Festival ‘A Cidade Que Queremos’ desafia a imaginar cidades mais justas e sustentáveis

Serão três dias de concertos, espectáculos, conversas e workshops para pensar “a cidade que temos” e a “cidade que queremos”. E unir cultura, ambiente e equidade no bairro da Cova da Moura e no Auditório de Alfornelos, na Amadora.

Andreia Galvão, uma das organizadoras do festival A Cidade Que Queremos (fotografia LPP)

A cultura e o activismo vão juntar-se durante três dias para falar de cidades. O festival A Cidade Que Queremos chega já nos dias 16, 17 e 18 de Maio (sexta, sábado e domingo) ao bairro da Cova da Moura e ao Auditório de Alfornelos, na cidade da Amadora, com três dias de concertos, espetáculos, debates e workshops para imaginar cidades mais justas e sustentáveis.

“A cidade que temos hoje não é de toda a cidade que nós queremos. Queremos cidades em que as pessoas possam conviver com os amigos, ter espaços verdes à sua volta, desfrutar da cultura, ter uma mobilidade minimamente funcional e onde possam morar”, explica Andreia Galvão, responsável da Alecrim, uma associação que junta a arte ao activismo climático e para a qual a questão da ecologia urbana é central. “Também não queremos só uma cidade com prédios, mas queremos falar da ecologia num plano também de justiça social – não podemos só falar de ter muitas árvores no Parque Eduardo VII e depois em lugares mais periféricos, como aqui na Amadora, isso fica completamente esquecido”, indica.

A ter lugar no pátio da associação cultural Moinho da Juventude, na Cova da Moura, e no Teatro Passagem de Nível / Auditório de Alfornelos, o festival A Cidade Que Queremos propõe-se a unir cultura e ativismo, ciência e artes, rua e política num único evento para (re)imaginar, no encontro de comunidades, uma cidade em comum. Em concreto, o programa deste evento lança o debate sobre o impacto das alterações climáticas nas vivências urbanas, juntando os desafios da transição climática aos da justiça social e desigualdades e respondendo à questão: como podemos imaginar uma cidade de futuro que sirva ao planeta sem deixar ninguém para trás?

Cartaz do festival A Cidade Que Queremos (DR)

“A gentrificação verde é uma tema no qual que nós queríamos pegar e também reflectir sobre ele, sobre esta qualidade que há em certos espaços e noutros espaços não há de todo. Para nós, a ecologia deve ser acessível. Como pão e água, também o espaço verde deve ser uma coisa em cima da mesa das famílias”, argumenta Andreia.

Arte e activismo juntos com actividades gratuitas

O festival A Cidade Que Queremos vai ser inteiramente gratuito e conta com a participação de cientistas, artistas e activistas de contextos diversos, num programa recheado. Na sexta-feira (16 de Maio), a abertura dá-se com estrondo e bazofaria no pátio do Moinho da Juventude, na Cova da Moura, a partir das 19 horas; a programação arranca com um espectáculo de stand-up comedy de Mauro Hermínio, seguido de uma actuação do grupo de batuque Finka Pé.

A festa prossegue no sábado (17 de Maio) com o workshop de escrita criativa ‘Imaginar outra cidade’, orientado pela escritora Gisela Casimiro e pela cientista Vera Ferreira a começar às 15 horas, seguido pelo espectáculo de teatro Hotel Chronos da estrutura de criação Rafeira, a ter lugar às 19 horas, no Auditório de Alfornelos. Já no pátio do Moinho da Juventude, na Cova da Moura, a noite é de Catarina Branco, com o concerto da artista a começar às 21 horas.

Cova da Moura (fotografia LPP)

Domingo (18 de Maio) é dia de eleições – e o melhor dia para pensar cidades mais justas, amigas do clima e das pessoas. O dia começa às 10 horas na Cova da Moura, com o workshop de teatro para crianças Hoje Sou o Presidente da Câmara, orientado pela actriz Letícia Sá Pinheiro e pela activista Mourana Monteiro. Já a tarde pertence ao debate “A Cidade que Queremos: práticas sustentáveis e novas possibilidades urbanas”, com Jakilson Ramos Pereira (presidente do Moinho da Juventude) e a investigadora e comentadora Ana Drago, a partir das 16 horas.

Todas as actividades do festival A Cidade Que Queremos são gratuitas e sem inscrição. Mas há algumas em que precisas de te registar. É o caso dos workshops, que requerem inscrição prévia através deste link. E também da peça de teatro Hotel Chronos, cujos bilhetes podem ser reservados através do envio de um simples e-mail para festivalalecrim1.0@gmail.com.

A ecologia para todas as pessoas

A Alecrim é uma associação relativamente recente, que se formalizou em 2023. Têm desenvolvido actividades que cruzam a arte e o clima, muito “em escolas e em contextos culturais”, explica Andreia. “O foco é sempre na ecologia. Eu venho do activismo climático, também trabalho na cultura. Os meus colegas também trabalham na área da cultura”, diz a responsável. “E realmente sentimos que falar sobre ecologia, além de hoje ser particularmente difícil, geralmente é feito por pessoas de uma determinada classe social, porque a ecologia é uma coisa com a qual as pessoas se podem dar ao luxo de pensar depois de terem as suas questões materiais resolvidas”, completa. Para a Alecrim, a ecologia “deve estar articulado na vida de todas as pessoas”, e esse mote tem vindo a moldar o trabalho da associação.

A co-organização deste festival com o Moinho da Juventude, uma das principais associações e motores do bairro da Cova da Moura, surgiu naturalmente de relações pessoais que já existiam e tornou-se num desafio. “Achámos que fazer este projecto focado na Amadora era um bom e que nos permitiria criar parcerias e trabalhar com comunidades que já fazem muitas coisas”, detalha. “Agora é uma relação que nós queremos que fique mais longa.”

Andreia Galvão (fotografia LPP)

“Uma cidade tem várias cidades dentro, e nós não queremos trabalhar sempre para as mesmas pessoas. E sentimos que algumas actividades nossas estavam a cair um bocadinho nisso. Fazer eventos aqui, na Cova da Moura, também nos vai ajudar a perceber que mudanças ao nível das cidades vamos ter de fazer, não é?”, explica Andreia.

Entre a Cova da Moura e Alfornelos

O festival, como referido, vai decorrer em dois grandes espaços, que não são propriamente ao lado um do outro: o pátio do Moinho da Juventude, na Cova, e o Auditório de Alfornelos. “O ideal é que as pessoas se desloquem. Mas vamos ver”, confessa Andreia. “Fomos para Alfornelos porque precisámos de ter um palco, há outras necessidades técnicas que existem no Auditório. Eles foram muito gentis também e quiseram acolher o evento. E nós achámos fixe.” O palco do Auditório de Alfornelos só vai ser usado para uma das actividades do festival.

A Cova da Moura é servida nas proximidades pela estação de comboio de Santa Cruz-Damaia, inserida na Linha de Sintra, pelas carreiras 711, 754, 767, 764 e 799 da Carris, e pelas linhas 1001, 1507, 1704 e 1718 da Carris Metropolitana. O Teatro Passagem de Nível / Auditório de Alfornelos tem a estação de Metro de Alfornelos a poucos metros, bem como as seguintes linhas da Carris Metropolitana: 1010, 1011, 1012, 1514, 1703, 1706 e 1708. A ligação entre os dois pontos do festival não é directa por transporte público, podendo ser feita de táxi ou uber em 10 minutos. De transporte público, a melhor forma será usar a Linha Azul do Metro entre Alfornelos e a Reboleira e o comboio entre as estações Reboleira e Santa Cruz-Damaia.

O projeto A Cidade Que Queremos conta com o apoio do fundo NoPlanetB, através da Fundação AMI (Assistência Médica Internacional), e do programa DEAR (Development Education and Awareness Raising), da União Europeia.

Programa

Sexta, 16 de Maio

HoraEventoLocal
19h00Abertura e apresentação do projecto A Cidade Que QueremosMoinho da Juventude
19h15Espetáculo de stand-up comedy de Mauro HermínioMoinho da Juventude
20h00Concerto de FinkapéMoinho da Juventude

Sábado, 17 de Maio

HoraEventoLocal
15h00Workshop de escrita criativa “Imaginar outra cidade”
– com Gisela Casimiro e Vera Ferreira (3 horas)
Moinho da Juventude
19h15Espectáculo de teatro Hotel Chronos, sobre clima e activismo – com Andreia Galvão, Clara Passarinho e Carla MadeiraAuditório de Alfornelos
21h00Concerto de Catarina BrancoMoinho da Juventude

Sábado, 18 de Maio

HoraEventoLocal
10h00Workshop de teatro para crianças “Hoje Sou o Presidente da Câmara” – com Letícia Pinheiro e Mourana Monteiro (3 horas)Moinho da Juventude
16h00Conversa/debate “A Cidade que Queremos: práticas sustentáveis e novas possibilidades urbanas” – com Jakilson Ramos Pereira e Ana DragoMoinho da Juventude
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