Não está suspenso. Está mesmo cancelado. Câmara de Lisboa já apagou projecto de Moedas da ciclovia da Almirante Reis do seu site.

Tinha ficado a dúvida se Carlos Moedas tinha apenas suspendido ou mesmo cancelado o seu projecto para uma terceira pop-up na Almirante Reis mas a remoção do projecto do site da autarquia durante esta semana e uma entrevista publicada agora no Expresso vêm esclarecer toda a questão. A nova ciclovia está mesmo cancelada e Moedas quer lançar um concurso de ideias para jovens arquitectos repensarem a avenida como um todo.
“Chegámos a um ponto em que a Almirante Reis se tornou central na discussão. E eu achei que devíamos baixar a discussão e ouvir as pessoas. Ouvir os vereadores. Eu poderia ter dito ‘eu faço o que eu quero’. Mas acho que não devo fazer isso, para não polarizar ainda mais a discussão”, adiantou Carlos Moedas numa entrevista ao jornal Expresso, lançada esta semana. Por isso, disse, “reajustei a estratégia devido à polarização política que tivemos neste caso” e “vamos abrir um concurso para jovens arquitectos para decidir como é que olhamos para uma nova Almirante Reis, reperfilada”.
O Presidente da Câmara de Lisboa diz que “política é termos de nos adaptar às nossas circunstâncias” e que não tem “problemas nenhuns em reajustar a estratégia”. “Os lisboetas o que querem é que as coisas se façam sem ruído, sem gritaria”, salientou na mesma entrevista. Moedas salienta que a ciclovia se “um caso político de um certo activismo, de uma esquerda radical, a dizer que não se pode tocar na ciclovia” e que se gerou uma polarização “negativa para os lisboetas” que “não valia a pena” alimentar. “O que quero é mudar estruturalmente a Almirante Reis.”
Carlos Moedas continua a entender que a actual ciclovia é “péssima” e “um erro” , e diz que “está mal feita”, mas admite agora que “não fazia sentido estar a fazer agora algo provisório quando vamos ter uma obra como o plano de drenagem“. “Há tantas outras coisas para fazer na mobilidade… Vamos olhar a longo prazo [para a Almirante Reis] e ver o que queremos fazer.” Além disso, Moedas entende que tem de “governar a cidade, e não criar entre o meu executivo uma polarização de tal ordem que vamos cada vez estar mais cada um para seu lado”.
Quando ainda era candidato, Carlos Moedas prometeu acabar com a ciclovia da Almirante Reis. Depois de eleito, reajustou a estratégia e apresentou uma solução que mantinha a ciclovia naquela avenida, só que com outra configuração e que iria custar entre 290 e 400 mil euros aos cofres da cidade. Agora, voltou a reajustar a estratégia, porque, mesmo comprometendo-se a manter uma pista ciclável na Almirante Reis, Moedas continuou a ser pressionado por parte dos vários partidos à esquerda com assento na Câmara de Lisboa e também por vários movimentos espontâneos e organizados da sociedade civil.