A EMEL inaugurou três novas estações GIRA em Belém, com uma quarta a ficar disponível já neste fim-de-semana. As novas estações estão localizadas no eixo da Avenida da Índia, onde a Câmara de Lisboa planeia construir uma ciclovia até 2029.

A EMEL inaugurou, nesta quinta-feira, 9 de Janeiro, três novas estações GIRA na freguesia de Belém, que passou a contar com um total de sete estações. As novas estações estão situadas no eixo da Avenida da Índia, onde não existe ciclovia para proteger os utilizadores da bicicleta e onde, no final do ano, um ciclista desportivo foi vítima de um atropelamento mortal. Uma quarta estação ficará disponível no fim-de-semana.
Ainda assim, mesmo sem infraestrutura dedicada, as novas estações são um importante reforço da rede GIRA na zona ocidental de Lisboa. As três estações vão servir não só a interface de transportes de Algés, na fronteira com Oeiras, como o coração turístico de Belém junto aos icónicos Pastéis. Já a estação GIRA instalada no Museu Nacional dos Coches passa a ser a mais próxima da estação de comboios e do terminal fluvial.
Estas são as três novas estações:
- 230 – Rua Fernão Mendes Pinto / Rua Damião de Góis, com 27 docas
- 233 – Rua de Belém / Jardim Vasco da Gama, com 12 docas
- 234 – Av. da Índia / Museu Nacional dos Coches, com 22 docas
- 235 – Rua da Junqueira / Rua Pinto Ferreira (Universidade Lusíada), com 16 docas



Numa breve cerimónia de inauguração, que decorreu junto à estação da interface de Algés, o Presidente da Junta de Freguesia de Belém, Fernando Ribeiro Rosa, manifestou satisfação com esta expansão, referindo ser ”uma ambição antiga termos as estações GIRA a funcionar em pleno na nossa freguesia”. O processo, no entanto, sofreu atrasos, uma vez que, em 2021, pelo menos duas das três estações agora inauguradas foram inicialmente instaladas em lugares de estacionamento. Esta decisão não foi bem recebida pelo autarca, que pediu à EMEL que as deslocasse para áreas pedonais.
Com esta mudança, algumas estações inicialmente planeadas para servir a parte alta da freguesia, o Restelo, acabaram realocadas para zonas mais ribeirinhas e planas de Belém. Foi o caso da estação 233, que, originalmente, estava prevista para o topo da Avenida da Torre de Belém. Agora, Ribeiro Rosa pede a GIRA novamente no Restelo. “Quando possível, era importante fazer a ligação da zona de cima da freguesia. Com mais meia dúzia de estações, apanhávamos Caselas, a Escola Secundária, as Piscinas e todo o Alto do Restelo”, disse o Presidente da Junta de Belém.


Por seu lado, o Presidente da EMEL, Carlos Silva, mostrou-se alinhado com a preocupação de Ribeiro Rosa quanto à rede GIRA ser construída com “consensos”, conciliando a mobilidade ciclável com a pedonal e a automóvel. Para Carlos Silva, que falava ao lado da estação GIRA de Algés, colocada junto a um parque de estacionamento num espaço de passeio sem função de circulação, essa estação é “emblemática para a EMEL” parce que “vai permitir uma ligação intermunicipal”. “Vai permitir que as pessoas possam chegar aqui a Algés de transporte público e possam tomar uma bicicleta para Lisboa”, disse o responsável. Note-se que a GIRA só pode ser utilizada dentro do concelho de Lisboa, não podendo ser levada para Oeiras.
Ciclovia na Avenida da Índia “está prevista”
A abertura destas três estações GIRA – e de uma quarta no fim-de-semana, localizada na Rua da Junqueira, atrás da Cordoaria – tornou inevitável não se falar do eixo da Avenida da Índia, onde, no final de 2024, morreu Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). Pedro circulava de bicicleta, em desporto, naquela avenida, na madrugada de um sábado, quando foi atropelado por um carro conduzido por um jovem embriagado. Amigos de Pedro, outros utilizadores da bicicleta como desporto e várias pessoas utilizadoras da bicicleta como meio de transporte marcaram para este domingo de manhã, 12 de Janeiro, um passeio de bicicleta entre Cascais e Lisboa com uma vigília de atropelamento mortal.

A Câmara de Lisboa tinha, em 2020, prometido uma ciclovia na Avenida da Índia, mas o projecto acabou suspenso por não ter existido consenso político em relação à eliminação de uma via de circulação. Mas a intenção de criar uma ciclovia nesta avenida não foi abandonada, assegura Filipe Anacoreta Correia, Vice-Presidente da Câmara de Lisboa. “Estamos a trabalhar numa rede também na ciclovia da Avenida da Índia. Não tenho ainda o pormenor exactamente como e até onde é, mas confirmo que está prevista”, disse ao LPP. “Nós apresentamos, como se recorda, no ano passado, a previsão da expansão da rede de ciclovias para 2024-25, e, na altura, dissemos que no primeiro semestre deste ano, iríamos apresentar o plano de expansão até 2029. E está previsto haver ciclovia aqui na Avenida da Índia.”

Segundo Anacoreta Correia, o eixo da Avenida da Índia já tem duas ciclovias, uma na Rua Fernão Mendes Pinto e outra junto ao rio, a designada Ciclovia Ribeirinha. Quanto a esta, “havia três ou quatro sítios onde havia links, ou seja, sítios onde a ciclovia não estava concluída” e que estão a ser foco de intervenção. Um deles já foi resolvido no Braço de Prata, e falta agora completar a ligação entre o Terreiro do Paço e o Caos do Sodré, e também na Doca de Santos. “Vai ser uma solução mais desafiante do ponto de vista técnico”, adiantou o Vice-Presidente da Câmara de Lisboa.
“Até ao final do mandato”, ou seja, até Outubro, o autarca está convencido de que será possível resolver essas três descontinuidades, mas o projecto da Ciclovia Ribeirinha não se ficará por aí. “Estamos a trabalhar num redesenho mais estrutural e mais substancial desta ciclovia, e isso fará parte também do âmbito do projecto de ampliação de rede”, adiantou. “Estamos a trabalhar em várias frentes. São muito ambiciosas as metas que estabelecemos para este mandato e para o final de 2025, mas estamos a conseguir.”
Com as três novas estações GIRA de Belém – e mais a quarta que vai ficar disponível no fim-de-semana –, a cidade de Lisboa passará a contar com 178 estações. Segundo a EMEL, estão disponíveis 2090 bicicletas neste momento, tendo uma série de novas bicicletas sido postas a circulação durante a inauguração em Belém. Um dos próximos passos é fazer a GIRA chegar à Ajuda e a Santa Clara, as únicas duas freguesias da cidade que ainda estão fora da rede. “A GIRA era um projecto que estava muito identificado com o centro da cidade, com a zona mais comercial, de trabalho e de serviços. E nós procuramos transformar este projecto num projecto de mobilidade para toda a cidade. Por isso, estabelecemos a meta de chegar às 24 freguesias. Estamos convencidos que vamos conseguir essa meta”, disse Anacoreta Correia.
“E deixe-me dizer que estou muito satisfeito também, porque tive a confirmação hoje mesmo de que nós chegamos às 2 090 bicicletas. Já tínhamos tomado a decisão de fazer uma nova aquisição e elas já chegaram. Portanto, eu andei agora numa bicicleta dessas novas que chegaram. No início do mandato, tínhamos cerca de 900 bicicletas eléctricas e nós mais que duplicamos a oferta de bicicletas. Do ponto de vista de docas, nós estamos hoje já 75% acima da oferta que existia. Isso significa que os números falam por si. Em política, muitas vezes há muitas pretensões e discursos e nós aqui podemos falar com a segurança dos números”, acrescentou o autarca.