Esta é a terceira de quatro histórias de mulheres utilizadoras da bicicleta em Lisboa que estamos a publicar. Fica atento ou atenta ao próximo episódio.
Victória Clemente
12 anos, Belém
“Uso regularmente transportes públicos, e tenho sempre aquelas inseguranças e medos que nunca senti na bicicleta. Sinto-me muito mais segura na bicicleta do que em muitos transportes públicos.”

O Lisboa Para Pessoas publica quatro histórias de mulheres de Lisboa que fazem da bicicleta o seu meio de transporte preferencial. Uma parceria com a MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta e o seu projecto +MAP – Mais Mulheres a Pedalar.
Depois das história de Luiza Borges e de Maria Luísa Sousa, publicamos a de Victória.
Qual a tua experiência em bicicleta na cidade?
Uso muito a bicicleta em modo de lazer e para fazer recados. Como meio de transporte propriamente dito, uso em conjunto com os transportes públicos: umas vezes vou de autocarro para a escola, outras vezes de bicicleta. Vou referir que também uso a bicicleta fora da cidade — por exemplo, no último Verão fiz uma viagem de 250 km com o meu pai.


Principal dificuldade: A minha maior dificuldade, e a razão por que não vou muito de bicicleta para a escola, é o peso da mochila. Quando a mochila vai muito pesada é difícil carregá-la na bicicleta.
Conselho: Ter mais confiança e não ter medo de andar de bicicleta.
Fala-nos de como o teu género tem condicionado, ou não, essa experiência.
Não vejo muita diferença no facto de ser menina. Mas sendo menina, por exemplo, não há tantas coisas que possa fazer com o meu pai, e andar de bicicleta é uma coisa que nós gostamos de fazer os dois. Eu e o meu pai andamos muito de bicicleta e acho que é uma coisa que nos aproxima e nos torna mais amigos.


Se consideras que tem condicionado, que situações viveste, ao usar a bicicleta, em que sentiste de algum modo desigualdade, insegurança ou falta de acesso pelo facto de seres mulher?
Como disse, uso regularmente transportes públicos, e tenho sempre aquelas inseguranças e medos que nunca senti na bicicleta. Sinto-me muito mais segura na bicicleta do que em muitos transportes públicos.


Na tua perspectiva, o que falta para que mais mulheres usem regularmente a bicicleta como modo de transporte?
Falta confiança. Por exemplo, há coisa de um ano tinha medo de usar os transportes públicos e hoje são o meu meio de transporte principal. A bicicleta não é diferente. Ao fazer-se do seu uso um hábito, vai-se perdendo o medo de andar de bicicleta.
Lançado no dia 8 de Março, o projecto +MAP – Mais Mulheres a Pedalar é uma iniciativa da MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta que pretende funcionar como um ponto de encontro em torno das questões de género – um espaço onde se pode falar das lacunas evidentes no que toca à utilização da bicicleta pelas mulheres, e derrubar preconceitos e obstáculos sociais.