E se ligássemos Monsanto a Algés? A ponte esquecida entre Lisboa e Oeiras que pode ser solução

Foi construída com a CRIL para servir de acesso de emergência a Monsanto, mas não tem saída rodoviária do lado de Lisboa. Por isso, é pouco utilizada, pelo que poderá ser aproveitada para estabelecer um corredor pedonal e ciclável entre Lisboa e Algés.

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A CRIL – Circular Regional Interior de Lisboa, um dos eixos rodoviários estruturantes da Margem Norte da área metropolitana, proporciona proporciona uma barreira entre os concelho de Lisboa e o de Oeiras. Essa limitação física impede, por exemplo, que a população de Miraflores e Algés possa aproveitar o Parque Florestal de Monsanto. Mas será que há forma de ligar uma zona populada do concelho de Oeiras ao “pulmão verde” de Lisboa?

O tema de estabelecer uma ligação entre Monsanto e Algés surgiu durante a discussão pública do projecto das “Portas de Algés”, que decorreu no final de Junho. Isaltino Morais, Presidente da Câmara de Oeiras, comentou durante a sessão que a autarquia “está a estudar” essa “hipótese”, que terá sido também levantada pelos especialistas ouvidos também no âmbito do referido projecto. No mesmo encontro, aberto à participação da população, um munícipe apresentou logo uma ideia: porque não aproveitar uma ponte que já existe, e que foi construída com a CRIL para permitir um rápido acesso de emergência dos bombeiros de Algés a Monsanto?

A ponte em questão foi edificada em 2002, quando se fez o troço entre Miraflores e Algés da CRIL. Começa nas traseiras de uns prédios, junto à Avenida dos Bombeiros Voluntários, e termina na mata do Alto do Duque, pertencente ao Parque Florestal de Monsanto. De circulação rodoviária proibida (excepto veículos de emergência e outras viaturas autorizadas pela Câmara de Lisboa), a ponte praticamente não tem utilização. O acesso à ponte é feito por uma pequena rua local, também de pouco tráfego, e que apresenta alguma inclinação.

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Sem fazer nada, a ponte pode ser utilizada já hoje para pedalar ou caminhar entre Lisboa e Oeiras, como aponta Gonçalo Matos, responsável pelo núcleo de cidadania local Vizinhos de Belém. Como muitos outros residentes de Belém, Gonçalo faz a sua vida em Algés e usa Monsanto como um refúgio para desporto e lazer. A ideia de melhorar as acessibilidades entre Belém e Algés agrada-lhe e a possibilidade de o fazer através daquela ponte também. Mas, olhando para o território, sugere a criação de um novo percurso pedonal e ciclável mesmo ao lado da CRIL de forma a permitir a requalificação e preservação de toda a encosta, bem como uma descida com menor inclinação até à baixa de Algés.

Com maior ou menor inclinação, o que é facto é que hoje já é possível chegar, a partir daquela zona de Oeiras e pelo interior da mata do Alto do Duque, até à Avenida das Descobertas, no Alto do Restelo, em Lisboa. Nesse local, basta atravessar a avenida (onde inclusive está prevista infraestrutura ciclável há vários anos) e continuar o percurso pela restante área de Monsanto e respectivas estradas, caminhos e trilhos.

Na sessão dedicada às “Portas de Algés”, um ambicioso projecto de requalificação do espaço público de uma das principais entradas no concelho de Oeiras, ficou claro que o município de Isaltino Morais tem interesse em consubstanciar uma ligação ao Parque Florestal de Monsanto. Luís Serpa, um dos técnicos municipais presentes disse ser pertinente “pensar de que forma poderíamos estender a infraestrutura verde da mata de Monsanto e levá-la até ao rio” também no âmbito deste projecto, uma vez que a requalificação da Avenida e respectiva envolvente poderá inclusive ser pensada no âmbito de um corredor verde que promova não só essa ligação, mas também conexões a parques urbanos existentes (o de Miraflores) ou planeados (o futuro Parque Urbano de Algés) no lado de Oeiras.

Além desta ponte rodoviária sobre a CRIL, há uma outra possibilidade para ligar Monsanto a Algés: mais junto a Miraflores, por detrás dos novos empreendimentos conhecidos como Parque dos Cisnes e num dos nós de saída da CRIL, existe uma passagem inferior nunca activada. Foi construída a pensar num novo acesso da CRIL nunca executado na totalidade e que agora está a ser pensada para a passagem do metro ligeiro de superfície LIOS, que virá do Hospital de São Francisco Xavier, em Belém, e que por ali entraria no concelho de Oeiras. É sabido que o LIOS será acompanhado, ao longo de todo o seu traçado, por uma ciclovia segregada e passeios confortáveis. Contudo, desconhecem-se ainda os detalhes do conceito, estando ainda em estudo o traçado daquele metro de superfície no concelho de Oeiras, nomeadamente neste local.

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