Avançar para o conteúdo

biclaR: uma nova ferramenta para os municípios da amL planearem redes cicláveis

Ciclovazias? Os municípios da área metropolitana de Lisboa têm agora à disposição uma ferramenta digital que ajuda a planear redes cicláveis que promovam uma verdadeira transferência modal do carro para a bicicleta.

Fotografia LPP

Os 18 municípios da área metropolitana de Lisboa (amL) têm agora à disposição uma ferramenta digital para os ajudar a planear redes cicláveis. A biclaR, desenvolvida pelo Instituto Superior Técnico a pedido da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), indica em que ruas e avenidas a construção de ciclovias poderá levar a uma maior transferência de viagens do automóvel para a bicicleta, consoante diferentes objectivos.

Página inicial da biclaR (captura de ecrã LPP)

A biclaR parte dos dados do Inquérito à Mobilidade realizado pelo INE em 2017/2018 – que apresenta a radiografia possível das viagens realizadas na amL – para identificar o potencial de transferência modal do automóvel para a bicicleta, consoante um de três cenários:

  • um cenário mais conservador de viagens até 5 km que podem ser realizadas de bicicleta (incluindo com utilização do transporte fluvial entre as duas margens);
  • um cenário ambicioso de viagens até 10 km que podem ser feitas de bicicleta eléctrica;
  • um terceiro cenário de viagens que podem ser realizadas de transporte público e de bicicleta (intermodalidade), com esta a servir para a primeira e/ou última parte da viagem, até uma distância de 5 km.

Para cada cenário (o utilizador escolhe que cenário pretende analisar), a biclaR mostra um mapa das ligações prioritárias a estabelecer de modo a promover uma transferência do automóvel para a bicicleta e de acordo com as metas da Estratégia Nacional de Mobilidade Activa Ciclável (ENMAC) 2020-2030 – que, até 2025, 4% das viagens realizadas em meio urbano sejam feitas em bicicleta, e que essa percentagem seja 10% até 2030.

Os mapas da biclaR apresentam informação para dois tipos de percursos: os mais directos (mas não necessariamente os mais seguros/tranquilos) ou os mais seguros/tranquilos (mas não necessariamente os mais directos). Nos mapas, a largura das linhas apresentadas varia consoante o número de ciclistas potencial para cada meta (4% e 10%), e a cor dessas mesmas linhas depende do nível de tranquilidade (quietness), sendo as mais escuras aquelas menos seguras para circular em bicicleta. Assim, os segmentos mais escuros e mais largos são que necessitam de intervenção para se tornarem mais seguros e potencialmente captarem mais ciclistas. Note-se que os mapas mostram sugestões de percursos tendo em conta a infraestrutura viária existente, podendo haver outras soluções a ter em conta no planeamento de redes cicláveis, como por exemplo a construção de uma ponte ou de uma passagem inferior, ou a abertura de um caminho inexistente por um jardim.

Exemplo da biclaR para Almada à luz do cenário de viagens até 10 km em bicicleta eléctrica, numa perspectiva mais ambiciosa (10% de quota modal)

Para cada cenários, é possível ver também de forma agregada qual o benefício potencial estimado, em toneladas de CO2eq evitado anualmente, e em benefícios sociais.

Podes explorar aqui as redes potenciais de toda a amL e dos diferentes municípios:

Importa salientar que a biclaR não é uma ferramenta preditiva, nem um estudo de procura, não indicando qualquer estimativa da probabilidade de transferência modal para a bicicleta. A biclaR limita-se a apresentar, através de um algoritmo configurado com determinadas variáveis, resultados do potencial ciclável para diferentes cenários, mostrando rotas mais directas ou mais tranquilas consoante a ambição de quota modal para a bicicleta (4% ou 10%) É, por isso, uma ferramenta que, perante um determinado objectivo (cenário) que queiramos alcançar (por exemplo, apostar na bicicleta eléctrica para viagens até 10 km) ajuda a identificar como podemos, potencialmente, chegar a esse objectivo.

A biclaR pode ajudar os municípios a melhor planearem as suas redes cicláveis ou, mesmo, a validar os planeamentos que tinham feito anteriormente. Pode também ajudar os municípios nas candidaturas a fundos europeus para a construção de rede ciclável, permitindo-os sustentar diferentes opções com dados do potencial ciclável de novos utilizadores provenientes do modo automóvel e também do impacto sócio-ambiental.

Os municípios (e, na verdade, qualquer pessoa) podem utilizar os dados e mapas da biclaR através do site da ferramenta, ou descarregá-los em formato GeoPackage (.gpkg), que pode ser lido em qualquer SIG moderno. É recomendável o software de acesso livre QGIS para leitura, visualização e análise de dados em detalhe.

Toda a ferramenta biclaR está disponível em código aberto num repositório no GitHub permitindo que qualquer pessoa, com conhecimentos adequados, possa fazer o mesmo tipo de análise para outra cidade ou comunidade intermunicipal. Podes consultar em baixo relatório metodológico para mais detalhes sobre o funcionamento desta ferramenta.

O desenvolvimento da biclaR arrancou em 2022, conforme reportámos na altura. O trabalho começou com um levamento das redes existentes e planeadas por cada município e com uma sistematização da informação do IMob, tendo-se seguido a definição dos cenários a estudar, a selecção do algoritmo para fazer essa análise e a definição dos outros indicadores. Todo este esforço foi feito em conjunto com representantes e técnicos dos 18 municípios da área metropolitana de Lisboa e com várias entidades públicas e associações.

Lisboa Para Pessoas

Redacção do Lisboa Para Pessoas, jornal local sobre Lisboa e a área metropolitana.Ver Posts de autor

Subscreve o LPP a partir de

3€/mês

Navega sem anúncios e recebe novidades em 1ª mão.