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Passadiços da Gare do Oriente vão ser reparados, mas IP não se compromete com abertura

Há quase 25 anos que estão encerradas as passagens superiores entre a Gare do Oriente e o centro comercial. IP vai realizar trabalhos de reparação nessas estruturas, mas uma eventual abertura das mesmas depende também da Sonae.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Há quase 25 anos que as passagens superiores pedonais entre a Gare do Oriente e o Centro Comercial (CC) Vasco da Gama estão encerradas, devido a um litígio entre a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Sonae Sierra quanto à responsabilidade do equipamento. Essa questão parece estar agora resolvida: os passadiços são da IP que os vai reparar, finalmente.

Ao Lisboa Para Pessoas, a IP explicou que vai proceder a “trabalhos de reparação” nas duas passagens superiores pedonais que ligam o piso intermédio da Gare do Oriente ao primeiro piso do CC Vasco da Gama, “corrigido as patologias identificadas”. Em causa não está um problema grave de segurança, mas a correcção de situações na infraestrutura que podem comprometer o seu uso rotineiro e em massa. “Estimamos que a empreitada tenha início no 3º trimestre de 2022”, ou seja, durante este Verão.

No portal Base, já está publicado o contrato referente ao trabalho de fiscalização da obra, devendo estar para breve a publicação do contrato da empreitada em si na mesma plataforma. Em 2020, tinha sido adjudicada um trabalho de inspecção e de identificação do estado das duas passagens inferiores por ajuste directo a uma consultora de engenharia.

As pontes vão ficar reparadas e, em teoria, poderiam ser abertas ao público, mas a questão lançada pelo jornal Público em 2017 mantém-se: do lado da IP, há pouco interesse na disponibilização daqueles passadiços, pois a gestora da infraestrutura ferroviária não vê qualquer vantagem em descarregar passageiros no centro comercial. A IP diz, no entanto, que está disponível para a abertura das passagens superiores caso a Sonae Sierra, proprietária e gestora do CC Vasco da Gama, também o queira.

Para a IP, as duas pontes não são essenciais para a função da Gare do Oriente. Aliás, estas infraestruturas foram construídas em 1997/8 para servirem de saídas de emergência para o primeiro andar do centro comercial, uma exigência da Parque Expo – empresa de capitais públicos que foi criada para a gestão do que viria anos mais tarde a ser o Parque das Nações, e que foi entretanto extinta. Segundo o jornal Público, a Parque Expo sugeriu na altura que as saídas de emergência não fossem uma simples escadas para o rés-do-chão, mas sim umas pontes pedonais que passassem por cima da Avenida D. João II e ligassem directamente à estação de comboios.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

O projecto do arquitecto Santiago Calatrava da Gare do Oriente teve de ser revisto, com o arquitecto espanhol a conseguir enquadrar o desenho dos passadiços no estilo arquitectónico da estação. As passagens superiores funcionaram durante a Expo’98 mas foram encerradas logo depois da exposição por entre a Gare do Oriente a o CC Vasco da Gama não se ter decidido a quem caberia a manutenção e limpeza daqueles equipamentos.

As pontes são, desde então, apenas saídas de emergência do lado do centro comercial, permitindo uma evacuação, se necessária, da zona dos cinemas. Do lado da estação ferroviária, uma placa já bastante degrada indica que “por motivos de segurança esta área encontra-se temporariamente encerrada”. A IP diz-nos que não há qualquer risco de queda da infraestrutura, mas que o seu uso diário e rotineiro poderia levar a um desgaste tal em que seria difícil salvaguardar a segurança das pessoas.

A Gare do Oriente conta actualmente com uma ligação subterrânea ao centro comercial, que permite também aceder ao Metro e evitar a passagem pela movimentada Avenida D. João II. No entanto, as passagens superiores criariam uma ligação mais suave entre o comboio e o rio; a passagem das pessoas vindas dos comboios suburbanos, regionais e de longo curso pelo centro comercial poderia ser meramente de atravessamento até chegarem à zona do rio, evitando-se os chatos semáforos da avenida.

O Lisboa Para Pessoas contactou a Sonae Sierra e actualizará esta peça se fizer sentido.