Atropelamentos em Entrecampos e na Avenida EUA levam CML a agir

A Câmara de Lisboa vai acalmar as avenidas das Forças Armadas e dos Estados Unidos da América, depois de dois atropelamentos mortais e de uma petição com quase três mil assinaturas. Velocidade máxima de 40 km/h, semáforos sensíveis à velocidade, acalmia nos atravessamentos pedonais e radares serão algumas das medidas.

Passadeira onde um jovem de 21 foi atropelado (fotografia LPP)

No início de Setembro, um jovem de 21 anos morreu atropelado numa passadeira na Avenida dos Estados Unidos da Américain Alvalade. Natural de Guimarães mas a estudar na capital, o rapaz estava a atravessar uma passadeira, por volta das 22 horas, quando um taxista não cumpriu o sinal vermelho e conduziu o jovem para o hospital, pondo-se de imediato em fuga. Duas semanas antes, na Avenida das Forças Armadas, em Entrecampos, um outro atropelamento: um homem de 40 anos foi a vítima, depois de ter atravessado a via fora da passadeira por volta das 21 horas.

A situação de insegurança rodoviária na zona de Entrecampos fez soar, no ano passado, os alarmes de Pedro Franco, 28 anos, morador na Avenida das Forças Armadas. Em conjunto com alguns vizinhos, mobilizou-se em reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal com propostas concretas para reduzir as velocidades que ele próprio mediu na zona – algumas acima de 70 km/h. As suas ideias pareciam ter sido bem acolhidas pelos responsáveis autárquicos, mas sem mudanças no terreno. Os atropelamentos ocorridos entre Agosto e Setembro fizeram os alarmes soar no Município lisboeta.

A Avenida dos Estados Unidos da América é um eixo rodoviário com 3 vias por sentido (fotografia LPP)

Ao LPP, a autarquia confirma que vai implementar “um conjunto de medidas de acalmia de tráfego para toda a extensão do eixo viário constituído pela Avenida das Forças Armadas e a Avenida dos Estados Unidos da América” with the aim of “tornar este eixo da cidade, de extrema importância para a rede viária da cidade, num espaço mais seguro de vivência para todos os peões que diariamente o utilizam”. O projecto ainda está a ser trabalhado mas inclui, por exemplo, a redução da velocidade máxima nas duas avenidas de 50 para 40 km/h – uma medida de sinalização horizontal e vertical, que será acompanhada pela “redefinição do sistema semafórico, alargamento da extensão dos corredores BUS existentes, reforço da sinalização horizontal e vertical, medidas de acalmia em todos os atravessamentos pedonais, a introdução de uma rede de radares de controlo de velocidade”.

Este anúncio foi feito na primeira semana de Outubro pelo Vice-Presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, na comissão da Assembleia Municipal que trata os temas da mobilidade. O autarca falou durante a discussão da petição “Entrecampos Com Mais Segurança Rodoviária e Pedonal”, um documento que conta com a assinatura de Pedro e de mais 353 pessoas e que chegou às mãos dos deputados municipais no início de Janeiro (a petição tem agora mais de 2700 assinaturas, número impulsionado pelos atropelamentos recentes). Nessa reunião, de acordo com alguns dos presentes, foi detalhados que os atravessamentos pedonais das duas avenidas vão passar a ter pintura anti-derrapante, bem como sinais verticais e pictogramas no asfalto de 40 km/h; a Avenida das Forças Armadas passará a ter um corredor BUS segregado no sentido ascendente; e os radares serão instaladas na saída do Eixo N/S e do túnel da Avenida EUA sob a Avenida de Roma.

A petição “Entrecampos Com Mais Segurança Rodoviária e Pedonal” à data deste artigo (captura de ecrã por LPP)

Em relação à semaforização, Anacoreta Correia detalhou que os semáforos vão passar a fechar (ficar vermelhos) com excesso de velocidade e que está em estudo a instalação de câmaras nesses semáforos para multar quem infrinja passando o vermelho. Já na passadeira da Avenida EUA, onde foi atropelado o estudante e que em 1999 já era descrita pelo jornal Público como a “passadeira mortífera”, será alvo de um redesenho com o objectivo de garantir a segurança da mesma.

Numa nota divulgada nas redes sociais, em reacção à reunião na qual participou com duas peticionárias, Pedro Franco diz que “as medidas a tomar são para ontem” but that “ainda vamos a tempo de prevenir mais mortes na nossa cidade”. “Face à inércia de dois anos em relação a este assunto, podemos com efeito dizer que esta reunião trouxe avanços, mas julgamos que não são suficientes”, pedindo “barreiras físicas (lombas/almofadas de Berlim) e fiscalização (radares) para que o trânsito efectivamente seja moderado, para que não haja mais desastres e atropelamentos mortais”.

“Continuaremos aqui para exigir que os objectivos da petição sejam concretizados. Não vamos descansar enquanto não virmos uma mudança real na rua. É a missão que assumimos por todas as vítimas do descalabro rodoviário em Lisboa, e pela nossa visão de cidade”, escreveu ainda o jovem de 28 anos, numa publicação conjunta com o movimento Lisboa Possível.

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