Beato pede a integração da freguesia nas soluções de mobilidade da cidade

Estações GIRA, ciclovias, mais serviço da Carris, mais zonas de estacionamento e acessibilidade pedonal. O Presidente da Junta do Beato pede à Câmara que integre a freguesia na cidade. “Muitas vezes, apesar de estarmos dentro de Lisboa, parece que estamos numa cidade à parte”, disse Silvino Correia na AML. PCP lembra o apeadeiro ferroviário encerrado…

Lisboa Fotografía Para Personas

No antigo apeadeiro de Chelas, na freguesia do Beato, os comboios passam mas não param. É assim desde 2015, quando esta interface ferroviária deixou de ter serviço de passageiros. Na altura, este apeadeiro já só lá tinha os comboios da Linha da Azambuja a abrir portas, permitindo, ainda assim, que a população do Beato chegasse rapidamente a partes centrais da cidade como Alvalade ou Entrecampos, mas também a partes mais periféricas, como Oriente, Alcântara ou mesmo Benfica.

Em 2015, a Junta de Freguesia do Beato contestou o encerramento do apeadeiro ferroviário de Chelas, cuja degradação se tem vindo a acentuar com o tempo. Esta infraestrutura foi tema na sessão plenária da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) da última terça-feira, 28 de Fevereiro, numa breve discussão sobre mobilidade no Beato. “A freguesia do Beato é atravessada por uma linha de caminho de ferro, a Linha de Cintura, que tinha um apeadeiro a funcionar e que servia pelo menos muitas centenas de pessoas. Foi errado”, lembrou o deputado municipal Fernando Correia, do PCP. “Portanto, deixou de haver esta importante via de comunicação, que é uma espécie de CRIL – uma linha de comboio à volta da cidade que permite ligações com o metro e com outras estações.”

[Nota: a Linha de Cintura é uma linha de comboio que circunda a cidade de Lisboa, ligando as suas principais estações de comboio e funcionando como uma quinta linha de metro. A Linha de Cintura não existe na comunicação da CP, que prefere falar em Linha de Sintra e em Linha da Azambuja. Podes ler mais sobre este tema aqui.]

Os planos do Governo e da sua Infraestruturas de Portugal (IP) passam por criar uma nova estação de comboios Chelas/Olaias, com ligação directa à estação de Metro das Olaias. Silvino Correia (PS), actual Presidente da Junta de Freguesia do Beato, aguarda com “alguma expectativa” a concretização deste projecto, que “trará de certeza um acrescento à mobilidade na freguesia porque esta nova estação terá uma ligação directa à Linha Vermelha do metro”. A questão do apeadeiro de Chelas não foi incluído por Silvino na recomendação dirigida à Câmara de Lisboa e que levou à AML para discussão e votação. Mas poderia estar. E na opinião de Fernando Correia “deveria estar”, para pressionar a autarquia a questionar o Governo – responsável pela ferrovia – sobre este assunto.

O texto da recomendação, assinada pelo Presidente da Junta do Beato e pelo líder da bancada municipal do PS, Manuel Lage, fala sobre mobilidade e estacionamento no Beato. A problemática surge num contexto de “crescimento importante” da freguesia, verificado “nos últimos tempos” e que tem tido “como catalisador investimento realizado no território através do sector imobiliário”, com a reabilitação de edifícios, a construção do Hub Criativo do Beato ou a implementação de ateliês de artistas – descreveu Silvino Correia. O Presidente da Junta do Beato salientou ainda a fixação de “novos agregados familiares em início de vida” e a necessidade de, por isso, “adequar o território”.

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Mencionando investimentos previstos, como cresces e um novo centro de saúde que deverá “servir 16 mil utentes”, bem como o próprio Hub Criativo do Beato, que deverá captar “até três mil postos de trabalho”, Silvino Correia disse ser preciso “acautelar zonas de estacionamento, acessos para mobilidade suave, instalação de estações da rede GIRA, rever percursos e carreiras da Carris e criar adequadas acessibilidades pedonais”. Sobre o Hub Criativo, perguntou sobre o silo de estacionamento previsto para a Rua da Manutenção “com capacidade para 300 viaturas” e que prevê a “criação de uma praça, com miradouro e um parque infantil na sua parte superior”. Silvino perguntou sobre o LIOS Oriental, o metro ligeiro de superfície previsto para ligar Santa Apolónia e Sacavém, passando pela Avenida Infante Dom Henrique e pela freguesia (“era importante que esta infraestrutura tivesse alguns desenvolvimentos”); e também sobre a mobilidade suave. “A aposta na mobilidade suave tem de ser uma aposta permanente e que dê continuidade à construção de ciclovias e de espaços pedonais, que reforcem a ligação do interior da freguesia à zona ribeirinha, por forma a assegurar uma melhor vivência do território.”

“Torna-se importante planear atempadamente e salvaguardar que nesta zona não se repitam os crescentes constrangimentos de transito a que temos assistido na cidade de Lisboa”, destacou o autarca. Outro ponto levantado pelo Presidente da Junta do Beato prende-se com “a concretização da ligação da Picheleira [Olaias] à Estrada de Chelas, reformulando a antiga Rua do Sol, permitindo uma ligação rodoviária interna na freguesia. A Câmara já efetuou um estudo que, ao que parece, foi abandonado”. “Aquilo que hoje decidimos, aquilo que hoje fizermos [no Beato], vai implicar muito neste território. Sabemos que é um território com problemas, sabemos identificá-los. Aqui não há volta a dar”, acrescentou, num apelo aos vereadores da Câmara de Lisboa presentes naquela sessão da AML. “A população do Beato há muitas décadas que sofre com este isolamento interno e muitas vezes, apesar de estarmos dentro de Lisboa, parece que estamos numa cidade à parte. Peço que façam da freguesia do Beato uma parte integrante da cidade.”

A recomendação, assinada por Silvino Correia e pela bancada do PS, e dividida em quatro pontos dirigidos à Câmara, foi aprovada por maioria pelos deputados municipais. Os pontos um e três, sobre o estacionamento, acolheram unanimidade. O ponto dois, sobre a necessidade de realizar estudos de tráfego, teve a abstenção do CDS. Por fim, o ponto quatro, sobre a inclusão da freguesia na rede de ciclovias e na rede GIRA, registou a abstenção do PSD ao lado do Chega. “O Beato só tem uma ciclovia, que é a ciclovia que passa na Infante Dom Henrique [avenida ribeirinha], que não tem nenhum atravessamento para o interior da freguesia e que nunca teve direito a uma estação GIRA. A rede GIRA prolonga-se do centro da cidade para o Parque das Nações, mas o Beato nunca teve acesso a uma estação”, comentou ainda o deputado do PCP, Fernando Correia.

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Para Correia, “o espírito da Expo, que era irradiar toda a zona oriental de Lisboa, nunca desceu ao Beato”. O deputado comunista salientou também que “a população do Beato também precisa de um reforço das carreiras da Carris. A informação que nos vai chegando é que à noite, fins-de-semana e em determinadas zonas da freguesia, nomeadamente Estrada de Chelas e Quinta do Ourives, esta carência é notória. Creio que também podia estar contemplada nesta recomendação do PS. Mas genericamente estamos de acordo com as propostas apresentadas e votaremos a favor”. Também Margarida Penedo, do CDS, interveio sobre o Beato, pedindo que a rede de mobilidade da freguesia “passa estar adequada à evolução do que aconteceu naquele pedaço da cidade nos últimos anos”. Salientou que a proposta dos socialistas “é uma proposta com pedidos legítimos” e destacou Silvino Correia como “uma pessoa conhecedora da sua freguesia, politicamente equilibrada e que tem razão naquilo que diz”, justificando o voto favorável dos democratas-cristãos.

Em resposta a Fernando Correia, o Presidente da Junta do Beato destacou o envolvimento do executivo local no “desenho e concretização da Carreira de Bairro do Beato, a 34B”, que foi lançada a “fazer toda a zona da Estrada de Chelas, que era apenas servida apenas pela carreira 794”, e que foi depois alterada para que “fosse por dentro da Quinta dos Ourives, coisa que consideravam impossível; mas hoje a carreira está lá”. Salientou também a “alteração mais recentemente para colocar a 34B a servir a população junto ao edifício da Bela Vista onde está uma Loja do Cidadão”.

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