CML clarifica: ponte pedonal do Museu dos Coches não é para bicicletas

A ponte pedonal do Museu Nacional dos Coches, inaugurada em 2019, foi recentemente sinalizada com a proibição da circulação de bicicletas, permitindo apenas o seu transporte à mão. No entanto, a infraestrutura faz(ia) parte da rede ciclável prevista para a cidade.

É agora proibido andar de bicicleta na ponte do Museu Nacional dos Coches (fotografia LPP)

Com a recente expansão da rede GIRA na freguesia de Belém, a Câmara de Lisboa colocou nova sinalização na ponte pedonal do Museu Nacional dos Coches a proibir a circulação de bicicletas nessa passagem superior. Note-se que continua a ser possível usar esta travessia com bicicletas desde que estas sejam levadas à mão.

A construção da ponte pedonal do Museu Nacional dos Coches foi um processo atribulado, tal como o próprio museu. As obras da ponte começaram com a construção do novo edifício do museu, mas foram interrompidas em 2013, sendo retomadas apenas em 2017, quando o novo Museu Nacional dos Coches – projectado por Paulo Mendes da Rocha e Ricardo Bak Gordon – foi inaugurado. Em Março de 2019, o Público noticiava que a passagem superior estava pronta “há vários meses” mas por abrir ao público. Esta saga reflecte a do próprio museu, cuja construção terminou em 2012, mas só foi inaugurado em 2015 devido a dificuldades financeiras.

A ponte foi aberta em 2019 (fotografia LPP)

Ponte foi apresentada como pedonal

A nova ponte pedonal do Museu Nacional dos Coches abriu em Setembro de 2019, permitindo finalmente a remoção da antiga estrutura sobre a linha de comboio. Além de garantir um atravessamento mais seguro da Linha de Cascais e das avenidas da Índia e Brasília, a nova passagem aérea trouxe melhorias significativas em acessibilidade, facilitando a mobilidade de cadeiras de rodas, carrinhos de bebé e bicicletas. Um detalhe adicional tornou-a ainda mais funcional: passou a deixar os utilizadores mais próximos dos barcos com destino à Trafaria, reforçando a ligação entre diferentes meios de transporte na cidade.

De acordo com a comunicação de imprensa de 2019, a ponte, apesar de ter sido desenhada com largura suficiente para a circulação de bicicletas em coexistência com peões, é uma “ponte pedonal” que permite o “transporte de bicicletas sem recurso a calhas de escada”. No entanto, não existia sinalização a proibir a circulação de bicicletas naquela infraestrutura. Essa situação foi alterada agora.

Com a expansão da rede GIRA e, em particular, a abertura de uma estação GIRA junto ao Museu Nacional dos Coches, foi colocado um sinal de “trânsito proibido a velocípedes”, previsto no Código da Estrada, nas diferentes entradas da ponte pedonal. De acordo com esta sinalização, a ponte pode ser utilizada por pessoas de bicicleta (ou trotineta) desde que transportem estes veículos à mão.

Mas faz(ia) parte da rede ciclável planeada

Pontes como a do Museu Nacional dos Coches ou a do MAAT são importantes para vencer as barreiras que as infraestruturas rodoviárias e ferroviárias provocam na zona ribeirinha de Belém. Ambas as infraestruturas já foram projectadas e construídas na acessibilidade a cadeiras de rodas, carrinhos de bebé e bicicletas. No entanto, nem sempre a circulação de bicicletas em coexistência com peões é bem vista. Se a Câmara de Lisboa não tem problemas em projectar espaços ciclopedonais pela cidade – mesmo onde existem muitos peões a caminhar como é o caso da Rua da Prata –, no caso da ponte dos Coches prefere-se que os peões e as bicicletas não circulem lado a lado.

No entanto, a ponte pedonal do Museu Nacional dos Coches aparece e continua a aparecer como infraestrutura planeada da rede ciclável da cidade de Lisboa. Segundo os planos públicos da autarquia de expansão da infraestrutura ciclável, que são ainda os da governação socialista de Costa/Medina, pretende-se que a ponte existente passe a ciclopedonal. Não se sabe se esta intenção se manterá no novo plano de expansão da rede ciclável que a governação de Moedas apresentará – um plano com o horizonte temporal de 2029 e que será dado a conhecer até ao Verão deste ano.

Segundo este plano, está prevista uma ciclovia na Avenida da Índia, que deverá ser construída ao nível do passeio com três ou quatro pontos de coexistência entre ciclistas e peões devido à menor disponibilidade de espaço. Ao longo do percurso, existirão três pontos principais de ligação entre o eixo ciclável da Avenida da Índia e o percurso ribeirinho: um em Pedrouços, aproveitando o viaduto rodoviário existente; outra em Alcântara, também com a ajuda dos viadutos; e uma terceira no Cais do Sodré. Será que a proposta de passar a ciclopedonal a ponte pedonal dos Coches se manterá, oferecendo mais um ponto de ligação entre a frente ribeirinha e a zona interior de Belém?

Gostaste deste artigo? Foi-te útil de alguma forma?

Considera fazer-nos um donativo pontual.

IBAN: PT50 0010 0000 5341 9550 0011 3

MB Way: 933 140 217 (indicar “LPP”)

Ou clica aqui.

Podes escrever-nos para [email protected].

PUB

Rejoindre la communauté LPP

Le bulletin est un lieu de rencontre pour près de 3 000 personnes.