A arte da Gulbenkian saiu à rua e pode ser vista no Terreiro do Paço e no Fonte Nova

Com o seu Centro de Arte Moderna fechado para obras, a Gulbenkian colocou contentores na rua com projectos inéditos de Carlos Bunga e Rui Toscano.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

O jardim da Gulbenkian está a ser expandido, o que implicou encerrar o edifício do Centro de Arte Moderna (CAM), que também faz parte da intervenção. Com o CAM fechado, a Gulbenkian tem apostado numa programação fora de portas – o CAM Em Movimento –, que envolve obras da Colecção do CAM e também intervenções originais.

A programação do CAM Em Movimento está a ser lançada em diferentes fases e conta com várias surpresas. Começou com intervenções em comboios nas linhas de Cascais e Sintra, e agora apresenta-se com projectos criados de raiz para dois contentores marítimos, instalados em dois locais da cidade – no Terreiro do Paço e no Fonte Nova.

Uma casa junto ao rio

Carlos Bunga criou o seu projecto artístico num contentor marítimo que foi instalado junto à estação fluvial do Terreiro do Paço, na nova praça da estação Sul e Sueste. Nesta peça, intitulada Home, o pensamento político, mas também poético, que o artista tem desenvolvido em torno da ideia de casa é revelado e questionado. O artista utiliza materiais versáteis e orgânicos, tais como cartão, fita adesiva e tintas de uso doméstico, para produzir instalações site-specific e orientadas para o processo de trabalho e construção.

Surgindo a partir de um diálogo com o espaço arquitectónico existente, estas estruturas efémeras assemelham-se a maquetas de arquitectura em escala real, ou ainda a abrigos de rua temporários. Através do seu trabalho, Bunga não só encoraja os visitantes a repensarem a sua experiência do espaço e da arquitectura, como também evoca a natureza frágil e temporária das estruturas urbanas.

Uma casa junto ao rio

Na Praça do Fonte Nova, renovada em 2017, Rui Toscano apresenta dentro de um contentor marítimo uma escultura original. Intitulada Music Is the Healing Force of the Universe #4, abre um novo contexto narrativo na sua obra. O artista centra-se na imagem de uma pintura de uma peça de cerâmica da Grécia Antiga, na qual Dionísio toca uma lira ladeado por dois sátiros que dançam, agitando um par de castanholas.

A Praça do Fonte Nova – muito movimentada e usada pelos habitantes da freguesia de Benfica, mas também pelos transeuntes que ali passam todos os dias para se deslocarem para o trabalho – passa a constar do mapa de intervenções artísticas do CAM em Movimento, uma iniciativa que quer aproximar as pessoas da arte contemporânea.

Ainda no âmbito da programação do CAM em Movimento, o CAM e a revista Contemporânea convidaram o artista Jaime Welsh a conceber um projecto fotográfico para as páginas da sétima edição impressa da revista, pensadas como um espaço expositivo.

Estas são as mais recentes iniciativas do CAM em Movimento, a programação “fora de portas” que tem vindo a ser expandida e trabalhada durante as obras de renovação do CAM que vão dar um novo rosto ao edifício e ampliar a sua área expositiva. Enquanto a cidade não pode ainda contar com este novo espaço, projectado pelo arquiteto Kengo Kuma, e com o novo jardim que será aberto ao público, esta iniciativa permite novos lugares de encontro das pessoas com as obras de arte do CAM e também com intervenções de artistas convidados.

CAM em Movimento teve início com intervenções nos comboios das linhas de Cascais e de Sintra, da autoria, respetivamente, de Fernanda Fragateiro e Didier Fiúza Faustino; com a colocação no Jardim Gulbenkian de um contentor onde são projetados ciclos de vídeos da colecção do CAM; um projecto para os tapumes que envolvem as obras do edifício do CAM, de ilustração António Jorge Gonçalves, que pode ser visto na Rua Nicolau de Bettencourt;  e ainda uma exposição de obras da Coleção de Arte Britânica do CAM na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais. Os contentores no Terreiro do Paço e no Fonte Nova vão ficar na rua até 30 de Julho. Podes acompanhar o CAM Em Movimento aqui.

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