Do Restelo à Ajuda: o futuro de Lisboa decide-se em discussão pública

Enquanto no Restelo se propõe um conjunto urbanístico de renda acessível num terreno desaproveitado da cidade, na Ajuda a ideia é criar uma ampla área verde ao lado do Palácio Nacional da Ajuda com a instalação de novos edifícios habitacionais, sociais e culturais. Ambos os projectos já foram apresentados publicamente e estão agora em discussão também pública, permitindo, assim, aos cidadãos envolverem-se no futuro da cidade.

A habitação não é um foco do Lisboa Para Pessoas, mas estes projectos no Restelo e na Ajuda cruzam-se com as áreas da mobilidade e sustentabilidade, suscitando o nosso interesse.

No Restelo

No Restelo, estão em debate dois loteamentos no chamado Alto do Restelo – um a nord, de 16,6 mil metros quadrados, e outro a sud, de 64,4 mil metros quadrados. O projecto envolve uma concepção diferente de urbanizar uma cidade: os novos edifícios, que se prevêem construir nos dois loteamentos e que serão sobretudo de habitação, estarão rodeados por áreas verdes e caminhos pedonais. As estradas, essas, passam ao lado dos loteamentos.

Em particular no loteamento a sul, o espaço público no interior dos loteamentos será totalmente pedonal e composto por áreas de lazer, pequenas praças e largos interligados entre si. Os pátios privados, localizados nos pisos baixos dos edifícios, fundir-se-ão com os jardins exteriores e o espaço público. O projecto inclui, por exemplo, uma praceta com um pequeno lago, um espelho de água em redor do qual existirá um quiosque e comércio local; noutra praceta, também com comércio e serviços, prevê-se a criação de uns jogos de água. Existirá ainda um jardim informal chamado de Jardim Ilha da Madeira.

No total, cerca de 45% da área urbanizada será verde e de acesso público. A ideia geral parece ser a de criar uma pequena ilha verde no Restelo rodeada por habitação, mas também comércio e serviços. As vias de trânsito passam fora dos loteamentos, onde também aí existirá algum estacionamento à superfície (cerca de 200 lugares). Já os 629 fogos, a maioria das tipologias T1, T2 e T3, poderão contar com estacionamento na cave num total de 780 lugares. Mas, para que o automóvel possa nem ser necessário, toda a zona será servida pela rede de ciclovias da cidade e pelo futuro metro de superfície, o LIOS. E a rede viária existente em redor dos loteamentos será reformulada para melhorar a segurança do peão.

O loteamento a sul é o mais vibrante e completo neste processo de discussão pública, com a parcela a norte a prever neste momento apenas a construção de dois dos quatro edifícios pensados para aquela área e a apresentar uma configuração mais próxima da habitual – isto é, com a estrada e estacionamento a chegarem perto das habitações.

Proposta para o Alto do Restelo, loteamento a norte (imagens cortesia de CML)

Este projecto para o Restelo será a maior operação urbanística em cinco décadas naquela zona e juntou várias críticas dos moradores e vizinhos da freguesia de Belém. Está prometida agora uma discussão mais alargada para uma área cuja urbanização nunca foi concluída. Podes saber mais sobre o processo de discussão pública ici e ici. De seguida, partilhamos alguma da documentação mais importante.

Na Ajuda

Uma “Unidade de Execução” é, no fundo, uma forma de intervir urbanisticamente numa determinada área de forma a coordenar todos os interesses, desde a vontade dos proprietários dos imóveis ao interesse público, dos utilizadores da cidade. Na Ajuda, está em marcha a chamada “Unidade de Execução da Ajuda” – um projecto para reabilitar um terreno ao lado do Palácio Nacional da Ajuda, actualmente em obra, com novos lotes de habitação, comércio e serviços, mas também com a criação de uma amplo espaço verde.

O projecto para a Unidade de Execução da Ajuda – que pode ser consultado aqui e debatido aqui – envolve a área entre a Alameda dos Pinheiros a norte, junto ao Palácio, a Rua da Bica do Marquês a sul, a Rua D. Vasco a este, e a Calçada da Ajuda e alguns pátios a oeste. Prevê-se a criação de novas ligações locais como, por exemplo, um percurso pedonal entre o Pátio do Bonfim (que será requalificado) e a Calçada da Ajuda, e a criação de um espaço verde na encosta abaixo do Palácio Nacional da Ajuda, que crie uma relação com este monumento e ao mesmo tempo preserve a vista do local para a frente ribeirinha.

Planta geral da Unidade de Execução da Ajuda (via CML)

Nesta Unidade de Execução prevê-se ainda a recuperação do Palácio das Damas, dinamizar a vivência urbana e a fixação de residentes, a requalificação dos arruamentos circundantes (como a Rua da Bica do Marquês) e a construção de “novas edificações associadas a usos habitacionais, culturais e sociais” com limites claros na altura das construções, “de forma a não obstruir a vistas sobre o rio a partir dos pontos dominantes”.

De seguida, partilhamos alguma da documentação da Unidade de Execução da Ajuda:

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