Já há projecto para devolver às laterais da Avenida da Liberdade os sentidos originais. Empreitada deverá ser realizada no início de 2023 e inclui novas marcações 30+bici.
Já há projecto para a prometida reversão dos sentidos de trânsito nas laterais da Avenida da Liberdade. Na sequência de uma proposta do PSD, aprovada ainda no mandato passado, a Câmara de Lisboa vai avançar no próximo ano com a criação de corredores contínuos de circulação nas laterais da avenida mais icónica da capital.
A empreitada, que estará a cargo da EMEL, deverá ser concretizada no início de 2023, segundo já tinha anunciado o Vereador da Mobilidade. Numa conferência sobre mobilidade no final de Setembro, Ângelo Pereira referiu que em Janeiro do próximo ano vão ser repostos os sentidos originais nas laterais da Avenida da Liberdade “reduzir os níveis de poluição”. O concurso público, com o valor base de cerca de 480 mil euros, já foi lançado.
Essa reposição resultou de uma proposta do PSD, que foi apresentada ainda no mandato de Medina e que foi discutida e votada em reunião de Câmara em Outubro de 2020. A então vereadora social-democrata Teresa Leal Coelho pretendia “proceder à reposição dos sentidos de circulação dos corredores laterais da Avenida da Liberdade, tal como eram antes de setembro de 2012, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida de quem vive e trabalha em Lisboa” – a vontade foi acolhida por maioria, com 14 votos a favor, incluindo do PS; apenas os dois vereadores do PCP se abstiveram.
O PSD argumentava, na altura, que “o facto de existir a obrigatoriedade de entrar no eixo central da Avenida, por não haver continuidade de circulação entre secções [das laterais], não só aumentou o congestionamento das faixas centrais, como não teve o efeito anunciado pela Câmara Municipal de Lisboa no que diz respeito à redução das emissões de gases poluentes, nomeadamente, de dióxido de azoto (NO2)”. No texto da proposta, lia-se ainda que a medida “desencadeou o desvio de tráfego para outras artérias da cidade, que não estavam – nem estão – preparadas para comportar os elevados fluxos sentidos sobretudo em hora de ponta” e que “o corte da continuidade de circulação entre as secções das faixas laterais veio prejudicar até a procura de lugar de estacionamento”.
Com a aprovação desta proposta pelo executivo municipal, Teresa Leal Coelho ficou à espera da sua concretização ainda no ano de 2020 (a vereadora social-democrata pretendia dar uma “prenda de Natal” aos lisboetas), mas Fernando Medina, já no início de 2021, acabou por adiar a obra para um mandato seguinte, desculpando-se com a pandemia e com um eventual impacto que a realização das alterações teria no comércio e vida da Avenida da Liberdade.
Certo é que a reposição dos sentidos de trânsito originais nas laterais da avenida fazia parte do grande projecto de requalificação daquele eixo, previsto no âmbito da ZER ABC, projecto bandeira de Medina. Seria com essa requalificação de fundo que Medina faria as mudanças na Avenida da Liberdade. No entanto, essa grande obra nunca poderia avançar sem primeiro serem desenvolvidas as obras profundas de drenagem já revistas naquela zona.
Assim, a requalificação da Avenida da Liberdade – uma empreitada a cargo da empresa municipal SRU – continua em cima da mesa de Moedas, mas só será feita depois da drenagem. No entanto, a reversão dos sentidos das laterais vai avançar já no início de 2023, será uma intervenção temporária e será realizada ao mesmo tempo que a drenagem.
O projecto inclui alterações ao nível do estacionamento, da sinalização vertical e horizontal, semáforos, ilhas e pavimento. Serão tapados os buracos que existem em algumas partes das laterais, especialmente no actual corredor descendente (futuro ascendente). As laterais continuarão limitadas a 30 km/h. Vão ser criadas novas bolsas para motas e novos estacionamentos para bicicletas. E a actual via partilhada com bicicletas será actualizada para o novo desenho 30+bici, que tem sido implementado na cidade nos últimos anos.
Uma nota em relação aos novos corredores 30+bici na Avenida da Liberdade: não está prevista a concretização de uma ligação directa à ciclovia da Praça do Marquês de Pombal, pelo que os utilizadores terão de utilizar os atravessamentos pedonais e zonas de passeio para circular entre as laterais da Avenida da Liberdade e o Marquês.
Os sentidos de trânsito da Avenida da Liberdade tinham sido reajustados em 2012, no mandato autárquico de António Costa. O projecto, idealizado pelo seu Vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, tinha como finalidade acalmar e reduzir o tráfego nas laterais. Impedindo o atravessamento contínuo das laterais com bloqueios em alguns quarteirões, Costa e Nunes da Silva pretendiam que essas vias fossem para tráfego local e estritamente necessário, melhorando ao mesmo tempo a convivência com bicicletas.