Já era conhecido o traçado em estudo para a expansão da Linha 3 do MTS, mas agora há mais detalhes. Na Trafaria e na Costa da Caparica, por exemplo, vão nascer duas interfaces intermodais, conjugando o metro de superfície com os autocarros da Carris Metropolitana, bicicletas e, no primeiro caso, também com os barcos.

O MTS será expandido até à Costa da Caparica e à Trafaria, ligando os dois terminais fluviais de Almada. Este prolongamento da Linha 3 acrescentará 7,3 quilómetros à rede e contará com 10 novas estações, passando por localidades como Pêra, Funchalinho, Santo António da Caparica e São João da Caparica. O traçado em estudo foi apresentado à população numa conferência realizada a 10 de Fevereiro, que contou com a presença de cerca de 200 pessoas.
Como já tinha sido divulgado, a extensão prevista da Linha 3 vai contar com mais duas estações e mais 600 metros do que inicialmente previsto. O prolongamento será feito a partir da estação Universidade, hoje terminal, junto à NOVA FCT.

Costa terá uma grande estação intermodal
A primeira nova estação será a de Pêra, para servir esta localidade. O metro seguirá depois para a Várzea da Pêra em viaduto para servir a localidade do Funchalinho e acompanhará o troço final do IC20 até à chegada à Costa da Caparica. Aqui existirá uma das principais estações do prolongamento da rede: a estação principal da Costa da Caparica.


Essa estação deverá ocupar um terreno baldio entre o IC20 e a EB 2,3 da Costa da Caparica e ter um carácter intermodal, porque pretende-se encerrar o actual terminal rodoviário da Costa e transferi-lo para esta nova centralidade. Assim, o MTS e a Carris Metropolitana estarão juntos. Haverá ciclovia a passar junto à estação (tal como acontecerá ao longo de todo o novo traçado, mas já lá vamos), bem como um parque para estacionamento e aluguer bicicletas.

Com a introdução do metro, pretende-se a ainda requalificação urbana da “entrada” da Costa da Caparica e de toda a envolvente da futura estação, fazendo o IC20 terminar mais cedo com uma nova rotunda junto à Rua do Juncal, bem como introduzindo uma nova centralidade urbana com novos espaços verdes, um parque de estacionamento dissuasor, nova habitação e comércio, e os novos centro de saúde e quartel de bombeiros da Costa.

A deslocalização do actual terminal rodoviário para junto da futura estação de metro será uma oportunidade para requalificar o espaço onde hoje param os autocarros amarelos. A criação de um jardim é uma das hipóteses em cima da mesma.
A caminho da Trafaria…

A partir da estação central, o MTS vai virar à direita e fazer toda a Avenida Afonso de Albuquerque, que terá de ser reperfilada. Para tal, será ainda feito um estudo de tráfego, que permitirá decidir, por exemplo, se será possível reduzir a avenida de quatro vias para duas. Na Afonso de Albuquerque, estão planeadas três estações: uma no Parque Urbano da Costa da Caparica, outra em Santo António, e uma terceira em São João.

Na Avenida Afonso de Albuquerque, pretende-se manter o carácter de alameda, privilegiar a circulação pedonal e ciclável, afastar o traçado do metro o mais possível dos edifícios e dinamizar o comércio local. A instalação do metro será um pretexto para renovar o colector de drenagem que está no subsolo e a terminar o seu período de vida útil.

O MTS seguirá depois pela Avenida 25 de Abril, com uma estação em São Pedro da Trafaria e outra nas Matas Nacionais, Subirá depois para passar nos Bombeiros Voluntários da Trafaria, onde terá também uma estação, e para terminar, por fim, junto à estação fluvial da Trafaria.
O metro enquanto oportunidade
A expansão do MTS é uma oportunidade para reestruturar a mobilidade ao longo do novo traçado, requalificar o espaço público, criar novas centralidades urbanas, valorizar o espaço rural, reforçar a estrutura verde e desenhar novo mobiliário urbano.

Na Trafaria, alguns destes objectivos serão também conseguidos, não só porque a passagem do metro obrigará a rever o desenho de alguns arruamentos, mas também porque a estação terminal será outra das mais importantes do prolongamento em estudo: aqui, o MTS deverá voltar a encontrar-se com a Carris Metropolitana, numa estação de dois pisos em que o metro parará em cima, os autocarros em baixo, e o terminal fluvial estará mesmo à frente. Os passageiros poderão facilmente trocar de modo de transporte, sem apanhar chuva.


Entre a Pêra e o Funchalinho, o metro vai ter um troço em viaduto não só porque é preciso regularizar o traçado em relação ao desnível do terreno, mas também porque se trata de uma zona de inundações. O MTS vai, neste local, estar integrado numa paisagem rural, atravessando o corredor verde que a Câmara de Almada pretende estabelecer entre o Parque da Paz e a Costa e, em particular, um parque verde que será construído entre a FCT e a Costa. A estação da Várzea de Pêra vai ter ligações pedonais quer à Pêra, quer ao Funchalinho, por cima do IC20.

46 minutos entre Cacilhas e Trafaria
A extensão da Linha 3 permitirá uma viagem entre o Pragal e a Costa da Caparica de 14 minutos, entre o Pragal e a Trafaria de 27 minutos, e entre a Costa da Caparica e a Trafaria de 13 minutos. Já entre Cacilhas e a Trafaria, a extensão completa da linha, a viagem deverá ser de 46 minutos, tornando-se a Linha 3 na mais longa da rede do MTS. A ligação dos dois terminais fluviais é importante para a coesão da margem sul, em particular do concelho de Almada.

Ao longo de todo o traçado do MTS, será construído um canal pedonal e ciclável, passando a ser possível pegar numa bicicleta na NOVA FCT e chegar à Costa da Caparica ou mesmo à Trafaria. A Câmara de Almada tem também previsto estender esse corredor ciclável até ao Pragal e ao Parque da Paz, dentro do seu projecto de estabelecer um corredor verde ao longo do IC20.

A Câmara de Almada continua a defender a construção de uma nova ponte sob o Tejo – uma quarta ponte, tendo em conta a construção da TTT – entre a Trafaria e Algés, o que permitiria levar o MTS até à Margem Norte. Com o MTS em Algés, juntamente com o LIOS ou a expansão da Linha Vermelha até este mesmo local, nasceria uma grande centralidade na parte ocidental de Lisboa em termos de mobilidade. Até lá, a autarquia gostaria de ver nascer novas ligações fluviais, nomeadamente de uma nova linha entre a Trafaria e Algés, mantendo a actual ligação com Belém.
Calendário ambicioso
O desenvolvimento do projecto de expansão do MTS segue um calendário ambicioso. Em Março do ano passado, o Governo delegou ao Metro de Lisboa a responsabilidade de elaborar os estudos para a extensão do MTS à Costa da Caparica, tendo, em Julho, sido assinado um protocolo entre a Metro, a Câmara de Almada e a TML, marcando o início oficial do projecto. Foi constituído, então, um grupo de trabalho para estudar o traçado e lançar quatro estudos: um de procura, que está em curso, um de topografia, que está já adjudicado, um geotécnico, que está em adjudicação, e um estudo de tráfego rodoviário, que está em preparação.

Entre Fevereiro e Março, decorre uma primeira fase de consulta e participação pública, permitindo que a população dê sugestões e contributos para a proposta final. No final de 2025, deverá estar concluída a Avaliação de Impacte Ambiental, um passo que inclui outra fase de consulta pública. Em Dezembro de 2026, está prevista a entrega ao Estado da 1ª fase do projecto (estudo prévio), definindo o traçado final da nova linha. Se tudo correr bem, o MTS terá chegado à Costa da Caparica e à Trafaria lá para 2029.
Com esta expansão, o MTS promete reforçar a coesão territorial, melhorar a mobilidade e contribuir para a valorização ambiental e urbanística do eixo entre Pêra, a Costa da Caparica e a Trafaria, promovendo um modelo de transporte mais eficiente e sustentável. A aposta no MTS contribuirá para a requalificação urbana, promovendo espaços públicos mais acessíveis e interligando diferentes meios de transporte, incluindo rodoviário e fluvial.
A participação pública em curso será crucial nesta fase. No dia 20, às 18h30, haverá uma sessão de participação pública no Casino da Trafaria; no dia seguinte, à mesma hora, será no INATEL da Costa da Caparica. No dia 6 de Março, às 18h30, haverá uma conferência de encerramento com apresentação dos resultados desta fase participativa novamente na NOVA FCT – esperemos que, desta vez, seja utilizado um auditório maior. More info here.