A Câmara de Setúbal e a TML instalaram um estacionamento seguro e coberto para bicicletas na nova Interface de Transportes da cidade. Foi inaugurado a 3 de Junho e só funcionou naquele dia.

Foi desenhado a partir da experiência da EMEL com os BiciParks e, por isso, mesmo tendo outro nome, apresenta muitas semelhanças com o sistema lisboeta de parqueamentos fechados para bicicletas. Chama-se BICIbox, faz parte da nova Interface de Transportes de Setúbal (ITS) e permite guardar a bicicleta em segurança quando se chega à cidade. Foi inaugurado a 3 de Junho, no Dia Mundial da Bicicleta, mas, desde então, nunca pôde ser utilizado. Falta concluir uma configuração tecnológica no equipamento.
A bicicleta pode fazer parte do nosso quotidiano multimodal, permitindo-nos resolver aqueles últimos quilómetros onde o comboio não chega e onde o autocarro demora. Aliás, várias pessoas procuram a mobilidade suave – categoria da qual a bicicleta faz parte mas também a trotineta ou o skate – como complemento ao transporte público e é por isso que a presença desses tipo de veículos junto as estações de comboio é tão frequente em várias cidades. Em Setúbal, a recente Interface de Transportes (da qual falaremos mais adiante) passou a contar com um ponto de trotinetas e bicicletas partilhadas da Bolt, com uma oficina self-service para qualquer bicicleta e ainda com um BICIbox.

Um BICIbox é uma grande “caixa” fechada e coberta onde se pode guardar bicicletas no seu interior. No caso concreto do BICIbox instalado em Setúbal, tem capacidade para 12 bicicletas de formato convencional, estacionadas em dois pisos. A estrutura, sendo fechada, pode ser aberta com o simples passar do cartão Navegante, à semelhança do que acontece com os BiciParks em Lisboa. A diferença é que em Setúbal ainda não parece estar estabilizado o modo de acesso:
- vai ser preciso carregar um “passe” gratuito do BICIbox no cartão Navegante?
- vai ser só passar o cartão Navegante para desbloquear a porta, mesmo que não tenha lá nenhum passe?
- vai o serviço BICIbox só estar disponível para quem tenha um determinado passe Navegante, por exemplo, a modalidade Municipal de Setúbal?

A Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), gestora do sistema de bilhética Navegante, diz-nos que a sua ideia é que o BICIbox funcione com qualquer cartão Navegante e sem qualquer activação mensal; ou seja, bastaria ter o cartão onde habitualmente se carrega o passe, passá-lo no sensor encostado à estrutura e, assim, desbloquear as portas. Diz-nos também que inicialmente se pretendia que o BICIbox só funcionasse com a activação de um passe específico, que seria gratuito – esse é o modelo dos BiciParks em Lisboa, em que é preciso fazer a activação do serviço BiciPark no cartão Navegante/Lisboa Viagem num posto de atendimento presencial da EMEL; um processo que é moroso.
Mas, se a TML parece querer que o BICIbox seja o mais fácil de usar possível, ao mesmo tempo remete-nos para a Câmara Municipal de Setúbal, a quem caberão todas as responsabilidades das “questões regulamentares”, ou seja, a quem cabe a decisão de como o BICIbox deverá funcionar. “Estamos a trabalhar nos aspectos técnicos para que o BICIbox fique a funcionar brevemente”, acrescentou a TML no seu esclarecimento. A Câmara Municipal de Setúbal não respondeu à data de publicação deste artigo. O BICIbox foi construído no âmbito de projecto europeu intitulado Smarthubs com a autarquia setubalense; o equipamento é da fabricante portuguesa Biciway.

O Lisboa Para Pessoas tentou usar o BICIbox mas sem sucesso. Um segurança da Interface de Transportes de Setúbal (ITS) diz-nos que nunca viu ninguém usar aquela estrutura. Passámos o cartão Navegante pelo leitor, ouvimos um barulho mas nenhuma porta ficou desbloqueada. No exterior da “caixa” pode ler-se a seguinte mensagem: “Carregue o cartão Navegante Personalizado com o título necessário”. Fomos então ao Espaço Navegante, o centro de apoio do passageiro da Carris Metropolitana, gerido também pela TML, mas ninguém nos conseguiu ajudar. Pesquisámos nos sites da Câmara de Setúbal e no TML qualquer indicação sobre o uso daquele equipamento, mas só encontrámos a informação de que tinha sido inaugurado, passando a ideia de que já estaria em funcionamento.
Além do estacionamento seguro e coberto para bicicletas, o projecto Smarthub envolveu a instalação de nove estacionamentos do tipo Shefield no exterior, com capacidade para pelo menos 18 bicicletas – muitos deles estavam ocupados com veículos da Bolt. Há ainda uma estação de apoio aos ciclistas para pequenas reparações, de utilização gratuita e que disponibiliza diversas ferramentas (havia uma já em falta); e uma doca de estacionamento e carregamento para trotinetas Bolt, que permite tê-las arrumadas no espaço público.



