Apesar de em 2020 a Câmara de Lisboa ter anunciado uma ciclovia segregada para a Avenida de Ceuta, no âmbito do seu programa de ciclovias pop-up, o projecto definitivo para aquela avenida mantém um percurso partilhado entre peões e ciclistas.

Apesar de em 2020 a Câmara de Lisboa ter anunciado uma ciclovia segregada para a Avenida de Ceuta, no âmbito do seu programa de ciclovias pop-up, o projecto definitivo para aquela avenida mantém um percurso partilhado entre peões e ciclistas. Concurso público para a renovação da Avenida de Ceuta está lançado, empreitada deverá seguir-se.
De acordo com o mapa da rede ciclável construída e prevista para a cidade de Lisboa, a infraestrutura da Avenida de Ceuta vai dividir-se em dois troços: um primeiro logo a seguir ao túnel e que será o dito “percurso ciclopedonal”, integrado no Corredor Verde; e depois um outro que terá a forma de ciclovia bidireccional e que se prolongará pelas Rua João de Oliveira Miguens e Rua de Cascais, duas ruas contíguas à Avenida de Ceuta, até Alcântara.


Por agora, só o “percurso ciclopedonal” – que vai passar passar ao lado da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcântara até à Quinta do Cabrinha – irá avançar. A Câmara de Lisboa tem o concurso público para a última fase do Corredor Verde do Vale de Alcântara lançado (procedimento nº 6/CP/DGES/ND/2021), permitindo dar continuidade ao corredor que por agora termina no túnel que permite atravessar a linha férrea.
O projecto, que é da responsabilidade da vereação dos Espaços Verdes de Sá Fernandes, foi revisto em 2019 mas não para incluir uma ciclovia segregada. Assim, os ciclistas que descerem o Vale de Alcântara vindos desde Campolide vão ter de partilhar o espaço com peões, num percurso que deverá ter pouco tráfego pedonal. Na memória descritiva, lê-se que o novo percurso inicia-se “em contiguidade com a Quinta da Bela Flor, dando sequência ao percurso ciclável que emerge da passagem desnivelado”.




O corredor verde ao longo da Avenida de Ceuta terá dois lagos e um riacho artificial ao longo do tráfego rodoviário; a água será reciclada e proveniente da ETAR, e vai ser contida através de um muro de um lado, com uma margem elástica do outro onde se promoverá o desenvolvimento de espécies ripícolas. “Nos espaços adjacentes aos lagos, superfícies verdes e pavimentadas oferecem possibilidades de estadia e ligações pedonais, em conexão com a proposta de clareiras e bosquetes propostos.”


O tráfego ciclável irá passar por um passeio no lado nascente da Avenida de Ceuta, que deverá ser alargado para 3,6 metros e que será “resguardado da via, através de um espaço continuo verde, onde se sugere estender o alinhamento de plátanos já existente”. O separador central da avenida será mantido com os seus 4,5 metros para a criação do já referido canal de água reciclada, que poderá ser apreciado do vidro do automóvel numa curta passagem pelo local. Se não fosse o separador central reservado para o riacho, seria possível instalar uma ciclovia bidireccional com uma excelente largura na Avenida de Ceuta.

De acordo com o projecto de arquitectura, a Avenida de Ceuta irá manter, em cada sentido, duas vias de trânsito com uma terceira via BUS dedicada a transportes públicos. O passeio partilhado será desenvolvido apenas no lado nascente da avenida.
Ciclovia bidireccional na Avenida de Ceuta ainda sem data
O percurso ciclopedonal e a intervenção no geral na Avenida de Ceuta vão terminar à entrada da Quinta do Cabrinha. A partir daí, os ciclistas poderão seguir na futura ciclovia bidireccional até Alcântara. Contactada pelo Lisboa Para Pessoas, a EMEL diz que tem em estudo “a concretização de uma ciclovia que parta da zona das docas de Alcântara, passe o Viaduto de Alcântara e faça a ligação pela Avenida de Ceuta ao troço ciclopedonal”. A empresa, responsável pela construção de novas ciclovias na cidade, não quis comprometer-se com datas, nem avançar mais detalhes sobre como poderá ser o traçado.
A EMEL também não esclareceu se a ciclovia mencionada poderá solucionar a interrupção actualmente existente nas docas, onde os ciclistas são obrigados a descer do veículo. O Porto de Lisboa, gestor do espaço, chegou recentemente a mudar a sinalização para reforçar a proibição. A situação poderia, no entanto, ser rapidamente corrigida com a criação de um percurso ciclável a norte das docas, pela zona da linha (ver foto em baixo), que ligasse a zona inferior ao tabuleiro da Ponte 25 de Abril à estação GIRA localizada na Praça da Doca de Alcântara. O colectivo Vizinhos de Belém está a trabalhar nesta proposta e noutras sugestões de melhoria da ciclovia ribeirinha, prevendo ter um documento pronto em breve.




Certo é que a Câmara Municipal de Lisboa tinha anunciado em Junho de 2020 uma ciclovia pop-up na Avenida de Ceuta, que de acordo com as primeiras previsões estaria concluída em Setembro daquele ano. O traçado divulgado mostrava a ciclovia a fazer a ligação desde o túnel ciclopedonal que permite o atravessamento da linha férrea até Alcântara. A ciclovia na Avenida de Ceuta é fundamental para ligar a parte ocidental de Lisboa (Alcântara, Ajuda e Belém) às zonas norte e central da cidade por Campolide.