operação da Carris Metropolitana estará dividida em quatro lotes; cada um deles estará entregue a uma empresa privada em regime de concessão. Apenas Lisboa, Cascais e Barreiro ficarão de fora da Carris Metropolitana por terem os seus operadores rodoviários municipalizados, mas existirão carreiras intermunicipais a fazer a ponte esses concelhos e os vizinhos.

Logo da Carris Metropolitana

Nos restantes 15 municípios da AML, a Carris Metropolitana será o único operador rodoviário presente, desaparecendo as marcas hoje existentes. Quer isso dizer que, por exemplo, a Vimeca, a Transportes Sul do Tejo (TST), a Rodoviária de Lisboa (RL) ou a Sulfertagus vão deixar de existir; algumas dessas empresas passarão a operar a Carris Metropolitana em regime de concessão, pois venceram os concursos lançados. É o caso da RL que ficará com o Lote 2, referente aos concelhos de Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira; ou da TST que estará encarregue do Lote 3, dos municípios de Almada, Seixal e Sesimbra.

ConcelhosOperador
Lote 1
Amadora, Oeiras e Sintra (+ Lisboa e Cascais)
Viação Alvorada
Lote 2
Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira
Rodoviária de Lisboa
Lote 3
Almada, Seixal e Sesimbra
Transportes Sul do Tejo
Lote 4
Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal (+ Barreiro)
Alsa Todi

A Carris Metropolitana irá entrar em operação de forma faseada: cinco concelhos da Margem Sul (Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal) vão ter os autocarros amarelos já a partir de 1 de Junho, numa espécie de piloto para afinar últimos detalhes; os restantes 10 municípios terão a Carris Metropolitana a partir de 1 de Julho, como contámos aqui.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

O que vai mudar, em números?

A Carris Metropolitana representará uma mudança significativa na mobilidade metropolitana em Lisboa. No evento de apresentação da Carris Metropolitana que decorreu na passada sexta-feira, 1 de Abril, foram revelados mais detalhes sobre a futura operação:

  • será composta por cerca de 820 linhas de autocarros, das quais 350 já existem e serão reforçadas, e 160 serão linhas novas. No total, existirão mais de 2000 percursos;
  • terá ao seu serviço 1600 autocarros, dos quais 1400 serão novos ou terão menos de um ano. A frota estará equipada com wi-fi gratuito para os passageiros e com portas USB para carregamento de dispositivos electrónicos;
  • irá ter mais de 12 mil paragens, das quais cerca de mil serão novas. Existirão cerca de 370 painéis digitais de informação ao público nas principais paragens;
  • vai ter mais de 90 linhas nocturnas e mais oferta ao fim-de-semana.

Prevê-se que a Carris Metropolitana venha a fazer mais de seis milhões de circulações por ano, não tendo sido revelados quantos carros poderá retirar da estrada. Mas a rede de autocarros da AML servirá aproximadamente 2,8 milhões de potenciais utilizadores, num investimento de cerca de 1,2 mil milhões de euros que permitirá aumentar o actual serviço em cerca de 35%.

Como referido, a operação da Carris Metropolitana estará dividida por quatro lotes, isto é, por quatro zonas. Foram revelados detalhes sobre cada lote:

Lote 1 – Amadora, Oeiras e Sintra (+ Lisboa e Cascais)
  • existirão 192 linhas, das quais 41 são linhas novas e 83 são linhas que já existem mas que vão ser reforçadas, totalizando-se mais de 480 percursos;
  • estão previstas nesta zona mais de 1,9 milhões de circulações/ano, correspondendo a 160 mil circulações/mês e a 6 mil/dia;
  • funcionamento das 4h30 e às 1h59;
  • frota composta por mais de 460 autocarros, dos quais 410 serão novos. Existirão neste lote 9 modelos de autocarros diferentes a circular;
  • vão existir mais de 4000 paragens e 110 painéis digitais de informação ao público.
Lote 2 – Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira
  • existirão 327 linhas, das quais 41 são linhas novas e 134 são linhas que já existem mas que vão ser reforçadas, totalizando-se mais de 830 percursos;
  • estão previstas nesta zona mais de 1,7 milhões de circulações/ano, correspondendo a 145 mil circulações/mês e a 5 mil/dia;
  • funcionamento das 4h00 e às 1h59;
  • frota composta por mais de 520 autocarros, dos quais 460 serão novos. Existirão neste lote 16 modelos de autocarros diferentes a circular;
  • vão existir mais de 4000 paragens e 90 painéis digitais de informação ao público.
Os diferentes lotes de operação da Carris Metropolitana (grafismo cortesia de TML)
Lote 3 – Almada, Seixal e Sesimbra
  • existirão 149 linhas, das quais 50 são linhas novas e 56 são linhas que já existem mas que vão ser reforçadas, totalizando-se mais de 310 percursos;
  • estão previstas nesta zona mais de 1,4 milhões de circulações/ano, correspondendo a 120 mil circulações/mês e a 4 mil/dia;
  • funcionamento 24 horas;
  • frota composta por mais de 330 autocarros, dos quais 290 serão novos. Existirão neste lote 11 modelos de autocarros diferentes a circular;
  • vão existir mais de 2000 paragens e 50 painéis digitais de informação ao público.
Lote 4 – Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal (+ Barreiro)
  • existirão 154 linhas, das quais 30 são linhas novas e 74 são linhas que já existem mas que vão ser reforçadas, totalizando-se mais de 360 percursos;
  • estão previstas nesta zona mais de 750 mil circulações/ano, correspondendo a 65 mil circulações/mês e a 2 mil/dia;
  • funcionamento das 4h30 às 1h59;
  • frota composta por mais de 230 autocarros, todos novos. Existirão neste lote 6 modelos de autocarros diferentes a circular;
  • vão existir mais de 2000 paragens e 63 painéis digitais de informação ao público.

A Carris Metropolitana será para o passageiro igual em qualquer município da AML (excluindo Lisboa, Cascais e Barreiro porque vão manter os operadores municipais), independentemente do operador privado que estiver a assegurar o serviço nesse lote. As mesmas regras, o mesmo tarifário, horários uniformes e um mapa de rede pensado em conjunto.

Uma única marca, para tudo

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Apesar de a operação da Carris Metropolitana em cada zona (ou lote) estar concessionada, a gestão central estará a cargo da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), uma empresa detida a 100% pela AML e que é responsável também pelo sistema de bilhética – Navegante. É com o Navegante que a Carris Metropolitana irá “falar” com os outros operadores de transporte da cidade (como o Metro, a TTSL ou a Carris que já conhecemos), como podes ler aqui.

Com a Carris Metropolitana, passará a haver uma única entidade com a qual os passageiros terão de se relacionar, uma vez que toda a relação com o cliente passará a estar centralizada na marca Navegante. Vão existir 26 Espaços Navegante espalhados pela AML: três em Loures e Sintra, dois em Almada, Amadora, Odivelas, Oeiras, Seixal, Setúbal e Vila Franca de Xira, um em Alcochete, Mafra, Moita, Montijo, Palmela e Sesimbra. Estes Espaços permitirão:

  • Transmitir informação sobre o serviço de transporte prestado na Carris Metropolitana.
  • Garantir o serviço de venda e carregamento de bilhetes/passes e respectivos cartões.
  • Assegurar o serviço pós-venda de bilhetes/passes e respectivos cartões de suporte, nomeadamente troca e devoluções de bilhetes/passes, análise e resolução de falhas de funcionamento de cartões, recuperação e anulação dos cartões e actualização de dados dos titulares dos cartões.
  • Prestar apoio sobre objectos perdidos e achados.
  • Encaminhar sugestões e reclamações.

Os 26 Espaços Navegante serão auxiliados por mais de 1750 pequenos pontos de venda Navegante espalhados pelos 18 municípios da AML, pelo futuro portal Navegante (que irá substituir o velhinho Portal Viva) e pela futura aplicação móvel. Com o sistema Navegante, vai ser ainda este ano possível usar o cartão físico, o telemóvel ou mesmo o cartão bancário para usar o transporte público na região de Lisboa, incluindo a Carris Metropolitana. Os passes Navegante e o Zapping vão funcionar com a Carris Metropolitana, que terá também uma tarifa de bordo e a possibilidade de pré-comprar bilhetes. Detalhes sobre os tarifários não são ainda conhecidos, mas deverão ser em linha com os valores actualmente praticados.

A Carris Metropolitana irá ter um site brevemente disponível em carrismetropolitana.pt onde será possível conhecer todos os detalhes da operação, incluindo as linhas e o tarifário. No Lisboa Para Pessoas continuaremos atentos a futuras novidades.

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