Empresa com a qual a EMEL tinha contrato deixou de ter condições para fornecer serviços de electricidade e deixou o sistema GIRA desamparado.
A abertura das novas estação GIRA ao público costuma ser demorada – é que entre a instalação dos equipamentos e a activação das docas, há um processo de ligações eléctricas e de configurações técnicas que é necessário seguir. A EMEL precisa também de garantir que tem bicicletas suficientes do seu lado de forma a conseguir a assegurar a expansão do sistema. No caso das cerca de 50 estações instaladas durante o Verão, a demora é justificada pelo encerramento da HEN, uma pequena empresa de electricidade da Guarda.
A HEN foi a vencedora de um concurso público aberto em Agosto pela EMEL para o “fornecimento de energia eléctrica em média tensão (MT), baixa tensão especial (BTE) e baixa tensão normal (BTN)” para o sistema de bicicletas partilhado GIRA. O procedimento tinha um valor base de 950 mil euros, mas o contrato que veio a ser assinado entre a EMEL e a HEN ficou-se por menos de um terço desse valor: 300 mil euros. Incluindo a vencedora HEN, concorreram no total oito empresas, entre elas, a EDP, a Endesa, a Iberdrola e a Galp.
Só que a HEN, em meados de Outubro, deixou de ter condições para comercializar electricidade, informação que comunicou ao regulador do sector – a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) –, fazendo com que os seus cerca de 3900 clientes passassem para a SU Eletricidade. Esta entidade é o denominado “comercializador de último recurso” ou CUR, isto é, é a empresa que no mercado liberalizado como é o da electricidade garante que ninguém ou nenhuma entidade, por causa de algum outro fornecedor, fica sem electricidade. É também a SU Eletricidade que fornece a chamada “tarifa social de electricidade”, com preços mais acessíveis para pessoas economicamente vulneráveis.
Assim, como a HEN falhou, a SU Eletricidade intervém para assegurar a continuação do fornecimento de electricidade. O problema: a SU Eletricidade garante apenas instalações já activas, não pode instalar novas, conforme explicou a EMEL ao jornal Público. Por isso, a EMEL enquanto gestora da GIRA precisa de encontrar uma nova energética, que faça a ligação das novas estações à rede eléctrica nacional e que forneça o respectivo serviço de energia. Ao Público, a empresa disse estar “em processo de contratação pública (que tem que seguir os seus trâmites) para contratar um novo fornecedor de energia” e acrescentou que “logo que este procedimento esteja concluído, iniciaremos o processo de conclusão das estações, isto é, ligações finais, testes de comunicações, etc”. O concurso ainda não está lançado.
A GIRA conta actualmente com 102 estações activas e cerca de 750 bicicletas na rede. Há novas estações por abrir em Benfica, São Domingos de Benfica, Carnide, Lumiar/Telheiras e no eixo 24 de Julho/Avenida da Índia até ao Restelo, mas também ao longo da Avenida Almirante Reis, Amoreiras, Campolide e Campo de Ourique. Nos últimos meses, abriram estações nos Olivais e no eixo da Alameda das Linhas de Torres, bem como as estações que há muito aguardavam abertura na Cidade Universitária e na zona ribeirinha de Alcântara/Belém.
A GIRA entrou em Lisboa no final de 2017 e a primeira promessa apontava para um sistema com 140 estações e 1400 bicicletas, que seriam fornecidas pela Órbita, empresa que entretanto faliu. O consórcio MEO/Soltráfego assegurou o reforço de 730 novas bicicletas este ano e EMEL tinha em vista a aquisição de mais 1700 a 2000 bicicletas – o concurso público está aberto e em fase de avaliação de propostas. Neste momento, está também activo um outro concurso para a aquisição de mais 50 estações GIRA; está também em fase avaliação de propostas.