Depois do lançamento falhado da Carris Metropolitana na Área 4, a TML estará agora a considerar fazer diferente nas restantes três áreas: na Área 3 está assegurado o lançamento do novo serviço a 1 de Julho, nem que seja de forma faseada. Nas Áreas 1 e 2, um adiamento é um dos cenários em análise.

Estava previsto o arranque da Carris Metropolitana a 1 de Julho nas restantes três áreas de operação, mas esse lançamento pode, afinal, ser parcial ou mesmo adiado. Todos os cenários estarão em cima da mesa e em análise pela Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), municípios e operadores neste momento, conforme apurou o Lisboa Para Pessoas
Pelo menos, na Área 3 – que abrange os municípios de Almada, Seixal e Sesimbra –, o lançamento da Carris Metropolitana vai ser faseado, segundo avançou o jornal local O Setubalense nesta quarta-feira. O lançamento da Carris Metropolitana nos municípios de Almada, Seixal e Sesimbra deverá, assim, acontecer na data prevista, a 1 de Julho, mas de forma parcial – “ainda assim com mais 20% em relação à oferta existente”, aponta aquele jornal local, que cita como fontes Francisco Jesus, presidente da Câmara de Sesimbra, e também Inês de Medeiros, presidente da Câmara de Almada.
A 100% só em Janeiro de 2023
A TST já terá a frota completa para arrancar a operação como Carris Metropolitana a partir de 1 de Julho, mas devido a falhas ao nível de motoristas a nova oferta só deverá estar a 100% em Janeiro. Segundo explicou Francisco Jesus a’O Setubalense, a introdução da nova oferta vai ser feita de forma gradual e não de um dia para o outro como estava inicialmente previsto. Foi isso que se tentou na Área 4, tendo resultado num lançamento desastroso. “Decidimos não correr riscos, depois do que se verificou na Área 4”, disse o presidente da Câmara de Sesimbra. “Nesta Área 3 não há falta de autocarros da TST. Há falta de motoristas, que não são suficientes para que a operadora possa cumprir com a totalidade do que está contratualizado.”
Por isso, a Carris Metropolitana vai avançar com uma oferta 20% superior à actual da TST e “depois, a partir de Setembro, a dia 1 desse e dos meses seguintes, será implementado o aumento gradual [de linhas e autocarros]”. E prevê-se que o o serviço esteja “a funcionar em pleno, a cem por cento, a partir de 1 de Janeiro [de 2023]”.
Margem Norte ainda incerta
Já nas Áreas 1 e 2 – referentes aos concelhos da Margem Norte – estará tudo ainda em aberto. O Setubalense escreve que “o principal problema, para já, tem a ver com um considerável número de falta de novos autocarros necessários para assegurar o serviço, por parte dos respectivos operadores”, pelo que um adiamento do arranque da Carris Metropolitana na Margem Norte estará a ser considerado. “Mas esse adiamento até pode ser ultrapassado, caso nestas duas áreas possam, eventualmente, vir a ser utilizados autocarros descaracterizados (ainda sem as corres da Carris Metropolitana)”, escreve O Setubalense.
Ao Lisboa Para Pessoas, a TML não confirmou nem desmentiu esse cenário, referindo apenas que estão a ser estudadas diferentes opções em conjunto com os municípios e as diferentes empresas que irão operar o serviço. Mas a TML não garantiu que a Carris Metropolitana fosse ser lançada na Margem Norte a 1 de Julho como garantiu em relação à Área 3 na Margem Sul. Um lançamento faseado, como o que está previsto para essa Área 3 e como acabou por acontecer na Área 4, é outro dos cenários em análise. O intuito é evitar os problemas verificados nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal com a operadora Alsa Todi, e que o Lisboa Para Pessoas reportou aqui.
Na Área 1, correspondente aos municípios de Amadora, Oeiras e Sintra, a Carris Metropolitana vai ser operada pela empresa Viação Alvorada, que resulta da fusão entre a Vimeca e a Scotturb. Na Área 2, correspondente aos municípios de Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, a Carris Metropolitana estará a cargo da Rodoviária de Lisboa (RL). Já na Área 3 (Almada, Seixal e Sesimbra), vai ser operacionalizada pela Transportes Sul do Tejo (TST).
A Carris Metropolitana entrou em funcionamento na Área 4 (Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal) no passado dia 1 de Junho, mas com muitos problemas que resultaram na suspensão do serviço. A operadora Alsa Todi tem estado a operar a nova marca rodoviária com os horários e linhas do antigo operador – a TST –, prevendo-se a introdução faseada da nova oferta, à medida que os motoristas tomam também conhecimento da mesma.
Os motoristas da Alsa Todi têm estado a receber formação sobre os novos percursos em feriados e “horas mortas”, conforme reporta O Setubalense. “Colocaram os motoristas que estavam de feriado [na sexta-feira, 10 de Junho] a ter formação e pagaram como se fosse dia de trabalho. Estão a aproveitar os feriados para dar as formações, mas não acredito que vá ficar a 100%”, descreveu um funcionário da Alsa Todi ao referido jornal. O Setubalense conta que a Alsa Todi também tem aproveitado “horas mortas” de serviço e “às vezes as pessoas saem mais cedo e ficam duas ou mais horas a ter formação”. “É cansativo assim porque a pessoa trabalha o dia inteiro e ainda vai ter formação”, relatou o mesmo funcionário.
A mesma pessoa que trabalha na Alsa Todi, e que pediu anonimato, relatou que pondera deixar a empresa e que tem colegas a pensar no mesmo “por causa das confusões”. “Tenho medo de estar a trabalhar e de alguém chegar e insultar-me”, contou. No seu caso, diz querer “aguardar mais 20 dias ou um mês para ver como é que vai correr”, mas revelou que “os motoristas estão todos apreensivos”. “Tudo o que está a acontecer causa apreensão e stress nos motoristas. Preciso de cuidar da minha saúde”, acrescentou a’O Setubalense.