Identidade metropolitana

No LPP, damos o nosso contributo com histórias de diferentes partes da Lisboa Metropolitana, que se interligam entre si e que cruzam diferentes realidades. Não procuramos uma visão única deste território, mas antes uma visão plural, capaz de cobrir toda a área metropolitana.

As duas margens do Tejo (fotografia LPP)

A ambição de fazer um Jornal para toda a área metropolitana de Lisboa foi assumida desde o início. No nosso entendimento, Lisboa não acaba nos seus limites administrativos. Prolonga-se, com diferentes dinâmicas sociais e económicas, para os municípios vizinhos. É uma região com uma certa continuidade, onde as fronteiras são fluídas e, por vezes, se esbatem, tornando-se imperceptíveis. Quantas vezes não estivemos em Algés sem perceber onde terminava Lisboa e começava Oeiras? Ou em Coina, onde intersectam três municípios diferentes: Sesimbra, Seixal e Barreiro? A área metropolitana de Lisboa são 18 concelhos, nove em cada margem do Tejo. É uma região que se estende de Mafra a Setúbal, de Cascais a Vila Franca de Xira, de Almada ao Montijo. Mais de três mil quilómetros quadrados, onde vivem perto de três milhões de pessoas.

No Jornal LPP, não só nesta edição como nas seguintes, desafiamo-nos a olhar para essa Lisboa Metropolitana, desconstruindo a dicotomia de centro-periferia, explorando as várias centralidades desta região e, acima de tudo, olhando para todo este território metropolitano como uma unidade – com toda a sua diversidade. Com este trabalho, queremos contribuir para uma identidade metropolitana. Uma identidade que inclui todas as outras – a do nosso bairro; a nossa da freguesia; a da nossa cidade, vila ou aldeia; a do nosso município. Afinal de contas, da mesma forma que podemos ser portugueses e europeus, podemos ser setubalenses ou oeirenses, e simultaneamente cidadãos da área metropolitana de Lisboa. Estamos certos de que medidas públicas como o lançamento dos passes Navegante, que estabeleceu um tarifário único para todos os transportes públicos da região, ou da Carris Metropolitana, que unificou o serviço de autocarros, foram pequenos contributos no sentido da construção desta identidade metropolitana. Também a construção de espaços públicos que cruzam diferentes municípios, como o recente percurso ribeirinho entre Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira, são caminhos nesta direcção. Contudo, estamos ainda longe de uma verdadeira identidade regional, da percepção da área metropolitana como um todo.

No LPP, damos o nosso contributo com histórias de diferentes partes da Lisboa Metropolitana, que se interligam entre si e que cruzam diferentes realidades. Não procuramos uma visão única deste território, mas antes uma visão plural, capaz de cobrir toda a área metropolitana. Algo que não pode ser feito desligado das pessoas que habitam cada município, cada freguesia, dada bairro; e é por isso também que o LPP tem uma dimensão comunitária – olhar para a Lisboa Metropolitana, não é só olhar para os 18 municípios que a constituem, mas para as forças vivas que dinamizam cada local para as pessoas, para os seus desejos e para as suas necessidades.

Este é um trabalho que começámos a fazer na primeira edição do Jornal LPP e que aprofundamos agora. Neste segundo número, olhamos para dois projectos de habitação cooperativa, um em Mafra e outro na Moita, revelamos uma disparidade de género na utilização da bicicleta na área metropolitana, e lançamos algumas discussões sobre espaço público que, apesar de partirem do caso de Lisboa, conseguem facilmente ser extrapoladas para outros pontos do mapa metropolitano. Neste segundo número, tentamos, assim, estar mais descentralizados nesta Lisboa Metropolitana, respondendo a uma das críticas que nos fizeram sobre o primeiro número. Temos a consciência de que este jornal é um trabalho em curso, que há muito por onde melhorar, e que tal como a área metropolitana, depende da capacidade de integrar e incluir diversas visões na mesma plataforma.

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