Depois da acção policial na Rua do Benformoso, a manifestação “Não Nos Encostem à Parede” percorreu, no último sábado, a Avenida Almirante Reis. Milhares de pessoas uniram-se contra o racismo e a xenofobia, e exigiram dignidade e igualdade para todos aqueles que vivem e trabalham em Portugal.
As fotografias são de Beni (@theleftsideleft), cortesia do Jornal Mapa.
“O que aconteceu na Rua do Benformoso a centenas de imigrantes, com pessoas encostadas à parede pela polícia, tornou óbvia a necessidade de não deixarmos que isto volte a acontecer. Sabemos que o que ali se tornou visível não foi um acto isolado, é algo que acontece regularmente em outras periferias de Lisboa e do país.”
A intervenção policial do passado dia 19 de Dezembro na Rua do Benformoso, entre o Intendente e o Martim Moniz, gerou um enorme debate nacional, em particular na comunicação social, sobre os limites da actuação da polícia e a forma como Portugal trata os imigrantes de que tanto precisa.
A imagem de centenas de pessoas, imigrantes e inocentes, encostadas à parede, correu os noticiários e as redes sociais; e vozes de condenação em relação a esta acção, com a assinatura do Governo de Luís Montenegro, levantaram-se de imediato. O Primeiro-Ministro falou de percepções de insegurança, mas o facto de nada ter sido encontrado nesta intervenção – a não ser uma arma branca de uma pessoa portuguesa – tornou estranho e excessivo todo o aparato.

What is certain is that encostar de pessoas à parede é uma prática comum da polícia, em intervenções caracterizadas por rusgas e que vão acontecendo nos bairros das periferias.
No passado sábado, 11 de Janeiro, milhares de pessoas saíram à sura, percorrendo a Avenida Almirante Reis, entre a Alameda e o Martim Moniz. A manifestação Não Nos Encostem à Parede resultou de um apelo público que juntou mais de 1600 individualidades e de 100 organizações de vários quadrantes sociais e políticos, e tornou-se num grito comum contra o racismo e a xenofobia, práticas que têm vindo a tornar-se mais comuns na sociedade portuguesa com a ascensão da extrema-direita.
A marcha reuniu partidos à esquerda, do PS ao PCP, passando pelo BE e Livre, e também movimentos como a Solidariedade Imigrante, SOS Racismo e Vida Justa, associações como a Casa do Brasil de Lisboa e o Moinho da Juventude, e organizações locais da Mouraria e dos Anjos, como Bangladesh Coletivo, Beahmanbaria Community of Portugal, Cozinha Comunitária dos Anjos, Renovar a Mouraria e Sirigaita.