Os dados mais recentes, de Maio de 2021, dão conta de um volume médio de 120 ciclistas por hora na Avenida Almirante Reis. Tráfego nesta artéria triplicou em relação a Maio de 2020, quando ainda não havia ciclovia.

Em Maio de 2021, passavam mais de 120 ciclistas por hora na ciclovia da Avenida Almirante Reis, que nesse mês, apesar de ainda em obras, já ligava o Martim Moniz à Alameda através de dois corredores unidireccionais, um em cada sentido da avenida. Os dados são do Instituto Superior Técnico (IST), foram contabilizados durante o período de hora de ponta da tarde e resultam do mais recente relatório das contagens bianuais realizadas por uma equipa daquela instituição em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa.
De acordo com o relatório, ao qual o Lisboa Para Pessoas teve acesso, “em Maio de 2021, o volume médio de ciclistas por hora triplicou face a Maio de 2020 (antes da implementação da ciclovia), especialmente na hora de ponta da tarde”. A ciclovia na Avenida Almirante Reis foi implementada originalmente em Junho do ano passado, entre a Praça do Chile e o final da Rua da Palma, uma artéria contígua à Almirante Reis. Em Março de 2021, a ciclovia começou a ser intervencionada para ganhar uma nova configuração undireccional em vez de bidireccional.

Antes da existência da ciclovia, o tráfego de ciclistas na Avenida Almirante Reis era inferior a 40 bicicletas/hora, segundo as contagens que são realizadas pelo Instituto Superior Técnico desde 2017 sempre no mês de Maio (em 2020, começaram a ser feitas também em Outubro). Nos primeiros dias da ciclovia, o volume de ciclistas aumentou para mais de 60 bicicletas/hora. Em Outubro de 2020, ainda sem a ciclovia da Almirante Reis ligada à rede ciclável (terminava na Praça do Chile e na Praça do Martim Moniz), circulam mais de 80 bicicletas/hora. “Observa-se que a implementação da ciclovia permitiu um forte crescimento de utilizadores de bicicletas desde Junho de 2020 e a tendência é de vir a aumentar.”
A equipa do Instituto Superior Técnico, coordenada por Rosa Félix, especialista em área da mobilidade urbana e membro da unidade de investigação CERIS, contabiliza o tráfego de ciclistas na Almirante Reis em dois pontos durante os períodos da manhã e da tarde: na intersecção da avenida com a Rua Pascoal de Melo e no cruzamento com a Rua dos Anjos. O volume médio mencionado em cima é calculado com base nos valores obtidos nestes dos pontos. Na Pascoal de Melo é onde o número de ciclistas mais cresceu. “A passagem de ciclistas é também mais frequente no local H3, o cruzamento com a R. Pascoal de Melo, que permite fazer uma ligação suave ao centro e ao planalto da cidade, a partir da Av. Almirante Reis”, lê-se no relatório de contagens do IST.

Foi observada ainda uma discrepância entre o tráfego de manhã e aquele observado ao final da tarde, o que poderá indicar que a Almirante Reis não seja “usada exclusivamente para deslocações casa-trabalho”. “Em Maio de 2021 o desequilíbrio entre manhã e tarde aumentou, com uma prevalência maior no período da hora de ponta da tarde”, lê-se.
O relatório aponta que até Outubro de 2020 se verificou “um grande crescimento da percentagem de mulheres a usar este eixo”, mas que essa percentagem baixou de 24% para 18% no ponto de observação da Pascoal de Melo e de 28% para 16% no da Rua dos Anjos em Maio deste ano. Já a percentagem de crianças a circular na Almirante Reis manteve-se. “O facto da ciclovia implementada não ser 100% segregada do restante tráfego (nomeadamente veículos em emergência), fará com que possa não ser considerado tão seguro uma criança circular nesta avenida”, justifica a equipa coordenada por Rosa Félix.
O IST realizou as contagens entre 24 e 28 de Maio durante cinco dias úteis na Almirante Reis e noutros pontos da cidade, num total de 19 postos de observação. Foram, nesta campanha de observação, observados e caracterizados 10 507 ciclistas. A equipa contou com oito observadores, devidamente qualificados para o efeito.