
Chama-se Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles e, quando estiver, pronto terá cerca de seis hectares. Fica na renovada Praça de Espanha, a maior obra do actual mandato de Fernando Medina, cuja conclusão estava prevista para o final de 2020. Apesar do atraso da obra, justificado com a pandemia e com o desabamento em Setembro do ano passado, começam, no entanto, a ser visíveis os seus frutos. Depois da conclusão da rede viária e ciclável no Verão passado, está agora aberta ao público uma parte do novo jardim.
Ainda com obras no local, plantas por plantar e um riacho por aparecer, já é possível começar a usufruir de uma fatia do Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles. A inauguração decorreu este domingo, 13 de Junho, Dia de Santo António, o dia também de Lisboa.
A ideia da autarquia é ir abrindo o novo Parque Urbano à medida que as diferentes partes estejam prontas. Por agora, já é possível passar debaixo do icónico Arco de São Bento – estrutura que em meados do século XX passou da Rua de São Bento para ali, fazendo parte da paisagem da Praça de Espanha desde 1998 –, usufruir de uma ampla área relvada e de vários percursos pedonais, brincar no novo parque infantil ou saltar por cima de onde, no futuro, se tudo correr bem, passará o riacho do Rego, uma linha de água que, com a construção da rotunda há décadas atrás, passou a correr debaixo da terra e do asfalto.
O projecto do novo Parque Urbano – entretanto baptizado com o nome de Gonçalo Ribeiro Telles, o arquitecto que desenhou muita da estrutura verde e que nos deixou em 2020 – foi concebido pelo atelier NPK. A obra, orçamentada em 16 milhões de euros (o que inclui o custo da rede viária e do jardim), só deverá estar concluída na totalidade em Outubro, por altura das eleições autárquicas. Em construção está ainda uma cafetaria, quiosques, a nova entrada do metro e uma bacia de retenção para drenagem e escoamento de grandes quantidades de água, com destino à ETAR de Alcântara, segundo escreve o jornal Público.
Já a ponte pedonal que ligará à Gulbenkian só vai existir mais tarde – será uma empreitada à parte, já existindo concurso público terminado e contrato assinado. Este equipamento vai ser importante para ligar os dois espaços verdes, o da Gulbenkian (cujo prolongamento entrou finalmente em obra) e o da Praça de Espanha – que, por sua vez, também está próximo do Corredor Verde de Monsanto, que passa mesmo ali ao lado em Campolide.
Para a Câmara de Lisboa, o novo Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles foi uma conquista ao alcatrão. “Temos de começar a conquistar espaço ao alcatrão e as pessoas querem isso. Querem sombra, querem bancos para sentar, querem ver os miúdos a correr à vontade”, comentou José Sá Fernandes, vereador com a pasta da estrutura verde, ao jornal Mensagem de Lisboa. Sá Fernandes diz que é por aqui “o futuro das cidades” e que este, apesar de o automóvel continuar a dominar a envolvente, a Praça de Espanha passa a ser também “um sítio para as pessoas”. A elevação do jardim junto aos seus limites externos procura criar uma barreira acústica e também visual para esconder o trânsito, estratégia que já foi usada noutros espaços, como o jardim do Campo Grande ou, de forma diferente, no Campo das Cebolas.
O futuro da Praça de Espanha só ficará composto com os empreendimentos que estão previstos para a zona: o Instituto Português de Oncologia vai ser ampliado, a nova sede do grupo Jerónimo Martins será aqui, assim como a nova sede do banco Montepio; e já na Avenida dos Combatentes, vai ser construído um novo conjunto de 280 casas. Prevista para a zona, estão também três estações de bicicletas partilhadas GIRA, acompanhando o cruzamento ciclável que ali nasceu e que aponta para diferentes partes da cidade: Benfica, Sete Rios, Avenidas Novas, Campolide ou Cidade Universitária.