
A percentagem de alunos que diz deslocar-se para a escola de bicicleta aumentou de 1,0% para 1,5% num ano – o que representa um crescimento de 50%. O automóvel continua a ser o dominante com 51,4%, mas 24,2% diz que vai a pé e 19,0% de transporte público. Os resultados contam do inquérito anual Mãos Ao Ar, promovido pela autarquia.
O Mãos Ao Ar é um inquérito realizado em várias escolas públicas e privadas da cidade de Lisboa, entre alunos do ensino básico ao secundário. Com uma só pergunta – “como vens habitualmente para a escola?” –, as respostas são registadas pelos professores em sala de aula através do levantar do braço (daí o nome do inquérito).
Os resultados da edição de 2020 do Mãos Ao Ar traçam uma radiografia da mobilidade escolar na cidade. O relatório pode ser consultado nesta página ou descarregado no final deste artigo. Partilhamos aqui alguns destaques:
- a utilização do automóvel subiu ligeiramente de 2019 para 2020, de 48,6% para 51,4%. Houve simultaneamente uma diminuição do transporte público, de 23,6% para 19%. Tanto a mobilidade pedonal como a ciclável cresceram de um ano para o outro. A pandemia poderá explicar a migração do transporte colectivo para o transporte individual;
- há bem mais alunos de escolas públicas a deslocarem-se a pé para as aulas (31,5%) do que de escolas privadas (11,9%), o que poderá ter a ver com a natural maior proximidade dos agrupamentos escolares públicos das áreas de residência dos jovens;
- no entanto, apenas 6,5% dos inquiridos de escolas privadas optam pelo transporte público, contra 26,4% de escolas públicas. Aliás, é entre os alunos de escolas privadas que o carro é mais utilizado: 75,2% responderam que vão habitualmente para as aulas dessa forma, enquanto que nas escolas públicas a percentagem de resposta correspondente é de 37,4%;
- a opção pelo automóvel nas deslocações para a escola vai diminuindo, de uma forma geral, à medida que se caminha do 1º Ciclo para o Ensino Secundário. No sentido contrário, a utilização do transporte público aumenta. Aliás, no caso dos alunos do Secundário, a utilização do autocarro, metro, eléctrico ou comboio nas deslocações para a escola é superior à utilização do carro, um indicador da autonomia desses jovens.
- em relação à bicicleta, enquanto que 1,2% em escolas públicas a usa como modo de transporte habitual para ir para as aulas, nas escolas privadas essa percentagem sobre para 1,9%. No 3º Ciclo e Ensino Secundário é quando a bicicleta é mais popular, principalmente nas escolas privadas: 2,5% e 3,5%, respectivamente.
Iniciativas como os Comboios de Bicicletas, a introdução do ensino da bicicleta, a expansão da rede ciclável e a instalação de estacionamentos seguros à porta podem contribuir para o aumento da repartição modal da bicicleta no meio escolar nos próximos anos.
Na edição de 2020 do Mãos Ao Ar participaram 159 escolas, entre as quais 107 públicas (82%) e 52 privadas (53%). Foram inquiridos perto de 40 mil alunos, correspondendo a 40% da população escolar do 1º ao 12º ano. Em 2019, o volume de participação foi semelhante, ainda que um pouco superior: 188 escolas (117 públicas e 71 privadas) e mais de 47 mil estudantes. Das 159 escolas que participaram no Mãos Ao Ar em 2020, 140 escolas participaram também no ano de 2019, 62 escolas participaram em todas as edições e 13 escolas participaram pela primeira vez no inquérito de 2020. O tamanho da amostra tem, como referido, uma representatividade de 40% da população escolar e que 75% das freguesias da cidade têm uma representatividade superior a 30% em número de alunos. Todas as freguesias de Lisboa estão representadas neste inquérito com pelo menos um escola.
O Mãos Ao Ar é inspirado no inquérito Hands Up Scotland (HUSS) da Sustrans, organização sem fins lucrativos britânica pela promoção da mobilidade activa, que analisa como os alunos de toda a Escócia se deslocam até à escola. Lançado em 2008, esse inquérito constitui o maior conjunto de dados no Reino Unido sobre deslocações para a escola. O Mãos Ao Ar teve início em Lisboa em 2018 e decorre anualmente em Outubro, durante uma semana.