Com o serviço estabilizado, Carris Metropolitana aposta na simplificação das linhas

A TML admite a fusão de diferentes linhas que acabam por ser muito idênticas e que podem ser variantes de uma mesma linha, em vez de uma linha à parte.

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Depois de um arranque muito complicado, e com um ano de operação na Margem Sul já consumado, a Carris Metropolitana olha agora para os próximos passos. Um deles passa pela simplificação da rede e das linhas existentes, principalmente na Margem Sul. Em cima da mesa, estará a fusão de diferentes linhas que acabam por ser muito idênticas e que podem ser variantes de uma mesma linha em vez de uma linha à parte, admite a TML

“Agora que tudo está mais estável e, partindo do princípio que ainda é necessário chegar mais longe, está a trabalhar para simplificar a rede e as linhas mantendo o serviço existente”, indica a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML, responsável pela operação da Carris Metropolitana. “É vontade afirmada da TML avançar para um processo de simplificação da rede e das linhas existentes. Para avançar com esta simplificação, é necessário analisar em detalhe a rede e medir os diferentes impactos de cada eventual alteração. Será a partir desta análise que estaremos em condições de fundir diferentes linhas que acabam por ser muito idênticas entre si e que podem ser pensadas numa lógica de variante de uma mesma linha e, ao mesmo tempo, em outros casos, criar variantes de linhas onde estas não existem quando se averiguem necessárias. Este processo de simplificação visará sempre a melhor leitura e optimização dos serviços existentes”, esclarece aquela entidade ao LPP.

Exemplo de uma linha com variantes (captura de ecrã por LPP)

O lançamento da Carris Metropolitana na Margem Norte, no início deste ano, decorreu de forma distinta do na Margem Sul. Em vez de serem criadas linhas com numerações diferentes para indicar variações no serviço de autocarro (por exemplo, um trajecto distinto), optou-se, na Margem Norte, por criar linhas únicas com várias variantes. Por exemplo, as linhas 1113, 1114 e 1116, que estavam previstas como linhas independentes, foram transformadas em variantes da 1115 antes do lançamento da Carris Metropolitana no concelho de Oeiras – são linhas que teriam um percurso idêntico mas cada uma delas teria menos circulações, pelo que entendeu-se fazer mais sentido integrar todas as variações da oferta sob um mesmo número. Na Margem Sul, já existiram algumas fusões desde o arranque da operação o Verão de 2022, como a linha 4561 que foi unida à linha 4560, ou a 3116 que foi fundida com a 3115.

Por outro lado, também podem existir linhas com demasiadas variantes. Pode ser o caso, por exemplo, da linha 2750, que integra oito variantes distintas. Se historicamente o transporte público rodoviário na área metropolitana de Lisboa sempre funcionou com variantes, será preciso perceber qual o número máximo de variantes que uma mesma linha poderá ter, permitindo aos passageiros uma leitura fácil do serviço sem se perderem em alíneas.

Monitorizar a rede para reforçar serviço. Linhas em falta serão lançadas a partir de Setembro

A Carris Metropolitana tem várias linhas que não chegaram a ser lançadas, apesar de estarem previstas nos planos iniciais. A TML e os quatro operadores privados têm vindo a colocar no terreno novas linhas de forma gradual, como a 3005, um autocarro que faz um serviço circular em Almada Velha. “A partir de Setembro, prevê-se a entrada das restantes linhas previstas para a Área 3”, indica ao LPP, acrescentando que “a TML tem optado por reforçar serviço nas áreas e locais onde se verifica que este faz falta às pessoas, mais do que em locais previamente identificados”. “Ao estar diariamente no terreno a acompanhar de forma permanente a operação, deparamo-nos com necessidades que exigem uma resposta mais imediata que não estava inicialmente prevista. Isto não significa que outras linhas não venham a operar, mas, como é do conhecimento público, a necessidade intensiva de motoristas não permitiu implementar a rede toda, particularmente na Área 3. Ainda assim, novas linhas têm vindo a ser implementadas e as linhas existentes são monitorizadas e ajustadas/reforçadas com novos horários, mediante as necessidades detetadas”, esclarece.

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A TML diz que está a monitorizar a rede já em operação não apenas através da plataforma tecnológica (onde já consegue verificar as circulações dos autocarros em tempo real, e respectivas validações) como igualmente com as equipas que já tem no terreno. “Mesmo não estando ainda em operação todas as linhas previstas no processo, a actual produção quilométrica já se encontra próxima do referencial objectivo, fruto das várias intervenções na rede que aumentaram o serviço de transporte nas linhas em operação. A entrada das novas linhas continua dependente da afectação efetuada aos novos que recursos que têm vindo também a permitir os reforços efetuados, para resposta ao aumento de procura.”

Por outro lado, está também a ser desenvolvido pela TML um esforço e trabalho adicionais para garantir a estabilidade dos horários escolares nos períodos de entrada e de saída das escolas. As alterações nestes horários têm sempre implicações na estabilidade dos horários dos serviços de autocarros. Estão em curso reuniões com os agrupamentos escolares e com as diferentes Câmaras Municipais para que se procure antecipar e garantir a maior estabilidade possível a partir de Setembro, no arranque do novo ano lectivo.

A título de exemplo, a Carris Metropolitana diz que garante hoje mais 130% de serviço em Palmela do que o que antes (2018) era prestado pelos diferentes operadores, nesta que é talvez a mais complexa operação de transportes do país. O serviço da Carris Metropolitana operado em Palmela e particularmente em toda a Área 4, está hoje melhor do que antes da entrada em vigor da nova operação rodoviária que veio ligar os transportes dos 18 municípios da amL, garantiu Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa, numa reunião recente do Conselho Local de Mobilidade realizada em Palmela. A Alsa Todi, a operadora que assegura o serviço na Área 4, tem dito também que alcançou a estabilidade após um começo turbulento – afirmação que os passageiros reconhecem.

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Maio foi o mês com maior número de passageiros transportados na Carris Metropolitana, com aproximadamente 13 milhões de viagens realizadas em todas as áreas de operação. A Carris Metropolitana detém um universo de mais de 12 mil paragens de autocarro, 20 mil serviços diários e 800 linhas, nos mais de três mil quilómetros quadrados da área metropolitana de Lisboa; e criou a necessidade da criação de muitas centenas de novos postos de trabalho de motoristas – uma matéria na qual se verificaram várias dificuldades.

Lado tecnológico da Carris Metropolitana está atrasado mas em desenvolvimento

O lado tecnológico da Carris Metropolitana está atrasado mas a TML diz que continua em desenvolvimento. Falamos dos horários em tempo real de todos os autocarros da Carris Metropolitana – com a disponibilização dessa informação ao público, os passageiros poderão, através de aplicações como o Google Maps ou a Moovit, saber exactamente onde está o autocarro e quanto tempo demorará a chegar à paragem. Falamos também da possibilidade de pagar viagens na Carris Metropolitana com o cartão bancário ou outra tecnologia sans contact, como o Apple Pay, à semelhança do que já existe no Métro de Lisbonne et Fertagus.

Falamos também de duas aplicações para o telemóvel. Uma delas será para o Navigateur e permitirá ter o passe em formato digital, fazer carregamentos, gerir a conta de passageiro, e também terá um planeador de viagens que deverá integrar todos os transportes da área metropolitana. A outra app será dedicada à Carris Metropolitana. Falamos ainda do portal Navegante, lançado recentemente, e que continua em desenvolvimento para permitir, no futuro, comprar o passe ou fazer carregamentos, à semelhança do que será possível na aplicação móvel. Nos planos, está também o serviço Navegante Empresas, que permitirá a entidades colectivas (incluindo associações) comprarem e gerirem passes/cartões Navegante para as suas equipas. “Gostaríamos que gradualmente todas estas novidades pudessem vir a ser uma realidade, a partir do 3º trimestre deste ano”, indicou a TML ao LPP.

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Quanto aos painéis exteriores já instalados na Margem Sul junto a paragens da Carris Metropolitana, para mostrar também os horários de chegada dos autocarros em tempo real, a empresa prevê “entrar em fase de testes durante o mês de Agosto”. Os painéis na Margem Norte estão agora a começar a ser instalados. No total, serão 370 painéis exteriores e 50 painéis interiores em toda a área metropolitana de Lisboa, executados pela empresa DMS – Displays & Mobility Solutions, Lda., que ganhou, em 2021, o concurso o público internacional no valor de 1,8 milhões de euros. Quanto aos painéis interiores, que serão colocados em estações de comboios e outros pontos de passagem de passageiros, “o processo de instalação tardará um pouco mais pois está dependente de questões de licenciamento e de aprovações de outras intervenientes” – como é o caso da Infraestruturas de Portugal (IP), que gere a infraestrutura ferroviária do país e também da área metropolitana.

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