Andar de bicicleta e a pé na Rua Marquês da Fronteira, entre a Duque d’Ávila e o El Corte Inglés, vai ser menos conflituoso.
O troço de ciclovia que liga a Avenida Duque d’Ávila ao topo do Parque Eduardo VII, passando pela Gulbenkian e pelo El Corte Inglés, vai ser significativamente melhorada. O projecto de execução já é conhecido e está lançado o concurso público que permitirá a concretização da obra, a cargo da empresa municipal SRU e estimada em 937,6 mil euros.
A melhoria desta ciclovia, localizada na Rua Marquês da Fronteira, surge em sintonia com a obra de expansão para sul do jardim da Gulbenkian e também com a renovação do Largo de São Sebastião. A empreitada procura “corrigir problemas de continuidade e conflitualidade com peões na pista ciclável”, mas irá também melhorar a acessibilidade pedonal naquela zona. Muitas destas correcções serão possíveis porque, com a expansão em curso do jardim da Gulbenkian para sul, o recuo do muro e a nova entrada, a Rua Marquês da Fronteira vai ganhar uma ampla área pedonal, onde a cidade urbana e o novo jardim se misturarão. As árvores que antes estavam dentro do espaço da Gulbenkian passarão a ser canteiros públicos, circundados por zonas abertas de circulação e também de estadia.
A nova solução ciclável e pedonal na Rua Marquês da Fronteira mantém a “pista ciclável bidireccional, segregada do trânsito automóvel”, mas esta passará a ser “implantada sempre entre a via e o passeio”. “As melhorias na circulação ciclável resultarão de uma infra-estrutura sem interrupções nos pontos críticos (nas travessias de vias e junto à paragem da Carris) e da redução de conflitos com os peões, por circularem em canais a cotas diferentes e por redução do número de cruzamentos entre os percursos dos peões e dos ciclistas. A pista será rebaixada para a cota da via e os pontos de conflito serão tratados, no sentido de obter soluções claras, legíveis e comuns”, pode ler-se na memória descritiva do projecto.
Em maior detalhe, é isto que vai mudar:
- a interrupção da ciclovia pela paragem de autocarro será corrigida, deslocalizado a paragem para uma zona mais desafogada e colocando a pista ciclável a passar por detrás desse equipamento, com passadeiras devidamente assinaladas no espaço das bicicletas;
- a ciclovia vai ser colocada ao nível da estrada e não do passeio em praticamente todo o troço intervencionado, permitindo aos peões e ciclistas separar melhor o espaço de cada um. No geral, haverá uma maior separação entre o que é do peão e o que é da bicicleta.
- a ligação da pista à Avenida Duque d’Ávila vai ficar melhor estabelecida, com a pintura do atravessamento ciclável e de uma passadeira no final da ciclovia da Duque d’Ávila. Nesta zona, ficará pronta a eventual futura continuação da ciclovia pela Rua Marquês de Sá da Bandeira, ao lado da Gulbenkian e em direcção à Avenida de Berna;
- no cruzamento da Rua Marquês da Fronteira com a Avenida António Augusto Aguiar vai ser suprimida uma via, de modo a que a ciclovia possa descer do passeio para a estrada e que os peões possam ter aí mais espaço. Todo o atravessamento ciclável em frente ao El Corte Inglés vai ser revisto e melhor, bem como a ligação à ciclovia que sobe para topo do Parque Eduardo VII, resolvendo também aqui a conflitualidade hoje existente com peões;
- serão feitas ligações cicláveis claras à rede 30+bici existente na Rua Pinheiro Chagas (em direcção a Picoas) e aos 30+bici que vão ser criados no Largo de São Sebastião, criando naquela zona uma verdadeira rede ciclável interligada.
A memória descritiva do projecto refere que, “por limitação de espaço, conjugada com a largura necessária à implantação de sinalização vertical e SLAT [semáforos] no separador entre a pista e a via automóvel, a largura da pista será de apenas 2,2 metros, tendo o separador ressalto zero para o lado da pista, de modo a facilitar a circulação em bicicleta” (a largura padrão de ciclovias bidireccionais é 2,40 metros).
Explica-se também que “a importância da Rua Marquês de Fronteira na hierarquia da rede viária, associada a larguras de via inferiores ao recomendado, não permitem corrigir o desequilíbrio entre o espaço viário e o pedonal, sem ser pelo espaço ganho com o recuo do muro do jardim”; e que “a única alteração prevista ao desenho viário é a anulação do espaço correspondente à via dedicada à viragem à direita para a Avenida António Augusto Aguiar (no sentido de saída da cidade)”, permitindo um perfil de duas vias por sentido em toda a rua.
Em relação ao modo pedonal, a intervenção da ciclovia vai melhorar também esta forma de mobilidade criando uma melhor distinção, como já referido, entre o espaço que é do peão e aquele que é da bicicleta. Na intersecção da Rua Marquês da Fronteira com a Avenida António Augusto Aguiar, a deslocação da ciclovia para a estrada, com a supressão de uma via, permitirá resolver um grave estrangulamento no passeio e aumentar a largura disponível para o percurso de peões para entre 2,5 e 4,7 metros.
Nas áreas mais inclinadas, a calçada passará a ser mista com cubos de vidraço branco e de granito, para uma melhor aderência e segurança. Serão melhoradas as condições nas travessias pedonais com tempos de verde adequados nos semáforos. No quarteirão do jardim da Gulbenkian, o espaço ganho com o recuo do muro permitirá, com um reperfilamento ligeiro, alargar o passeio do lado oposto – no lado do Palácio Vilalva – para três metros. Já do lado do jardim, o passeio terá um corredor de três metros junto à pista ciclável, vocacionado para uma utilização funcional, e outro corredor interior, entre o novo muro e os novos canteiros.
A memória descritiva deste projecto contextualiza a Rua Marquês da Fronteira como parte importante numa área urbana que tem sido regenerada ao longo dos últimos anos, com a requalificação da Avenida Duque d’Ávila, a transformação da Praça de Espanha num parque urbano e agora a intervenção d’Uma Praça em cada Bairro no Largo de São Sebastião. É também uma rua importante no corredor verde entre os parques de Monsanto e a Bela Vista, e estabelecia ainda “uma das ancestrais ligações de Lisboa aos seus arredores, desde o Rossio até São Sebastião da Pedreira e daí até aos limites da cidade”.
O projecto apresentado para melhorar este troço de ciclovia na Rua Marquês da Fronteira já tem em consideração as alterações realizadas no projecto do Largo de São Sebastião, durante o decurso da obra. Por influência da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, foi anulado o contra-fluxo ciclável inicialmente previsto na Rua Dr. Nicolau Bettencourt e na zona do Largo, trocando-o por 25 lugares de estacionamento adicionais. Segundo o portal Base, esta alteração custou aos cofres da autarquia 11,5 mil euros.