SOS Quinta dos Ingleses protesta contra reinício das obras de urbanização em Carcavelos

A associação SOS Quinta dos Ingleses organizou um protesto silencioso contra o reinício das obras de urbanização na Quinta dos Ingleses, em Carcavelos. Vários cidadãos juntaram-se durante a apresentação do Plano de Renaturalização Urbana de Cascais para acusar a autarquia de incoerência e exigir a suspensão imediata do empreendimento.

O protesto organizado pela SOS Quinta dos Ingleses (fotografias cortesia dos próprios)

As obras de urbanização na Quinta dos Ingleses, em Carcavelos, foram retomadas após o tribunal de 1ª instância de Sintra ter recusado a providência cautelar interposta no ano passado pela SOS Quinta dos Ingleses para travar o avanço dos trabalhos. Em resposta, vários membros da associação realizaram um protesto silencioso no início deste mês de Março, num evento onde estavam presentes vários autarcas e outros representantes da Câmara de Cascais.

O protesto teve lugar na manhã de 3 de Março no Mercado de Carcavelos, durante a apresentação pública do Plano de Renaturalização Urbana de Cascais promovida pela autarquia. A acção foi promovida não só pela SOS Quinta dos Ingleses, mas também pelo movimento Alvorada da Floresta e contou com a inesperada presença da campeã mundial de Taekwondo, Eduarda Ferraz. Os manifestantes, muitos de bocas tapadas com fitas adesivas, ergueram cartazes com diversas mensagens, como “Não ao betão! Verde, sim”, “Se pode não desmatar, porquê renaturalizar?”, “STOP The Greenwash”, ou “Que o vendo da vontade mova a montanha de betão”.

As fotografias foram cedidas pela SOS Quinta dos Ingleses:

A SOS Quinta dos Ingleses acusa a Câmara de Cascais de incoerência por apresentar um Plano de Renaturalização Urbana com foco na plantação de mais de 164 mil árvores e arbustos nos próximos cinco anos ao mesmo tempo que permite o avanço do projecto de urbanização do terreno mais conhecido como Quinta dos Ingleses, junto à praia de Carcavelos. “Por uma questão de coerência, quer com o os objetivos da Lei de Bases do Clima, quer com o propósito deste novo Plano de Renaturalização de Cascais, exigimos a suspensão imediata das obras na Quinta dos Ingleses, o último pulmão verde da orla costeira entre Cascais e Lisboa”, diz a associação.

“Consideramos que esta iniciativa da Câmara Municipal de Cascais (CMC) se insere numa campanha de greenwashing, sendo evidente, ao contrário do que a CMC alega, a permanente destruição de espaços verdes em Cascais e a redução efetiva da qualidade de vida das populações pela construção desenfreada que tem vindo a ser feita”, lê-se numa nota de imprensa. “Uma Câmara que se diz preocupada com a natureza e o ambiente tinha, forçosamente, de agir em defesa da preservação da Quinta dos Ingleses para as gerações presentes e futuras, e constata-se que faz exatamente o contrário.”

O plano de urbanização previsto (via CMC)

A urbanização da Quinta dos Ingleses prevê, segundo a associação de cidadãos, uma “mini-cidade” com 850 apartamentos em prédios de até sete andares em altura e cinco andares em subsolo, tudo isto num terreno ao lado da praia de Carcavelos, anteriormente terreno rústico (Reserva Agrícola Nacional) e contíguo à Marginal. Em 2021, a Assembleia da República recomendou ao Governo que, em colaboração com o Município, a Quinta dos Ingleses fosse classificada como Paisagem Protegida de Âmbito Local, “mas a autarquia nunca fez um esforço válido ou demonstrou vontade política para implementar esta classificação”, diz a SOS Quinta dos Ingleses.

A associação aguarda, a qualquer momento, do Tribunal Administrativo Central, a decisão do recurso da recusa da providência cautelar. Para os ambientalistas, faria todo o sentido que a decisão deste recurso impusesse um embargo imediato às obras, porquanto a acção principal movida pela SOS ainda decorre, não se tendo ainda apurado da legalidade e fundamentos do projecto de empreendimento no espaço da Quinta, referem.

A SOS tem apelado à conversão da totalidade da Quinta dos Ingleses em parque natural urbano, queixando-se de serem sistematicamente ignorados pela autarquia, e promoveram ou ajudaram a promover duas petições públicas, uma com nove mil e outra mais de 10 mil subscrições.

Um parque urbano, a proposta da SOS Quinta Ingleses (DR)

O protesto da SOS Quinta dos Ingleses e da Alvorada foi sobretudo silencioso e contou com alguns apupos pelo meio. A SOS Quinta dos Ingleses e os Alvorada da Floresta dizem que não se dão por vencidos e convocam para 5 de Abril uma nova manifestação pública de “pejo pela grande injustiça contra a Natureza e contra as pessoas que é a destruição do último pulmão verde da Linha, da praia e orla costeira de Carcavelos, almejando mobilizar milhares de apoiantes para esta causa ambiental”. A última manifestação do género mobilizou mais de 1500 participantes.

Vê aqui imagens de drone do recomeço das obras, cedidas pela SOS:

A 20 de Fevereiro, a SOS Quinta dos Ingleses tinha publicado uma carta aberta aos seus apoiantes depois de ter recebido a recusa da providência cautelar pelo tribunal de 1ª instância de Sintra, considerando essa decisão “absurda e incompreensível”. “Não aceitaremos passiva e silenciosamente esta grande injustiça para com a Quinta e os carcavelenses”, lê-se.

Podes ler mais sobre a SOS Quinta dos Ingleses nesta grande reportagem.

Gostaste deste artigo? Foi-te útil de alguma forma?

Considera fazer-nos um donativo pontual.

IBAN: PT50 0010 0000 5341 9550 0011 3

MB Way: 933 140 217 (indicar “LPP”)

Ou clica aqui.

Podes escrever-nos para [email protected].

PUB

Junta-te à Comunidade LPP

A newsletter é o ponto de encontro de quase 3 mil pessoas.