Livre propõe expandir rede BiciPark com 1700 lugares seguros para bicicletas

Partido sugere mais estacionamento seguro para bicicletas em Lisboa e apresenta uma proposta para que a rede BiciPark cubra 79% da cidade.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Expandir a actual rede BiciPark da EMEL, de 238 para 1700 lugares seguros para bicicletas, cobrindo 79% da cidade, é o grande objectivo de uma proposta que o Livre decidiu apresentar na última reunião de Câmara do ano. O partido propõe a utilização de todos os parques de estacionamento da cidade, bem como de garagens de edifícios municipais, para a expansão desta rede, estimando-a em cerca de 500 mil euros.

A rede BiciPark foi lançada em 2021 pela EMEL – um conjunto de estacionamentos seguros e cobertos em parques de estacionamento subterrâneo. Existem 13 BiciParks na cidade, totalizando 238 lugares para bicicletas, dos quais 24 para bicicletas de carga. A distribuição espacial da rede pela cidade não é equitativa: existem dois BiciParks em Telheiras, um no Lumiar, dois no Alto dos Moinhos, um em Alvalade junto à estação ferroviária Roma-Areeiro, um no bairro do Rêgo, dois no Areeiro, um em Campo de Ourique, um nas Amoreiras, um na Baixa junto ao Largo do Caldas, e um na Graça. A utilização dos BiciParks é gratuita para quem não tenha carro (dístico ou avença com a EMEL), custando 7 euros mensais para os restantes; o acesso é feito através do cartão Navegante, que deve ser activado com o passe do BiciPark a cada 30 dias num parque da EMEL.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Segundo o Livre, a actual rede de BiciParks “é ainda muito incipiente”, com servindo apenas 4,88% da área da cidade e 13,17% da população residente, se estipularmos um máximo de 5 minutos de tempo a pé para chegar a cada um dos 13 parques. Alargando o expecto temporal de análise, verificamos que apenas 34,24% da população está a um máximo de 15 minutos a pé de um BiciPark e que a área abrangida é de 15,01%.

Análise do Livre à rede actual de BiciParks (DR)

O Livre considerou dois cenários de expansão para a rede:

  • um em que são considerados todos os parques de estacionamento da EMEL, subterrâneos e à superfície, assim como os parques concessionados a privados (Telepark, etc). Este cenário permitiria alargar a rede de BiciParks a 56,68% da área do concelho, colocando mais pessoas mais próximas de um estacionamento seguro. O partido estima um custo de 269 500 euros para este cenário de expansão. Considerando apenas os parques geridos pela EMEL, o custo ficaria a 181 500 euros;
  • um em que são considerados também edifícios total ou parcialmente municipais com dois ou mais pisos abaixo do solo, em que um ou dois lugares de estacionamento automóvel poderia ser convertido para um BiciPark. Este cenário permitiria ter uma rede a chegar a 79,25% da cidade e custaria 506 000 euros.

O partido diz que, no cenário mais optimista, a expansão da rede de BiciParks preconizada permitiria à cidade de Lisboa ficar com quase 1700 lugares seguros para bicicletas, protegidos por videovigilância e de acesso restrito, e com mais de 100 lugares para bicicletas de carga. A análise do Livre tem por base dados públicos das plataformas abertas da autarquia, bem como o manual de estacionamentos fechados feito pela própria EMEL e que estima o custo de reconversão de lugares para automóveis em BiciParks (o Livre actualizou esses valores tendo em conta a inflacção).

Durante a apresentação da proposta na reunião camarária, o vereador Carlos Teixeira, em substituição de Rui Tavares, indicou que os 2,56 milhões de euros que deverá custar um novo silo de estacionamento automóvel em Campo de Ourique com 89 lugares (um investimento de cerca de 28,8 mil euros por lugar) permitiria construir 465 BiciParks com 7 900 lugares para bicicletas, num investimento de apenas 322,55 euros por lugar.

Comparação do investimento da EMEL em estacionamento automóvel (via Livre)
Fotografia de Lisboa Para Pessoas

O Livre sustenta que a existência de estacionamentos seguros é um dos factores mais importantes a influenciar a adopção da bicicleta como meios de transporte, mas que, em Lisboa, muitos edifícios não possuem arrecadações ou lugar de garagem, e muitas habitações têm áreas pequenas ou ficam em andares elevados, sem acesso por elevador. “A expansão da rede pública de parqueamentos para bicicletas cobertos e seguros é fundamental para incentivar ao uso deste modo de transporte para deslocações mais sustentáveis em cidade, principalmente nos maiores polos geradores e nas zonas residenciais mais densas”, lê-se na proposta. “Para serem competitivos e úteis a quem opta pela bicicleta própria, o tempo de acesso a pé à rede de bicicletários/estacionamentos seguros tem de estar a menos tempo a pé do local de partida ou destino do que a duração da própria viagem de bicicleta.”

Para o segundo cenário de expansão, o Livre propõe, portanto, a criação de “um protocolo entre a Câmara Municipal de Lisboa e a EMEL para a cedência de espaços não habitacionais de propriedade municipal ou parcialmente municipal, em pisos térreos, caves ou primeiros andares, directamente acessíveis de bicicleta desde o espaço público”. O partido pretende também o estabelecimento de “protocolos com instituições públicas ou abertas ao público, como unidades de saúde ou universidades, e outros polos de atracção de pessoas, comércio e serviços, públicos ou privados, para neles expandir a Rede BiciPark”.

Para o partido de Rui Tavares, é ainda fundamental a desmaterialização do acesso aos BiciParks com uma app para telemóveis, e a integração dos bicicletários existentes em Entrecampos e na Rua Mouzinho da Silveira – actualmente ao abandono – na rede. O Livre propõe ainda que faça um levantamento de todos os locais com policiamento permanente, como esquadras, embaixadas e ministérios, para criar nessas zonas lugares de estacionamento para bicicletas na via pública (à partida esses lugares serão bastante procurados devido à presença constante de agentes da polícia; é o que acontece, por exemplo, no parque de bicicletas localizado em frente à embaixada da Rússia).

A proposta do Livre terá agora de ser agendada para ser discutida e votada por todos os vereadores e vereadoras da Câmara de Lisboa, o que deverá acontecer no início do próximo ano. Por agora, realizou-se apenas a apresentação da ideia.

De notar que a EMEL já tem prevista a expansão da sua rede BiciParks, com o alargamento a parques subterrâneos de privados, o que deverá acontecer na re-nogociação dos contratos de concessão, que está iminente. Por outro lado, no âmbito do projecto europeu VoxPop, a empresa pública de mobilidade tem também uma análise da distância pedonal a cada um dos seus BiciParks e parques de estacionamento automóvel, com vista a uma futura expansão. No Plano de Actividades e Orçamento da EMEL para 2023-2026, os BiciParks contam com um total de 765 mil euros, orçamentado para a expansão da rede.

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