Na nova estratégia de dados abertos, a Câmara de Lisboa prevê lançar um novo portal que vai além do simples acesso a dados da cidade, buscando facilitar a sua utilização em análises e visualizações que contem histórias.

A Câmara de Lisboa aprovou, no final de Março, uma nova estratégia de dados abertos para a cidade, substituindo e actualizando o plano que estava em vigor desde 2017. A nova estratégia prevê “uma missão simples, mas poderosa: ajudar a cidade de Lisboa a extrair o valor dos dados para melhorar a transparência, eficiência e inovação ao serviço de todos”.

“Os dados são uma ferramenta importante para garantir a melhoria da qualidade de vida de todos os que procuram Lisboa, seja para trabalhar, viver, estudar ou visitar. Nos últimos anos, a cidade de Lisboa tem feito progressos substanciais na utilização de dados para ser mais transparente, eficiente e inovadora. O novo plano define uma estratégia de evolução para uma nova abordagem aos dados abertos, com ênfase na analítica de dados”, pode ler-se no sumário executivo do documento. “Este plano reflete também um esforço de alinhamento com as novas regras propostas pela Comissão Europeia em matéria de governação dos dados, com o objetivo de explorar melhor o potencial do crescente volume de dados, num quadro europeu fiável.”
Com a nova estratégia, procura-se:
- Reforçar o poder dos dados abertos na gestão da cidade: criar condições para uma tomada de decisão com base em dados;
- Aumentar a abrangência da política de dados abertos para alcançar um público mais diversificado: democratizar o acesso aos dados, permitindo a sua utilização por um público mais diversificado;
- Evoluir para uma estratégia de dados abertos com ênfase na analítica dos dados: acrescentar ao catálogo de dados uma dimensão de analítica e visualização dos dados
Esses três objectivos serão concretizados com a publicação de dados abertos e, sempre que possível, do código utilizado, com o desenvolvimento de conjuntos de dados relevantes, com uma aposta na utilização de dados para contar histórias, no desenvolvimento da capacidade interna da Câmara de Lisboa para a resolução de problemas com dados, e na promoção de iniciativas de análise e visualização de dados para a cidade.
Novo portal a caminho
Lisboa lançou em Fevereiro de 2016 o seu primeiro portal de dados abertos e, iniciou nesse ano, a elaboração do primeiro plano de dados abertos, que viria a ser aprovado no ano seguinte. O portal Lisboa Aberta foi criado para “disponibilizar informação gerada pelos serviços municipais, em formatos abertos, sobre a cidade de Lisboa”. Parte desses dados já eram públicos mas apenas para consulta; o lançamento do Lisboa Aberta permitiu não só disponibilizar essa informação para descarga e utilização livre por qualquer pessoa, mas também publicar mais dados do município e também dados sobre a cidade mas provenientes de entidades externas à Câmara de Lisboa, com empresas privadas.
Com o horizonte temporal 2023-2027, a nova estratégia estratégia prevê o lançamento de um novo portal, com a marca Lisboa Inteligente, que aglutine a informação actualmente dispersa por três sites – o Lisboa Aberta, que publica os conjuntos de dados, o Lisboa Inteligente, que agrega iniciativas relacionadas com dados, e o LxDataLab, que disponibiliza desafios para programadores e investigadores fazerem com dados. Pretende-se que a nova plataforma “permita trabalhar directamente sobre os dados disponibilizados, aceder a visualizações, criar relatórios e partilhar dados de forma dinâmica através de recurso a publicação de APIs”; e que tenha também “uma área de colaboração e partilha de código” que permita não só envolver programadores e cientistas de dados, como incentivar a colaboração na partilha de código aberto baseado em dados abertos.
O plano de dados abertos para 2023-2027 também prevê reforçar a disponibilização de dados sobre os temas mais procurados, Mobilidade e Ambiente, e um melhor levantamento das necessidades dos cidadãos – e, em particular, da comunidade académica e científica – em relação aos dados e temáticas mais relevantes para disponibilizar. Pretende-se ainda fazer uma “orientar os serviços [municipais] na selecção dos dados que podem ser disponibilizados, quanto à sua relevância e formato”, “continuar a apostar no desenvolvimento de serviços que permitam a actualização automática dos dados“, e ainda “promover e apoiar iniciativas e projectos de âmbito nacional e internacional”.
A nova estratégia de dados abertos da cidade de Lisboa foi aprovada por unanimidade na reunião pública de Câmara de 29 de Março, através da Proposta nº 137/2023, apresentada pela Vereadora Joana Almeida, que tem o pelouro dos Sistemas de Informação.
Podes consultar, em baixo, o plano actual e o anterior:
Portal de dados aberto referenciado em relatório europeu
O Lisboa Aberta, o portal de dados abertos do município de Lisboa, foi analisado no mais recente relatório do Data.Europa.eu, a estrutura da Comissão Europeia para a questão dos dados abertos. Lisboa, que disponibiliza mais de 360 conjuntos de dados, alguns deles em tempo real, surge ao lado de cidades como Berlim, Barcelona ou Paris.
O relatório, intitulado Repensar o Impacto dos Dados Abertos, é o primeiro passo no processo de definição da metodologia para um estudo pan-europeu sobre a importância de políticas de disponibilização de dados à sociedade. O relatório, o primeiro de uma série de quatro, apresenta uma revisão da literatura existente sobre o impacto dos dados abertos, centrando-se na utilização de portais de dados abertos, intermediários e ferramentas automatizadas.
Segundo o Data.Europa.eu, devido à vasta disponibilidade de dados abertos, as avaliações dos seus impactos costuma ter um âmbito pouco definido ou basear-se em frameworks existentes como o Open Data Maturity (ODM) e o Open Data Barometer (ODB). O desafio da Comissão Europeia passa por fazer uma avaliação o mais completa desse impacto. Neste primeiro relatório, são levantados alguns desafios, entre eles a necessidade de encontrar uma definição comum de impacto dos dados abertos ao nível europeu. Os futuros relatórios desta série explorarão mais aprofundadamente estas questões.