Orçamentos dão uma ideia do que esperar de Lisboa em 2022: da mobilidade ao espaço público

Lemos os orçamentos propostos da Câmara de Lisboa, EMEL, Carris e SRU e apresentamos as suas linhas gerais.

Fotografia de Mário Rui André/Lisboa Para Pessoas

É tempo de orçamentos em Lisboa. Câmara Municipal de Lisboa (CML) e as empresas municipais têm as suas propostas de orçamento para 2022, que agora têm de ser discutidas em reunião de Câmara e finalmente aprovadas em Assembleia Municipal. Nestes documentos, aos quais o Lisboa Para Pessoas teve acesso, está não só o que a CML e respectivas empresas preveem concretizar-se este ano na cidade mas também projectos a quatro anos.

No que à mobilidade e espaço público diz respeito, há quatro orçamentos que importam conhecer: o da CML, o da EMEL – a empresa municipal de mobilidade –, o da SRU – a empresa municipal de obras públicas –, e o da Carris – o operador rodoviário que se encontra municipalizado. No conjunto, é possível obter um quadro mais completo sobre o que significam os chavões “diversificar a mobilidade” ou “cidade sustentável” que o executivo de Carlos Moedas apresentou publicamente no passado dia 5 de Janeiro.

Os orçamentos são ainda propostas – o da CML é apresentado pelo executivo de Moedas e é analisado esta quinta-feira, 20 de Janeiro, pela oposição em reunião camarária e será posteriormente votado pela Assembleia Municipal. Os das empresas municipais são apresentados por estas entidades e seguem o mesmo caminho processual – também esta quinta-feira estão em discussão no executivo camarário.

O Orçamento Municipal é como que a base dos restantes orçamentos. Este assenta em seis pilares, incluindo o de “uma cidade sustentável”, para o qual o executivo de Carlos Moedas reservou 40,9% da dotação orçamental. Dentro deste eixo, a Câmara de Lisboa propõe “diversificar a mobilidade”, num investimento previsto de 102,7 milhões de euros. Na proposta, à qual o Lisboa Para Pessoas teve acesso, o executivo camarário lê-se que “a construção de uma cidade sustentável exige a intervenção determinada do executivo camarário por via de uma abordagem liderante e transversal das áreas do Ambiente, Estrutura Verde, Urbanismo, Mobilidade, Espaço Público, entre outras”. Sobre a mobilidade, uma das bases dessa sustentabilidade, é dito que “o modelo de cidades construídas para o automóvel está a dar lugar à cidade construída para as pessoas. A mobilidade é hoje partilhada, suave e limpa”.

“Lisboa precisa de uma governação que saiba conduzir, com equilíbrio, a transição de um modelo de cidade baseado no carro para um modelo de cidade baseado na proximidade e que alavanque as novas tecnologias de mobilidade. Vamos impulsionar os modos de mobilidade suave, vamos tornar mais fácil e mais acessível o uso dos transportes públicos, vamos promover o desenvolvimento de um ecossistema multimodal integrado, conectado, acessível, integrando modos de transporte activo, público e partilhado, que facilite a vida aos lisboetas, potenciando uma mobilidade eficiente e confortável, centrada nas suas necessidades e ao mesmo tempo sustentável, contando com o envolvimento de empresas, de entidades municipais e integrada na Área Metropolitana de Lisboa.”

– CML

17 km de ciclovias entre 2022 e 2023

A ciclovia da Avenida dos Combates deverá ser uma das que irá conhecer o seu prolongamento pela Avenida Egas Moniz, ligando à Avenida Lusíada (fotografia de Lisboa Para Pessoas)

Entre “ligações cicláveis” e rede ciclável propriamente dita, a CML e a EMEL estimam investir cerca de 13,7 milhões de euros este ano em projectos de mobilidade ciclável – valores que reflectem não só a construção de ciclovias mas a requalificação de espaço público envolvente. A maior fatia pertence à EMEL, a empresa municipal de mobilidade à qual a autarquia incumbiu a tarefa de construção de ciclovias. A EMEL prevê despender 12,4 milhões de euros em 2022 e 8,1 milhões em 2023 para fazer a rede ciclável crescer em “mais de 17,5” quilómetros nestes dois anos. A empresa refere que desde 2018 foi responsável por 39 quilómetros de ciclovia e que só em 2021 construiu “uns notáveis 25 quilómetros e meio”.

A EMEL tem algumas ciclovias novas em concurso, neste momento. É o caso da da Avenida Egas Moniz, que criará uma ligação melhor entre o eixo da Avenida Lusíada e o da Avenida dos Combatentes, ligando-os à Cidade Universitária – o concurso encontra-se em fase de contratação. Em fase de contratação está também uma ciclovia na Rua César Oliveira, ligando a parte norte de Telheiras à zona da Quinta do Pizany do Lumiar pela área comercial do Continente. Já a ciclovia que ligará a rotunda de Pina Manique ao Calhariz de Benfica teve o concurso cancelado devido falhas processuais, mas continua na calha.

Rede de ciclovias com intervenção da EMEL, de acordo com o Plano de Actividades e Orçamento para 2022-2025

Avenida da Índia, Avenida das Descobertas ou a ligação da Avenida Marechal Gomes da Costa à Alameda dos Oceanos deverão ser outros projectos a serem concretizados nestes dois anos. Adjudicada está já a ponte verde e ciclopedonal sob a Avenida Almirante Gago Coutinho – deverá custar 2,6 milhões de euros e resolverá o desnível dessa avenida a partir da Avenida do Brasil; mas não há novidades sobre a ciclovia na Gago Coutinho, que a EMEL tinha apontado para este ano.

Através do Fundo Ambiental, a empresa de mobilidade de Lisboa dará continuidade ao projecto de ciclovias intermunicipais, em conjunto com os concelhos vizinhos de Oeiras, Odivelas e Loures. Por isso, os projectos da Avenida da Índia e da Avenida das Descobertas deverão avançar, pois servirão para ligar Lisboa a Oeiras pela rotunda de Algés; a ligação a Odivelas, fará a ciclovia na Calçada de Carriche acontecer. A Loures, existirão dois pontos: de um lado, a ponte sobre o Rio Trancão que já está em construção e que deverá estar concluída este ano; o outro será entre Olivais e Moscavide, através da Rotunda Matilde Bensaúde/Estrada da Circunvalação.

“Reflectindo – e contribuindo para – a diminuta quota ciclável nas opções modais em Lisboa, a rede de ciclovias na cidade era, até há bem pouco tempo, incipiente – o objectivo de construção de uma rede conveniente de infraestruturas deste tipo é, ainda, ambicioso. E é ambicioso não só porque ainda falta uma larga fatia para lá chegar, mas também pela complexidade que a execução destas vias encerra. São conhecidas as dificuldades que, em alguns bairros da cidade, rodeiam o convívio com o automóvel – são zonas antigas, com vida vibrante muito anterior ao surgimento destes veículos e sem a menor preparação para a massificação do seu uso e democratização da propriedade.”

– EMEL

Do lado da Câmara, o executivo pretende entre 2022 e 2025 “harmonizar a mobilidade activa com a cidade” através de um “programa de segurança para a mobilidade suave”, de “campanha de informação e envolvimento dos lisboetas na mobilidade activa”, e do “redesenho da rede ciclável de Lisboa, com enfoque na segurança, conforto e funcionalidade de ciclistas e peões, reformulando as ciclovias com problemas (por exemplo, Avenida Almirante Reis) e apresentando alternativas viáveis”.

Sobre a Almirante Reis, recorde-se que, em declarações à imprensa no final de 2021, o vereador da mobilidade, Ângelo Pereira, explicou que o objectivo da autarquia passa por “adaptar a ciclovia e requalificar a Avenida Almirante Reis, dando a este eixo fundamental da nossa cidade a qualidade e a dignidade urbana que merece”. “Estamos a trabalhar paralelamente num projecto para requalificar toda a Avenida Almirante Reis, de cima a baixo, porta a porta, não só ao nível da circulação, dando efetiva prioridade ao peão e às pessoas com mobilidade reduzida, mas apostando igualmente em soluções novas de estacionamento, e sobretudo, na qualificação do espaço público, dando à Avenida Almirante Reis uma cara lavada”, revelou.

Os planos para a Avenida Almirante Reis não surgem detalhados ou orçamentados nos documentos referentes a este 2022. No entanto, é mencionada a vontade da autarquia de, num prazo a quatro anos, desenvolver nesse eixo uma Avenida da Multiculturalidade. Esta intenção não se insere no pilar da sustentabilidade mas não deixa de ser pertinente para uma visão mais global daquela artéria, muito conhecida pela sua diversidade cultural. Procurar-se-á criar essa Avenida da Multiculturalidade “em articulação com entidades parceiras no terreno, para a realização de eventos em defesa dos direitos humanos, nomeadamente dos refugiados e migrantes, das minorias e das comunidades mais vulneráveis, mas também para reforçar o combate contra o racismo e todas as formas de discriminação”.

Zero para docas GIRA, 100 mil para BiciParks

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Neste ano, a EMEL reservou zero euros para a aquisição de novas docas para expandir a GIRA, mas a empresa tem ainda cerca de 70 estações para disponibilizar aos utilizadores “ao longo de 2022”. “Hoje, a cidade dispõe de 102 estações activas e a EMEL tem já em sua posse os equipamentos necessários para uma expansão da rede de estações superior a 67%. Inclusivamente, 43 dessas estações estão já instaladas no terreno, aguardando pela respectiva activação, entretanto atrasada pelos sobressaltos verificados no fornecimento de electricidade, enquanto outras 26 aguardam definição da futura localização e instalação”, lê-se no Plano de Actividades e Orçamento da EMEL para 2022-2025.

Previsão de expansão da rede GIRA, de acordo com o Plano de Actividades e Orçamento da EMEL para 2022-2025

As estações GIRA que estão já instaladas e aguardam abertura deverão ficar operacionais no primeiro semestre de 2022, a partir de final de Janeiro/início de Fevereiro – conforme já tinha anunciado a EMEL à imprensa. Nos próximos anos, a empresa prevê um ritmo de expansão da rede GIRA “mais moderado, contemplando 20 novas estações por ano”, com um orçamento anual esperado de 480 mil euros.

Quanto a bicicletas, a EMEL prevê investir 345 mil euros por ano entre 2022 e 2025 na aquisição de novos veículos para a expansão da frota. A empresa municipal de mobilidade refere ainda que “o planeamento da expansão da rede abarca ainda a instalação de postos avançados, em três localizações distintas na cidade, para operações de manutenção e limpeza dos velocípedes”, esperando, dessa forma, “evitar-se-á a deslocação constante à base operacional central, o que ajudará a incrementar, substancialmente, os níveis de serviço e de disponibilidade do sistema” com a frota de bicicletas existente.

Projecto2022202320242025Total
Estações GIRA0480 000480 000480 0001 440 000
Bicicletas GIRA345 000345 000345 000345 0001 725 000
Bases descentralizadas GIRA60 00000060 000
Expansão BiciPark100 000100 000200 000205 000605 000

A EMEL prevê um rendimento de 850 mil euros com a GIRA este ano e de cerca de 1,2 milhões anuais com o sistema de bicicletas partilhadas nos três anos seguintes. Estas estimativas baseiam-se no histórico de utilização da GIRA, “que tem registado uma tendência crescente”, e também no plano de expansão previsto, uma vez que se admite que, por um lado, “cada nova estação gera o interesse, e assim a procura, de um novo conjunto de utilizadores” e, por outro, o aumento da disponibilidade de bicicletas “tenderá a refletir-se numa maior utilização”.

A EMEL mantém a aposta na GIRA e na mobilidade ciclável enquanto que, no seu plano, prevê chegar o seu ordenamento do estacionamento a todo o concelho de Lisboa até 2025, o que se traduzirá em novos lugares à superfície, em parques subterrâneos ou em silo (alguns deles com função dissuasora) e num reforço da fiscalização de estacionamento abusivo. O ordenamento do estacionamento automóvel inclui, geralmente, a disponibilidade de suportes para bicicletas. A EMEL dispõe ainda de lugares cobertos e seguros para bicicletas através dos seus BiciParks. Para os próximos quatro anos, a EMEL fala apenas numa “expansão da rede” de BiciParks, tendo programado para isso 100 mil euros anuais no seu orçamento para 2022, o mesmo valor para 2023, duplicando esse orçamento para 2024 e 2025.

A Câmara de Lisboa, por seu lado, inscreveu no seu orçamento a vontade de “acrescentar as bicicletas GIRA aos passes mensais, promovendo a mobilidade porta-a-porta” – uma vontade que a EMEL já tinha expresso para Setembro/Outubro de 2021, e depois adiado para o primeiro trimestre de 2022. A ideia, recorde-se, passa por incluir a GIRA no Navegante.

Espaço público: Frente Ribeirinha, Chiado e São Sebastião

Ao nível do espaço público, a CML pretende dar continuidade à requalificação do espaço público na Frente Ribeirinha, concretamente a requalificação da Avenida Infante Dom Henrique e a reconstrução da Praça de Santa Apolónia, projecto dependente do novo sistema de drenagem da zona. A requalificação da Avenida Infante Dom Henrique, que o Lisboa Para Pessoas mostrou aqui, é prioridade e deverá ficar pronta em 2024. Terá uma dotação de 4,5 milhões de euros do orçamento da autarquia, que será dado à EMEL para a execução da obra. A EMEL estima gastar 800 mil euros em 2022, sendo que para 2023 estão orçamentados 2,8 milhões – deverá ser este, portanto, o ano da execução da empreitada propriamente dita.

Imagem cortesia de Ruivo Creative/CML

Para o programa Uma Praça Em Cada Bairro, as contas são feitas sem Sete Rios, cuja praça estará em requalificação até início de 2024 com cerca de 8 milhões de euros. Para outros projectos, entre CML e SRU, estão previstos 2,4 milhões de euros – a principal prioridade será o Largo de São Sebastião. Este projecto, que estava apontado para 2021, encontra-se pendente com uma “eventual necessidade de lançar novo procedimento” de concurso público.

No Largo de São Sebastião está prevista uma reorganização da rede viária, de circulação e de atravessamento, um alargamento do espaço público pedonal “que retome a leitura do largo como um todo, através do destaque da frente edificada desde a Igreja de São Sebastião da Pedreira até ao Palácio Sá da Bandeira e Vilalva”, e a introdução de percursos cicláveis, bem como de uma estação de bicicletas GIRA no largo. De acordo com o Plano de Actividades e Orçamento da SRU para 2022-2026, a conclusão dos trabalhos está apontada para 2023.

Para que as novas praças ganhem vida, a CML pretende implementar o programa Há vida no meu Bairro, procurando criar sinergias entre o espaço público requalificado e “outras actividades e espaços de escala local: comércio, educação, saúde, cultura e espaços verdes”

No Parque das Nações, onde serão realizadas as Jornadas Mundiais da Juventude 2023, será preciso preparar agora o espaço público. Neste 2022, está prevista a assinatura do contrato de concepção/construção da “reabilitação da infraestrutura do Aterro Sanitário de Beirolas para recuperação de condições de segurança no funcionamento do sistema” e de “modelação e infraestruturação da área de intervenção com vista à criação de condições” para a realização das Jornadas “sobre as áreas sobrantes do PP6 e do Aterro Sanitário de Beirolas”.

A Câmara de Lisboa pretende ainda “desenvolver o Projecto Urbano da nova centralidade de Chelas, dando início a um processo de transformação radical do modelo implementado em Chelas, para uma zona inovadora, qualificada, integradora e promotora de novas oportunidades sociais”. A autarquia quer que este Projecto Urbano seja movido “por um processo de co-decisão, mobilizando todos os intervenientes, e de médio prazo, que pretende ser emblemática da nova cidade que Lisboa pode ser no futuro”.

Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Para outras requalificações de espaço público, a CML orçamentou perto de 300 mil euros em 2022. Já para o Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa e para tornar as interfaces de transporte mais inclusivas, existe um bolo orçamental de perto de 440 mil euros. Conforme o programa eleitoral apresentado, é vontade da autarquia “desenvolver uma rede pedonal contínua, confortável e inclusiva”, “reforçar as intervenções no espaço público promovendo um maior equilíbrio entre as áreas pedonais e as afectas a faixas rodoviárias e lugares de estacionamentos”, e ainda “implementar um plano alargado de eliminação de barreiras arquitectónicas no espaço público, mobiliário urbano e transportes públicos”.

Voltando a grandes projectos, a ponte pedonal que ligaria a Gulbenkian directamente ao Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles (Praça de Espanha) deverá começar a ser construída este ano, devendo ficar concluída em 2023, de acordo com a documentação da SRU.

Imagem cortesia de Ruivo Creative/CML

A SRU irá ainda proceder à requalificação da Avenida Santos Dumont, ao lado da praça de Espanha. Pretende-se garantir duas vias de circulação em ambos os sentidos, complementadas com separador central arborizado, assegurar uma ligação viária ao IPO por debaixo do viaduto da Avenida dos Combatentes, garantir a abertura de um novo arruamento que liga a Avenida dos Combatentes à Rua Dom Luís de Noronha, e arborizar a Rua Actor Alves da Costa, garantindo enquadramento e proteção da Linha de Cintura. De acordo com a SRU, o objectivo passa também por “garantir a mobilidade e acessibilidade universal, potenciando pelo desenho e solução construtiva, a adequada circulação pedonal, ciclável e rodoviária”, e “minimizar a presença do estacionamento automóvel”. Em 2022, a SRU espera concluir o projecto de execução e lançar o concurso da empreitada.

A ZER ABC mas só com duas obras

A Zona de Emissões Reduzidas na Avenida, Baixa e Chiado (ZER ABC) pode ter ficado na gaveta de Medina e Moedas ainda não disse se vai tirá-la de lá. No entanto, algumas obras de espaço público que estavam integradas na ZER estão a avançar por nos gabinetes da SRU.

É o caso da Avenida da Liberdade – em 2022, prevê-se a conclusão do projecto de execução e o lançamento do concurso da empreitada para a obra ficar concluída em 2023. Trata-se apenas de uma primeira fase: a requalificação do espaço público e das infraestruturas da Avenida da Liberdade, com a reposição do sentido “natural” do trânsito nas faixas lateriais, a repavimentação da avenida, a introdução da ciclovia e a criação de passeios pedonais acessíveis. A fase dois, que diz respeito à recriação do Passeio Público junto aos Restaurantes, “aguarda confirmação de prioridade” e encontra-se “em estudo”.

Fotomontagem da possível futura Avenida da Liberdade (cortesia de CML)

Já no Chiado, prevê-se o lançamento da empreitada e início da obra para o Largo das Duas Igrejas para o tornar maioritariamente pedonal. Será feita a renovação dos pavimentos, a revisão da linha de eléctrico, a criação de zonas de circulação partilhada entre veículos e peões, novo mobiliário urbano e o rebaixamento e sinalização de passadeiras. A obra já tem projecto feito e espera-se que fique concluída no próximo ano, em 2023. Já a intervenção na Rua da Misericórdia, que liga o Largo de Camões ao Largo Trindade Coelho, daria mais espaço ao peão mas “aguarda confirmação de prioridade” nesta fase.

Fotomontagem do possível futuro Largo das Duas Igrejas (cortesia de CML)

Mais espaços verdes

A Câmara de Lisboa propõe “criar mais zonas verdes de proximidade, prioritariamente em zonas de carência, apostando em processos de co-decisão ao nível do bairro que permitam a requalificação do espaço público com base em propostas e ideias da população local”. Há vários parques urbanos e outras zonas verde para concretizar na cidade e este ano deverá haver novidades sobre uma série deles. A saber:

  • junto à Calçada de Carriche, está para nascer o Parque da Encosta do Olival – Percurso de Alcoutins. Deverá ficar pronto em 2023, contando com 800 mil euros este ano e 40 mil no próximo;
  • em Carnide, o Parque Urbano do Vale do Forno deverá ganhar forma até 2026 com um orçamento estimado de 7,6 milhões de euros para os vários anos.
  • o prolongamento do Parque Urbano do Vale (ou Quinta) da Montanha é apontado para ficar concluído em 2024. O projecto conta com 1,9 milhões para arrancar este ano, mais 1,7 milhões em 2023 e 17 mil euros em 2024.
  • a Nova Feira Popular, projecto iniciado em 2016, deverá ficar concluída em 2022. Depois de já terem sido gastos 3,8 milhões de euros, a Câmara de Lisboa orçamentou para este ano cerca de 2 milhões de euros;
  • na Penha de França, o Jardim do Caracol, que resultou da vontade popular através do Orçamento Participativo, deverá ficar pronto até ao final deste ano com 1,2 milhões de euros;
  • a conclusão do Corredor Verde do Vale de Alcântara com a última fase do projecto – que inclui o reperfilamento da Avenida de Ceuta, a extensão da ciclovia até ao rio, a construção do Parque Linear do Casal Ventoso, a reabertura da Ribeira de Alcântara a partir da ETAR e projecto de integração urbana e miscenização social dos bairros da Quinta do Cabrinha e do Loureiro – está previsto até 2024. São um milhão para 2022, e 3,4 milhões para 2023.
Fotografia de Lisboa Para Pessoas

Por outro lado, a Câmara de Lisboa procurará “reforçar o arvoredo urbano em espaços públicos, praças, largos e arruamentos de Lisboa”. Para isso, servirá o lançamento do projecto Uma Árvore Em Cada Esquina, com 19,2 mil euros, a continuação do projecto Life Lungs com 192,9 mil euros e o projecto europeu CONEXUS, com 84,5 mil euros. Sobre as podas muitas vezes feitas sem conhecimento técnicos, a autarquia pretende uma profissionalização dos “serviços que lidam com a plantação e manutenção das árvores na cidade”.

Há ainda a vontade de criar a plataforma Lisboa Sustentável, “um fórum de mobilização da cidade, com vista à co-decisão das metas partilhadas de sustentabilidade da cidade e mobilizará as empresas, as confederações de todos os sectores com atividade relevante na cidade, as ONGs, as associações de moradores, as universidades da cidade e representantes das escolas em todos os níveis de ensino”, e de concretizar a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC), que esteve em discussão pública em 2021.

Paralelamente, a autarquia pretende a “disseminação de coberturas e telhados verdes e de jardins verticais na cidade”, criar o programa Arrefecer a Cidade, “concretizando projectos de regulação micro-climática e de transformação de praças urbanas em praças verdes e mais frescas e aumento da presença de arvoredo nos arruamentos, para atenuar o efeito de ilha de calor urbano”, elaborar um Roadmap para Lisboa Circular, “definindo os pilares estratégicos de actuação e as metas para concretizar um modelo de economia circular na cidade até 2030”, e alargar a rede de hortas urbanas e de parques agrícolas. Destacam-se ainda projectos no campo da energia, uma área fundamental no campo da sustentabilidade.

Novos autocarros, prolongamento dos eléctricos e pagamentos pelo telemóvel

Fotomontagem cortesia de Carris

No seu Plano de Actividades e Orçamento para 2022, a Carris olha para o ano corrente mas também para o panorama 2022-2025. Eis alguns destaques:

  • renovar a sua frota de autocarros e de eléctricos com “previsão de entrada ao serviço de 190 novas viaturas entre 2022 e 2025”, dos quais 67 deverão começar a circular neste 2022 (43 autocarros normais a gás natural e 24 articulados também a gás natural). As 123 viaturas restantes a adquirir até 2025 poderão ser a gás natural, 100% eléctricos ou a hidrogénio. “A aposta na aquisição de nova frota pretende concretizar o processo de renovação progressivo e continuado da frota que terminou o seu período de vida útil, que utiliza tecnologias mais antigas e mais poluentes, e que, pela sua idade será alvo de abate num futuro próximo, sendo, por tal, inadiável a sua substituição”, refere a Carris.
  • em relação aos novos eléctricos, que serão 15 articulados, há “data prevista de recepção e entrada em operação de cinco eléctricos no final de 2023 e os restantes no decorrer de 2024”. Estes novos 15 eléctricos destinam-se à carreira 15E, “de forma a permitir responder adequadamente à extensão da rede do modo elétrico, que se encontra prevista, numa primeira fase ao Jamor e à Estação de Santa Apolónia”. “É de referir que a expansão da atual rede de Transporte Colectivo em Sítio Próprio (TCSP), no eixo Algés – Santa Apolónia, constitui um objectivo estratégico do desenvolvimento da rede de transportes públicos de superfície em Lisboa, e uma resposta às novas solicitações de procura registadas nesta zona da cidade, com reforço da articulação e complementaridade modal”, escreve a empresa. A expansão do eléctrico 15E faz sentido em conjunto com o projecto do LIOS em Loures e Odivelas.
  • para o período entre 2022 e 2025, a Carris procurará a “soluções de desmaterialização da bilhetética”, como pagamento por telemóvel ou com o cartão de débito/crédito, ou ainda abrir a “possibilidade de venda de bilhetes por terceiros com vista ao crescimento de soluções de mobilidade como serviço”.
  • em 2022, a Carris prevê a implementação de um sistema de bicicletas partilhadas para a deslocação dos seus colaboradores, no âmbito da implementação do Plano de Mobilidade Activa e Sustentável para a Carris;
  • este ano, a Carris conta alargar o eléctrico 24E, que hoje liga a Praça Luís de Camões a Campolide, para começar a fazer esse percurso no Cais do Sodré;
  • para 2021-2025, a Carris procura “criar novas soluções adequadas, como é o caso da rede de Madrugada” e “dar continuidade aos testes do serviço de transporte a pedido, que esteve em piloto em 2021” e cujo último dia o Lisboa Para Pessoas acompanhou.
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