A Câmara do Barreiro lançou um serviço de trotinetas eléctricas partilhadas. Os veículos são da Bird, mas foram decorados com a marca “TCB”, que é também a dos autocarros municipais. Já o antigo sistema de bicicletas partilhadas – as TCBikes – continua sem funcionar e há bicicletas abandonadas no terminal fluvial.

A Câmara do Barreiro e os Transportes Colectivos do Barreiro (TCB) lançaram, neste final de Abril, um novo serviço em parceria com a empresa de micromobilidade Bird: um sistema de trotinetas eléctricas partilhadas chamado TCB Light. Em breve, também haverá bicicletas eléctricas, também da Bird. Já o antigo sistema público de bicicletas partilhadas – as TCBikes – continua sem funcionar e há bicicletas “abandonadas” no terminal fluvial.
Mas voltando ao novo serviço TCB Light. Cada viagem tem o custo de 15 cêntimos/minuto com um custo fixo de 15 cêntimos no momento de desbloqueio – um modelo de tarifário parecido ao que está disponível noutras cidades, como Lisboa e Almada. Para usos mais frequentes, existem alguns passes: por exemplo, por 3,99 € é possível fazer duas viagens de 30 minutos num dia; por 29,99 €, tens acesso a 300 minutos de viagens durante 30 dias.




Ao todo, estão a ser disponibilizadas 650 trotinetas eléctricas na cidade e concelho do Barreiro. Os veículos da empresa privada Bird mas com branding dos TCB – um modelo inédito na área metropolitana de Lisboa (geralmente, os serviços partilhados de privados são apresentadas com o branding das respectivas empresas). Além de trotinetas, também vão ser colocadas na rua algumas bicicletas eléctricas, também da empresa Bird. As TCB Light, apesar de terem a marca TCB – a mesma dos autocarros municipais do Barreiro –, não estão integradas no Navegante.
O novo serviço TCB Light era uma novidade que estava prevista para Fevereiro mas só agora, no final de Abril, é que acabou por ser concretizada. A parceria entre os TCB e a Bird vai funcionar “durante um ano”, revelou o Presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa (PS), com o intuito de “perceber como vai funcionar” o modelo e também a reacção da população ao serviço. Para o autarca, é importante que as pessoas usem as trotinetas partilhadas “com cuidado e civismo, não só enquanto andam, como também, no momento do estacionamento, de forma a que esta seja uma boa resposta para todos, sem atrapalhar ninguém”.


Pelo concelho, foram colocados vários pontos de estacionamento, assinalados virtualmente na aplicação móvel da Bird, cuja instalação é necessária para utilizar este serviço. Sempre que um utilizador quiser terminar uma viagem, vai ter de parar a sua trotineta ou bicicleta num estacionamento marcado na app e tirar uma fotografia – caso não o faça, não conseguirá fechar essa viagem e o tempo da mesma continuará a contar.
TCBikes estão na rua mas não andam
Foi dos primeiros sistemas de bicicletas partilhadas na área metropolitana de Lisboa. Lançadas em 2017, no 60º aniversário dos Transportes Colectivos dos Barreiros, as TCBikes pretendiam ser um complemento à utilização dos autocarros do Barreiro, sendo gratuitas para quem tivesse um passe dos TCB. Havia duas estações apenas, com 10 docas cada – uma junto ao terminal fluvial e outra no centro do Barreiro, junto ao Mercado Municipal.
Os passageiros dos transportes públicos do Barreiro tinham direito a uma hora das TCBikes por dia, sendo que o serviço estava disponível entre as 8 e as 22 horas com uma frota de apenas 10 bicicletas. O serviço, que pretendia ser um complemento aos autocarros e um piloto; foi lançado quando Carlos Humberto de Carvalho (PCP), hoje Primeiro-Secretário da Área Metropolitana de Lisboa, era Presidente da Câmara do Barreiro, e Rui Lopo, hoje administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa, era Vereador da Mobilidade da mesma autarquia.




Contudo, apesar de promissor, as TCBikes não duraram muito tempo e foram desactivadas com o lançamento do Navegante em 2019. Questionada pelo LPP, os TCB explicam que, por um lado quando o Navegante substituiu o passe intermodal L, o novo sistema de bilhética “deixou de reconhecer” as TCBikes e que, por outro, “a empresa responsável pelo desenvolvimento [do software das TCBikes] foi extinta, deixando a vazia a capacidade de suporte técnico”.
Numa avaliação do antigo sistema, os TCB reconhecem ainda que a “incapacidade de estender este serviço a outros pontos da cidade limitou a utilização das bicicletas” e que “a procura por este serviço foi muito reduzida, e com elevados custos de manutenção, associados a alguns casos de vandalismo”. A estação junto ao Mercado Municipal do Barreiro foi removida em Outubro de 2022, mas as TCBikes não desapareceram por completo. O serviço voltou a funcionar a meio do ano passado, com uma nova abordagem focada no lazer. Qualquer pessoa podia alugar uma destas bicicletas no posto de turismo da Câmara do Barreiro, no terminal fluvial, e levantá-la na estação de bicicletas do próprio terminal, que não chegou a ser removida.
Contudo, este novo serviço das TCBikes só funcionou durante duas semanas, conforme apurou o LPP no posto de turismo. Apesar de desactivado, há quatro bicicletas que continuam na estação do terminal fluvial, onde continuam também visíveis as instruções de utilização do serviço – isto é, continua a estar escrito para contactar o posto de turismo para alugar uma bicicleta de terça-feira a sábado, entre as 9h30 e as 13 horas e entre as 14h30 e as 18 horas. Não há qualquer aviso que informe sobre a suspensão do serviço, nem as bicicletas foram recolhidas para um local protegido. Permanecem expostas ao desgaste, como se ainda estivessem operacionais.
Ao LPP, os TCB indicaram que este novo serviço de aluguer previa uma frota de cinco bicicletas e que “as outras cinco estão nas oficinas dos TCB, inoperacionais, aguardando uma avaliação para determinar se é viável realizar as reparações necessárias”. No entanto, a empresa municipal de mobilidade do Barreiro não tem planos “para reactivar o serviço como foi originalmente concebido”, preferindo a parceria com uma empresa privada como a Bird, que permite oferecer veículos de micromobilidade eléctrica partilhada na cidade sem que o autarquia tenha encargos quer com desenvolvimento tecnológico, quer com manutenção.
“A experiência mostra que o modelo de operação escolhido não atingiu o objetivo esperado e os frequentes atos de vandalismo de que as bicicletas e estações de carregamento foram alvo, tornaram financeiramente inviável a sua manutenção”, apontam os TCB.
Neste momento, na área metropolitana de Lisboa, apenas a capital, Oeiras e Alcochete têm sistemas públicos de bicicletas partilhadas, sendo a GIRA aquele que tem tido maior sucesso. O Oeiras Move tem uma frota de bicicletas e de estações diminuta e, em Alcochete, existem apenas duas estações com bicicletas viradas para um uso de lazer. Em Cascais, as biCas passaram a um sistema de aluguer semelhante ao das TCBikes e a autarquia está à procura de um parceiro privado. Entretanto, operadores privados com frotas de trotinetas e bicicletas partilhadas estão disponíveis em cada vez mais cidades e vilas da região metropolitana de Lisboa.