Com o “sim” dado pelos deputados municipais nesta terรงa-feira, abre-se caminho para o que poderรก ser o primeiro referendo por iniciativa popular da Democracia portuguesa. A proposta ainda precisa passar pelo crivo do Tribunal Constitucional.

Foi aprovada esta terรงa-feira, 3 de Dezembro, na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) a proposta de referendo local do Movimento Referendo Pela Habitaรงรฃo (MRH), que pretende legar aos munรญcipes a decisรฃo de cessar o alojamento local em prรฉdios destinados ร habitaรงรฃo.
Com os votos contra do PSD, CDS, IL, PPM, Alianรงa, Chega e deputada nรฃo-inscrita Margarida Penedo, a abstenรงรฃo do PCP e do MPT e os votos favorรกveis do PS, BE, Livre, PEV , PAN e deputados nรฃo-inscritos Daniela Serralha e Miguel Graรงa, a iniciativa popular do referendo local foi aprovada por maioria.
Com o aval da AML, a proposta fica livre para seguir para o Tribunal Constitucional, que avaliarรก a sua legalidade e constitucionalidade num prazo mรกximo de 25 dias.
As duas perguntas a referendar, aprovadas no รขmbito da votaรงรฃo, sรฃo as seguintes:
- Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local no sentido de a Cรขmara Municipal de Lisboa, no prazo de 180 dias, ordenar o cancelamento dos alojamentos locais registados em imรณveis destinados a habitaรงรฃo?
- Concorda em alterar o Regulamento Municipal do Alojamento Local para que deixem de ser permitidos alojamentos locais em imรณveis destinados a habitaรงรฃo?
Recorde-se que o MRH entregou no dia 8 de Novembro, cerca de 6 500 assinaturas de cidadรฃos de Lisboa que querem levar a cidade ร s urnas. Agora, e apรณs a discussรฃo e escrutรญnio da proposta de referendo pela comissรฃo multipartidรกria criada especificamente para esse fim, e cujo relatรณrio final foi apresentado agora ร Assembleia Municipal, esse desejo fica mais perto de ser cumprido.
โA nossa vontade รฉ que, em tempo de campanha, ganhe o โsimโ, para que as casas da cidade sejam libertadas do peso do turismo e possamos, em conjunto, sonhar um futuro em que os bairros sejam espaรงos habitados e onde, em vizinhanรงa, se possam construir laรงos de solidariedade, de vivรชncia em comunidadeโ, declarou Rosa Santos, moradora no Castelo e membro do Movimento Referendo pela Habitaรงรฃo, ouvida pela AML.
โSabemos que a lei nacional do alojamento local mudou por decreto-lei apenas duas semanas antes de termos entregado as milhares de assinaturas. Mas tambรฉm รฉ verdade que essa mudanรงa nรฃo retira poderes de regulaรงรฃo ao municรญpio, ao contrรกrio do que o lobby do alojamento local tem vindo a dizer, erradamente. Como comprovรกmos em audiรงรฃo e por escrito, a proposta de referendo estรก viva, vรกlida, e deve seguir em frenteโ, concluiu.
A ser bem sucedido, o referendo serรก o primeiro referendo local a ser feito na cidade de Lisboa e o primeiro referendo por iniciativa popular da histรณria da democracia portuguesa.